São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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Índice da inflação e valor do dólar em 2003 serão decisivos para determinar rentabilidade das aplicações

Juro dita ritmo de fundos DI e renda fixa

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Os fundos DI e de renda fixa, justamente por serem mais conservadores, são os "queridinhos" da indústria de fundos de investimento. Juntos, detêm cerca de 50% dos cerca de R$ 330 bilhões investidos no setor.
Ambos investem basicamente em títulos públicos do governo. Os DI têm pelo menos 95% do patrimônio atrelado a papéis pós-fixados, que acompanham a taxa de juros. Isso quer dizer que, se o governo sobe os juros, seu rendimento também sobe. Se a taxa cai, ele acompanha a queda.
Já os fundos de renda fixa, além de terem títulos pós-fixados, aplicam parte dos recursos em papéis prefixados, ficando mais sujeitos a oscilações. Isso ocorre porque esses papéis já têm um valor predeterminado. Caso a tendência seja de alta nos juros, esses papéis perdem valor no mercado. E, como isso muda todo dia, eles têm o valor alterado diariamente.
Justamente para evitar apreensão nos investidores devido a essa gangorra, depois de exigir que essa marcação fosse diária, o governo recuou e hoje cobra que isso seja feito apenas para os papéis de prazo superior a um ano. "Mas é importante que o investidor entenda que, apesar do nome, a renda fixa pode ser variável", explica a consultora Márcia Dessen.
Na hora de escolher, o consultor Fábio Colombo sugere o DI. "No longo prazo, ele rende um pouco mais e com menos volatilidade. Nos de renda fixa, o investidor fica dependendo de o gestor acertar o melhor momento de alterar as proporções de títulos que compõem o fundo", diz.
Quanto à tendência da taxa de juros, o consenso é que ela está alta. Mas ninguém descarta uma nova elevação ainda neste ano, visando controlar a inflação, que deve pressionar bastante em 2003. Segundo Elson Yassuda, economista-chefe da Hedging-Griffo, a taxa deve até recuar no ano que vem, mas a um ritmo bem lento. "Considerando que um novo aumento deve ocorrer, acho que no final de 2003 voltaremos ao patamar atual, de juros a 21% ao ano", diz.
Quanto à inflação, ele projeta um índice de 12,5%, contra os 6,5% estimados pelo governo. Ele admite, porém, que se o novo governo conseguir retomar a credibilidade da política monetária, o resultado pode ser mais positivo.

O fator inflação
Nem todos, porém, traçam um cenário sombrio. O economista Emílio Garófalo, ex-diretor do Banco Central, não teme que a inflação dispare em 2003. "O índice ficará próximo de 10%, mas deve se manter em um dígito", diz.
Há até mesmo quem acredite em queda. "Se as expectativas com relação ao governo forem positivas e o dólar se acomodar num patamar mais baixo, ela tende a recuar", diz Clive Botelho, diretor do Banco Santos.
Para quem, no meio desse tiroteio, prefere se proteger nos fundos indexados ao IGP-M, Marco Sudano, diretor-executivo da Unibanco Asset Management, faz uma ressalva. "Há pouco mais de dois meses, quando teve início uma grande procura por esses fundos, os títulos atrelados à inflação pagavam a variação do IGP-M mais cerca de 8% de juros ao ano", lembra.
Hoje, o valor oferecido por esses papéis como pagamento de juros caiu para 2%. "É a lei da oferta e da procura. Como cresceu a demanda, ficou mais caro comprar esses títulos." Ou seja, o melhor momento para investir nesses fundos já passou. A menos que o investidor acredite que a inflação vá disparar em 2003.
(SILVANA MAUTONE)


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