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1/4 dos alunos
deixa faculdades
DA REPORTAGEM LOCAL
Um quarto dos alunos da USP
abandona o curso, a maioria ainda no primeiro semestre. O maior
índice de desligamentos se concentra nas áreas de humanas
(33%) e exatas (25%), mas há cursos em que a evasão chega a 79%.
O levantamento, realizado pelo
Naeg, ligado à pró-reitoria de graduação da USP, acompanhou a
trajetória de 27.789 alunos ingressantes em 131 cursos de graduação nos anos de 1995 a 1998 e mapeou a evasão, a permanência
prolongada e a conclusão até janeiro de 2003.
Os números de evasão reúnem
casos de pessoas que deixaram
um determinado curso e optaram
por outro e de pessoas que abandonaram de fato a universidade.
A USP ainda não tem um levantamento dos dados em separado.
Em 1995, de um total de 2.366
desligamentos, 56,1% foram no
primeiro semestre. Em 1998, dos
1.626 alunos que abandonaram o
curso, 44,3% o fizeram também
no primeiro semestre.
Perfil dos desistentes
Dentro desse estudo, os pesquisadores agruparam os cursos com
maior e com menor aproveitamento acadêmico. O grupo 1, formado por 28 cursos das áreas biológica, humana e exatas, apresenta as menores taxas de evasão, de
1,9% (imediata) a 4,6% (até janeiro de 2003). A maioria é formada
por cursos de período integral, e
as taxas de conclusão são as mais
altas em toda a USP (87,3%).
Os grupos 4 (formado por 20
cursos das áreas de humanas e
exatas) e 5 (12 cursos) foram os
que apresentaram os menores índices de conclusão e as taxas mais
altas de evasão.
Metade dos alunos do grupo 4
(50,6%) se desligou do curso ao
longo da vida acadêmica. A maioria estudava à noite. Apenas
21,3% chegaram ao final do curso.
O grupo 5 é o mais problemático de toda a USP: 46,7% dos alunos se evadiram após a matrícula
e outros 31,2%, no decorrer do
curso. Ou seja, 78,7% dos alunos
não concluíram seus estudos. Dos
12 cursos, 11 são habilitações em
letras para o magistério (5 são noturnos) e as notas de corte para o
ingresso no vestibular são as mais
baixas da universidade.
Segundo a pró-reitora de graduação, Sonia Penin, está sendo
feita uma pesquisa para identificar o perfil de aluno que se evade
em cada curso da USP. Ela afirma
que, de posse desses dados, as
unidades poderão identificar o
aluno com potenciais características para a evasão logo no início do
curso e estabelecer programas para "segurá-lo" na universidade.
Além das razões socioeconômicas, a pró-reitora avalia que o desencanto com algumas disciplinas pode ser uma das razões para
o alto índice de evasão de determinados cursos. "Podemos repensar uma estrutura curricular
que seduza o aluno, tornando os
cursos mais atraentes", diz.
Também será possível, segundo
ela, aumentar o número de intercâmbios nacionais e internacionais, além de apoio pedagógico e
metodológico aos professores. O
objetivo da USP, afirma, é reduzir
a evasão em 10% nos próximos
quatro anos.
O período noturno, na avaliação da pró-reitora, é o mais problemático porque muitos alunos
trabalham. "Há casos de evasão
em que não podemos intervir, como os provocados por problemas
pessoais ou financeiros."
Mas há outros que estão relacionados à própria estrutura das unidades. A Faculdade de Educação,
por exemplo, fez um levantamento entre os alunos evadidos e descobriu que muitos deles já eram
profissionais formados e que entraram na USP para cursar disciplinas específicas que os ajudariam nas atividades profissionais.
"Alguns alunos, depois que fazem esses cursos, se evadem", diz
Penin. Nesses casos, avalia, seria
mais interessante para a USP criar
cursos de extensão que atendessem a esse perfil de aluno.
Outro dado que preocupa a
USP: apenas 27% dos alunos
acompanhados na pesquisa conseguiram concluir seus estudos
no tempo ideal -de quatro a seis
anos, dependendo do curso.
Em geral, segundo Sonia Penin,
os alunos que mais demoram para concluir os cursos estudam à
noite e trabalham, portanto, não
teriam necessidade de concluir
rapidamente os estudos para conseguir um emprego.
Ela admite, porém, que há problemas internos. Algumas disciplinas optativas são muito concorridas, e o aluno fica esperando
por uma vaga.
"Estamos estudando formas de
tornar a estrutura mais eficiente
para que um número maior de
alunos se forme no tempo previsto. Uma universidade pública
precisa agilizar o fluxo até para
permitir novos acessos."
O rendimento escolar da USP é
considerado alto pelo estudo da
pró-reitoria. O índice de aprovações de alunos nas diferentes disciplinas varia de 85% (ciências
exatas e humanas) a 95% (ciências biológicas).
(CC)
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