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PROFISSIONAL
Vencer lama de estrada amazônica é desafio final
Buracos quilométricos exigem muito preparo na Transamazônica
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem já dominou as dicas de
condução "off-road" pode se
considerar preparado para enfrentar uma aventura de mais
fôlego. Embrenhar-se pelas rodovias Transamazônica e BR-163 é uma das mais radicais -e
requer prática, habilidade, paciência e companheirismo.
Principais eixos de integração do megaprojeto de colonização agrícola implementado
pelo regime militar no início
dos anos 70, essas duas estradas são quase intransponíveis
durante a época das chuvas.
Um prato cheio para 15 trilheiros reunidos pelo Borac
(Brasil "Off-Road" Adventure
Club), que organiza todo ano
uma expedição para lá. Lentamente, o grupo venceu quase
3.000 quilômetros de estradas
enlameadas em uma viagem de
15 dias, partindo de Brasília.
O comboio, formado por uma
picape Ford Ranger, um Land
Rover Discovery, um Jeep
Grand Cherokee, cinco Land
Rover Defender 110, dois Land
Rover Defender 90 e um Toyota Bandeirante, ziguezagueou
por milhares de quilômetros
entre buracos e atoleiros, em
média a 20 km/h.
Sob pancadas de chuvas isoladas, a jiparada seguiu para
Rurópolis e subiu pela BR-163
até Santarém e Alter do Chão.
E voltou pela mesma Transgarimpeira até Cuiabá.
Estrada destruída
Rodar no asfalto, só até chegar à Transamazônica. A partir
de lá, apenas estradas de terra
até Marabá (PA), repletas de
atoleiros e de obstáculos naturais, para a alegria do grupo a
bordo dos 4x4. Nessas estradas,
quase destruídas por chuvas e
tráfego de pesados caminhões,
reinam lamaçais que atingem
quilômetros de extensão.
Enormes facões cavados pelos caminhões que transportam madeira também dificultaram bastante o trajeto. Dezenas deles trafegam dia e noite,
piorando as condições da estrada ou, quando atolados, impedindo a passagem de veículos.
Fora da estrada, já faz tempo
que os núcleos de garimpo se
tornaram vilarejos. Hoje têm
status de pequenas cidades e
oferecem ao viajante o conforto
de hotéis, telefones e a opção de
pagar com cartão de crédito.
Para o advogado paulista
Wagner Gopfert, 37, a aventura
foi uma "higiene mental". "Ficar longe do dia-a-dia urbano e
constatar que o Brasil é um
pouco mais do que se conhece
no Sul e no Sudeste é uma experiência inesquecível", relata.
Jipeiro inveterado, Gopfert
já esteve na Amazônia diversas
vezes, conduzindo vários tipos
de veículos. Dessa vez, a bordo
de um Jeep Grand Cherokee,
repetiu a dose e voltou feliz,
apesar da quebra do veículo
no meio do caminho.
Seu 4x4, com câmbio automático, ficou sem a tração dianteira por causa do grande esforço para sair dos atoleiros. "Quebras são normais num trajeto
pesado como esse, mas o investimento vale a pena. É adrenalina e emoção 24 horas por dia",
avalia o advogado.
Desafios amazônicos
O empresário paulista Alexandre Tomás, 30, companheiro de direção de Gopfert na
expedição, levou na bagagem
a experiência de ter participado de duas edições do Rally Paris-Dacar como navegador,
mas se disse encantado com
os desafios amazônicos.
"Nada se compara a esses caminhos no meio da floresta. No
Paris-Dacar, o principal obstáculo é a areia do deserto. Na
Amazônia, são a lama, os mosquitos e a malária, que está
sempre rondando."
(RP)
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