São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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CIDADE DOS SONHOS

Itaquera teria estádio para Copa de 2014

Arquiteto cria complexo com academia, pista de atletismo e parque; terreno é próximo ao metrô e a um conjunto habitacional

Jubran


DA REPORTAGEM LOCAL

O circuito de jogos da Copa do Mundo de 2014, que terá o Brasil como sede, poderia passar por Itaquera. O extremo leste de São Paulo foi o local escolhido pelo arquiteto Daniel Chang Yuan para sediar o estádio de futebol Pedra Dura, projetado por ele e por enquanto sem previsão de sair do papel.
"É uma forma de lidar com a exclusão social e física da região, que também não tem equipamentos expressivos", diz sobre sua opção pela periferia. "O estádio gera um impacto, atrai outras atividades e estruturas. Isso nas regiões centrais é conflitante e nas áreas carentes é positivo". Para Yuan, o esporte também pode ser eficaz no combate à exclusão social. "O futebol vem dando provas de ser um instrumento para quebrar barreiras sociais, capaz de unir pessoas de diferentes classes econômicas."
O Pedra Dura, significado de "Itaquera" na língua dos índios guaianases e projetado como trabalho de conclusão de graduação na Escola da Cidade, já teria terreno e clube: a área ao lado da estação Itaquera do metrô, onde funciona um centro de treinamento das categorias de base do Corinthians. "Seria municipal, como é o Pacaembu, mas claro que o clube usaria-o bastante", diz o são-paulino Yuan, ressaltando que futebol e arquitetura falam mais alto do que a rixa entre times. O centro de treinamento seria deslocado para outra parte do terreno.
O projeto retoma uma antiga iniciativa do clube, que na década de 1970 já havia cogitado implantar um estádio na mesma área. O projeto, de Ícaro de Castro Mello, comportaria 250 mil torcedores. Já o Pedra Dura teria capacidade para 40 mil pessoas, custaria cerca de R$ 300 milhões e levaria três anos para ser concluído. Além do campo, que ficaria na parte mais baixa do terreno, amenizando o barulho e economizando na construção, o complexo abrigaria academia, pista de atletismo e um parque ao redor.
"Pela geografia do lugar, usuários do parque poderiam ver o jogo. E quem não tivesse dinheiro para o ingresso poderia assistir do morro", diz Yuan, que considerou os moradores de um conjunto habitacional no entorno. A proximidade do aeroporto de Guarulhos, de um hospital e do metrô são pontos a favor da implantação do projeto, que prevê ainda heliponto e estacionamento.

Sem muros
Experiente em projetos no extremo leste, o arquiteto Pablo Hereñú acredita que, mais determinante que a implantação de equipamentos na região, é a forma como eles serão geridos. "Não dá para apenas torcer para que dê certo. É preciso haver acompanhamento", afirma.
Com a prefeitura, Hereñú e o arquiteto Eduardo Ferroni são autores dos projetos de três CEUs (Centro de Educação Unificado) implantados no extremo leste -Inácio Monteiro, São Mateus e São Rafael. Também projetaram na região duas escolas, em Ermelino Matarazzo e União de Vila Nova, e até uma igreja, em São Rafael. Em comum, as propostas têm a ausência de muros e grades.
"Em locais agressivos, as construções respondem violentamente. Achamos que isso só gera mais violência. Se partirmos do princípio oposto, ou seja, oferecendo um espaço que a cidade possa usar, que não passe por um portão ou nada disso, é um começo". O arquiteto faz ainda um prognóstico para os próximos dez ou 20 anos. "É preciso viabilizar a existência desses locais, dotá-los de infra-estrutura, transporte, para que as pessoas possam habitar esse lugar, fazer parte da cidade. E, sonhando mais alto, é importante dotá-los de espaços públicos e áreas de lazer."
(MARIANA BARROS)


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