São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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MAURICIO RUIZ

Menino verde planta sonho de tirar 1 milhão da pobreza

Caçula dos finalistas entrou na mata para ajudar famílias carentes com horta orgânica

Danilo Verpa/Folha Imagem


MARIANA IWAKURA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO DE JANEIRO

Mauricio Ruiz fala de conservação ambiental, desenvolvimento sustentável e inclusão social com maturidade de empreendedor calejado.
Só que expressões como "pô", "cara", "punk" e "dar um gás" entregam que, apesar da experiência, ele tem pouca idade: aos 25 anos, Mauricio é o mais jovem finalista do prêmio Empreendedor Social.
A metamorfose de "garoto de apartamento" no Rio de Janeiro para líder do Instituto Terra de Preservação Ambiental começou quando ele tinha nove anos. Seus pais, cansados de ver os filhos confinados ao playground do prédio, propuseram uma mudança para Miguel Pereira, no interior fluminense.
Seu novo quintal era a mata atlântica. "Eu e meus amigos íamos para o mato sem bússola, sem nada. A gente ficava perdido três, quatro dias", conta.
Os pais se preocupavam, mas não podavam a liberdade. "Ele se embrenhou na mata, e acho que nunca mais saiu", reflete Cecilia Ruiz, mãe de Mauricio.
Em outra mata -a floresta amazônica-, Mauricio teve o que chama de "choque social e ecológico": aos 14 anos, viajou à Amazônia e a Cuba para fazer, junto com o pai, um filme com o poeta amazonense Amadeu Thiago de Mello, autor de "Os Estatutos do Homem".
Foi uma viagem "ecossocialista", em que o poeta contava histórias de sua vida. Vendo que Mauricio queria fazer algo pela preservação da mata atlântica, Mello encorajou-o a fundar uma ONG. O Instituto Terra oficializou-se em 1998 - Mauricio tinha 15 anos.

Baixada agroecológica
A profissionalização da instituição veio quando ele terminou o colégio técnico em agropecuária. Na época, casou-se e teve uma filha. "Meti as caras e saí daquela coisa amadora."
Hoje a instituição trabalha em várias frentes, com foco em preservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico da população de baixa renda da Baixada Fluminense. Um dos projetos, o de agricultura familiar e orgânica em faixa de dutos da Transpetro, rende até R$ 1.200 mensais a 85 famílias.
"A Baixada Fluminense pode se transformar num pólo de produção agroecológica. Tem mão-de-obra, pessoal passando fome, terra e proximidade do mercado consumidor", lista.
Nas negociações com empresas parceiras, Mauricio interage com executivos e garante que ser novo não diminui seu poder de barganha. "Nunca tive um projeto negado na vida."
Cursando agora faculdade de relações internacionais, para "entender as relações da economia global e os impactos disso na natureza", Mauricio não deixa de tomar cerveja com os colegas e de, vez ou outra, "botar um som" nas festas que dá na sua casa em Miguel Pereira -onde vive com a mulher, Marcela, e as filhas, Mel e Flor.
O empreendedorismo socioambiental é um caminho para atingir sua missão: "Quero reflorestar 500 mil hectares e ajudar a tirar da pobreza 1 milhão de pessoas".

MAURICIO RUIZ - www.institutoterra.org.br





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