|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BICAMPEÃO
Moeda americana bate demais opções do mercado, porém especialistas desaconselham aplicação no curto prazo
Dólar protege investidor, mas está caro
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Assim como no ano passado, o
dólar continua sendo a vedete dos
investimentos neste ano. Até outubro, os fundos cambiais haviam
acumulado uma rentabilidade
média de 51,62%, muito superior
a outros investimentos como fundos DI e de renda fixa.
Apesar do ótimo desempenho,
poucos consultores se sentem
confortáveis em recomendar novos investimentos na moeda norte-americana. O problema é que,
apesar de não ser possível afirmar
que o dólar não voltará a subir, o
preço atual já é considerado muito elevado. Na sexta-feira, o dólar
comercial fechou em R$ 3,56.
"O dólar próximo a R$ 4 não
traz benefícios nem para os exportadores, que não conseguem
investir para garantir a produção", diz Emílio Garófalo, ex-diretor do BC. Para ele, a moeda pode se estabilizar em torno de R$ 3.
O diretor-executivo da Unibanco Asset Management, Marco Sudano, estima que a moeda ainda
sofrerá volatilidade no primeiro
semestre de 2003, mas depois deve se fixar num patamar entre R$
3 e R$ 3,30. "Este ano foi muito
ruim. A menos que realmente
ocorra uma guerra contra o Iraque, a situação mundial deve melhorar", diz. "Outro ponto positivo é que o governo eleito, pelo seu
discurso, tem se apresentado como um governo de mudança,
mas não de ruptura."
Incerteza
Já o economista-chefe da corretora Hedging-Griffo, Elson Yassuda, ainda acha cedo para se
apostar em um cenário positivo.
Ele lembra que o governo terá de
lidar com uma agenda que inclui
as reformas tributária e da Previdência. "É preciso ver até que
ponto o discurso de moderação
do PT vai conseguir atender às demandas do seu eleitorado e, ao
mesmo tempo, restabelecer a credibilidade da política monetária."
Segundo ele, ainda faltam iniciativas concretas nesse sentido.
"Creio em um dólar a R$ 3,90 para dezembro de 2003."
Diante de um cenário que não é
de consenso, os consultores recomendam que o investidor só use o
seu 13º salário para fazer aplicações atreladas à moeda americana
caso tenha alguma despesa futura
em dólar, como uma viagem programada ao exterior ou a compra
de algum produto importado.
Outra hipótese é a diversificação
do portfólio para se proteger de
um agravamento da economia
mundial com reflexos no país a
médio prazo.
A consultora Márcia Dessen
aconselha a quem quer se proteger da oscilação da moeda a entrar num fundo cambial e não
comprar diretamente dólar em
espécie. "Onde você vai deixar esse dinheiro? Em casa? Isso não é
seguro", diz. Ela ressalta, porém,
que quem entrar num fundo
cambial não vai, necessariamente,
obter exatamente a mesma rentabilidade da moeda.
Isso ocorre porque, além da variação do dólar, os títulos que
compõem esses fundos também
oferecem uma taxa de juros, que é
fixa, por um tempo determinado.
Isso significa que, se nesse período, o governo subir os juros gerais
da economia, esses papéis serão
automaticamente desvalorizados
pelo mercado. Se caírem os juros,
o efeito pode ser o contrário, ou
seja, de valorização dos papéis. Se
também houver um certo descrédito no mercado com relação à
capacidade do governo em honrar esses títulos, seu valor é ajustado para baixo. Isso explica porque
o fundo pode apresentar uma
rentabilidade ligeiramente diferente da do dólar.
(SILVANA MAUTONE)
Texto Anterior: Pequenos devem evitar aplicação em CDB Próximo Texto: Novos fundos favorecem a opção por imóveis Índice
|