São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

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Maluf apóia programa gravado em Recife

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PP à Prefeitura de São Paulo, Paulo Maluf, disse ontem que a montagem de seu programa eleitoral, que incluiu depoimentos de recifenses como se fossem de eleitores paulistanos, não faz diferença.
De acordo com o candidato, como as denúncias apresentadas contra José Serra (PSDB) remontam ao período da campanha presidencial de 2002, é justificável a inclusão de depoimentos de pessoas "do Recife, de Manaus, do Rio Grande do Sul ou de Itu".
O polêmico programa foi ao ar no horário eleitoral gratuito da última quarta-feira. O alvo foi o tucano Serra, acusado de ter dado o calote em um deficiente físico que teria trabalhado na campanha tucana de 2002.
O depoimento dos seis personagens de Recife, cujos nomes são omitidos, dá a entender que reprovam o tucano, apesar de não citarem o nome de Serra nas respostas. Por meio do programa, não é possível saber qual a pergunta formulada a eles.
Descobre-se que as imagens foram gravadas em Recife, não em São Paulo, que é o palco da disputa malufista, graças ao reflexo de um ônibus inadvertidamente captado por uma vitrine, que fazia fundos para um dos entrevistados. O ônibus é da viação Pedrosa, que circula apenas na capital pernambucana.
O marqueteiro de Maluf, Marcelo Teixeira, que é pernambucano e tem a conta da prefeitura petista de Recife, apresentou anteontem duas versões. Primeiro disse que as entrevistas foram feitas em São Paulo. Depois, questionado sobre o ônibus, disse que o importante são as denúncias, não a origem das pessoas.
Teixeira também trabalhou para a Prefeitura de São Paulo, da prefeita Marta Suplicy (PT). Ele deixou a conta publicitária petista no final de 2003, para entrar na campanha de Maluf.

Reação
Questionado se tinha conhecimento do uso de recifenses no programa e se a montagem não configura fraude, Maluf elevou o tom de voz. Disse que a reportagem é parcial, pois deveria se deter nas denúncias, não em como o programa foi elaborado. Afirmou ainda que, se fosse o publisher Octávio Frias de Oliveira, demitiria a repórter.
"Se eu fosse o Octávio Frias, eu te demitia. Você não foi ouvir o candidato sobre a escritura de R$ 1, vendida depois por R$ 100 mil."
Maluf participou ontem de um café da manhã com comerciantes e empresários e depois fez uma palestra na ONG Viva o Centro, onde voltou a criticar o tucano Serra e o governo do Estado de São Paulo.
Aos empresários, Maluf disse que, baseado em pesquisas particulares, está com 25% das intenções de voto em São Paulo -segundo o último Datafolha, Maluf tem 11%-, e pediu votos.
No Viva o Centro, o candidato prometeu obras de revitalização do centro de São Paulo e disse que iria estudar a implantação de bondes gratuitos.


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