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Índice da inflação e valor do dólar em 2003 serão decisivos para determinar rentabilidade das aplicações
Juro dita ritmo de fundos DI e renda fixa
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os fundos DI e de renda fixa,
justamente por serem mais conservadores, são os "queridinhos"
da indústria de fundos de investimento. Juntos, detêm cerca de
50% dos cerca de R$ 330 bilhões
investidos no setor.
Ambos investem basicamente
em títulos públicos do governo.
Os DI têm pelo menos 95% do patrimônio atrelado a papéis pós-fixados, que acompanham a taxa
de juros. Isso quer dizer que, se o
governo sobe os juros, seu rendimento também sobe. Se a taxa cai,
ele acompanha a queda.
Já os fundos de renda fixa, além
de terem títulos pós-fixados, aplicam parte dos recursos em papéis
prefixados, ficando mais sujeitos
a oscilações. Isso ocorre porque
esses papéis já têm um valor predeterminado. Caso a tendência
seja de alta nos juros, esses papéis
perdem valor no mercado. E, como isso muda todo dia, eles têm o
valor alterado diariamente.
Justamente para evitar apreensão nos investidores devido a essa
gangorra, depois de exigir que essa marcação fosse diária, o governo recuou e hoje cobra que isso
seja feito apenas para os papéis de
prazo superior a um ano. "Mas é
importante que o investidor entenda que, apesar do nome, a renda fixa pode ser variável", explica
a consultora Márcia Dessen.
Na hora de escolher, o consultor
Fábio Colombo sugere o DI. "No
longo prazo, ele rende um pouco
mais e com menos volatilidade.
Nos de renda fixa, o investidor fica dependendo de o gestor acertar
o melhor momento de alterar as
proporções de títulos que compõem o fundo", diz.
Quanto à tendência da taxa de
juros, o consenso é que ela está alta. Mas ninguém descarta uma
nova elevação ainda neste ano, visando controlar a inflação, que
deve pressionar bastante em
2003. Segundo Elson Yassuda,
economista-chefe da Hedging-Griffo, a taxa deve até recuar no
ano que vem, mas a um ritmo
bem lento. "Considerando que
um novo aumento deve ocorrer,
acho que no final de 2003 voltaremos ao patamar atual, de juros a
21% ao ano", diz.
Quanto à inflação, ele projeta
um índice de 12,5%, contra os
6,5% estimados pelo governo. Ele
admite, porém, que se o novo governo conseguir retomar a credibilidade da política monetária, o
resultado pode ser mais positivo.
O fator inflação
Nem todos, porém, traçam um
cenário sombrio. O economista
Emílio Garófalo, ex-diretor do
Banco Central, não teme que a inflação dispare em 2003. "O índice
ficará próximo de 10%, mas deve
se manter em um dígito", diz.
Há até mesmo quem acredite
em queda. "Se as expectativas
com relação ao governo forem
positivas e o dólar se acomodar
num patamar mais baixo, ela tende a recuar", diz Clive Botelho, diretor do Banco Santos.
Para quem, no meio desse tiroteio, prefere se proteger nos fundos indexados ao IGP-M, Marco
Sudano, diretor-executivo da
Unibanco Asset Management, faz
uma ressalva. "Há pouco mais de
dois meses, quando teve início
uma grande procura por esses
fundos, os títulos atrelados à inflação pagavam a variação do
IGP-M mais cerca de 8% de juros
ao ano", lembra.
Hoje, o valor oferecido por esses
papéis como pagamento de juros
caiu para 2%. "É a lei da oferta e
da procura. Como cresceu a demanda, ficou mais caro comprar
esses títulos." Ou seja, o melhor
momento para investir nesses
fundos já passou. A menos que o
investidor acredite que a inflação
vá disparar em 2003.
(SILVANA MAUTONE)
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