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ESTRATÉGIA
Oscilação nos rendimentos leva investidor a rever carteira de aplicações e a planejar melhor seus movimentos
Fundos ganham novo fôlego para 2003
SILVANA MAUTONE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os números não mentem. Boa
parte dos brasileiros continua
buscando a segurança da caderneta de poupança. São cerca de R$
140 bilhões contra R$ 85,5 bilhões
aplicados nos fundos DI, o produto que tem o maior patrimônio
entre os fundos de investimento.
Mas esses mesmos números mostram que a tranquilidade da poupança também tem seu preço.
Enquanto a caderneta de poupança rendeu até outubro 7,4%, a
rentabilidade média dos fundos
DI ficou em 13,53%, segundo a
Anbid (Associação Nacional dos
Bancos de Investimento). Mesmo
descontando-se a alíquota de 20%
do Imposto de Renda sobre o rendimento -na poupança não há a
incidência de IR-, o ganho ainda
assim é maior. No caso dos fundos DI, o retorno líquido ficou em
10,82% até outubro.
Esses números também revelam que, dependendo do índice
usado, até mesmo aos fundos de
investimento têm sido difícil repor as perdas com a inflação. E
para o dinheiro aplicado na poupança, essa se torna uma tarefa
ainda mais complicada.
Segundo o IPCA, adotado oficialmente pelo governo, a inflação
ficou em 6,98% nos dez primeiros
meses do ano. Mas o IGP-M, por
exemplo, acumula até outubro
uma alta bem maior: de 14,82%.
"A poupança não tem a volatilidade dos fundos, mas o investidor
paga caro por esse conforto", afirma a consultora Márcia Dessen. E
acrescenta: "Quem busca uma
rentabilidade maior, tem de correr mais riscos. Um ganho mais
alto não vem por acaso".
O consultor Mauro Halfeld concorda. "Com a inflação crescente,
os fundos baseados no pagamento de juros, como o DI e a renda fixa, não são mais suficientes. O
brasileiro vai ter que aprender a
investir, a fazer planejamento de
longo prazo, correr riscos e aplicar em diferentes ativos."
Desconfiança e perdas
No fechamento do mês passado,
a indústria de fundos de investimento acumulava uma captação
negativa (depósitos menos saques) de R$ 63 bilhões. Isso quer
dizer que saiu mais dinheiro do
que entrou nos fundos.
Além da instabilidade econômica, contribuiu para esse desempenho a crise da chamada marcação
a mercado, iniciada em maio. Ao
terem a atualização diária cobrada pelo governo, alguns fundos
registraram perdas expressivas.
Isso assustou os investidores, que
transferiram seus recursos para
aplicações que têm como marca
registrada a fama de segurança,
como a poupança. Não foi a melhor estratégia. "Em geral, quem
fez isso se precipitou. Além de ter
pago a CPMF na hora do saque,
viu nos meses seguintes seu dinheiro render menos do que teria
ganho caso ainda estivesse nos
fundos", explica Márcia.
"A história sempre acaba se repetindo. Seja em renda fixa ou em
ações, no geral, o investidor sempre entra nos momentos de alta e
sai nas baixas. É exatamente o
procedimento inverso ao que deve ser feito", diz o consultor Fábio
Colombo.
Para evitar a tentação de mexer
nos investimentos em momentos
de estresse, os consultores recomendam aos investidores que
não acompanhem a rentabilidade
de suas aplicações diariamente e
que tracem uma estratégia. Para
isso, porém, ressaltam que é importante que o investidor distribua os recursos em vários produtos, de acordo com suas necessidades e planos futuros.
Erro frequente
Outra coisa que o investidor deve ter em mente, de acordo com
Roberto Apelfeld, diretor de investimentos da Citigroup Asset
Management, é que ele não irá
acertar sempre. "Nem quem é do
mercado, que trabalha o dia todo
de olho na economia, consegue
isso. Então não adianta ficar levando os recursos de um lado pro
outro", diz. Caso seja esse o procedimento, não há como escapar
das perdas.
Justamente por isso, segundo
Apelfeld, é fundamental que o investidor pesquise sobre os fundos, leia atentamente os seus regulamentos e busque informações sobre o gestor antes de decidir em qual deles vai aplicar o seu
dinheiro.
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