São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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BICAMPEÃO

Moeda americana bate demais opções do mercado, porém especialistas desaconselham aplicação no curto prazo

Dólar protege investidor, mas está caro

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Assim como no ano passado, o dólar continua sendo a vedete dos investimentos neste ano. Até outubro, os fundos cambiais haviam acumulado uma rentabilidade média de 51,62%, muito superior a outros investimentos como fundos DI e de renda fixa.
Apesar do ótimo desempenho, poucos consultores se sentem confortáveis em recomendar novos investimentos na moeda norte-americana. O problema é que, apesar de não ser possível afirmar que o dólar não voltará a subir, o preço atual já é considerado muito elevado. Na sexta-feira, o dólar comercial fechou em R$ 3,56.
"O dólar próximo a R$ 4 não traz benefícios nem para os exportadores, que não conseguem investir para garantir a produção", diz Emílio Garófalo, ex-diretor do BC. Para ele, a moeda pode se estabilizar em torno de R$ 3.
O diretor-executivo da Unibanco Asset Management, Marco Sudano, estima que a moeda ainda sofrerá volatilidade no primeiro semestre de 2003, mas depois deve se fixar num patamar entre R$ 3 e R$ 3,30. "Este ano foi muito ruim. A menos que realmente ocorra uma guerra contra o Iraque, a situação mundial deve melhorar", diz. "Outro ponto positivo é que o governo eleito, pelo seu discurso, tem se apresentado como um governo de mudança, mas não de ruptura."

Incerteza
Já o economista-chefe da corretora Hedging-Griffo, Elson Yassuda, ainda acha cedo para se apostar em um cenário positivo. Ele lembra que o governo terá de lidar com uma agenda que inclui as reformas tributária e da Previdência. "É preciso ver até que ponto o discurso de moderação do PT vai conseguir atender às demandas do seu eleitorado e, ao mesmo tempo, restabelecer a credibilidade da política monetária." Segundo ele, ainda faltam iniciativas concretas nesse sentido. "Creio em um dólar a R$ 3,90 para dezembro de 2003."
Diante de um cenário que não é de consenso, os consultores recomendam que o investidor só use o seu 13º salário para fazer aplicações atreladas à moeda americana caso tenha alguma despesa futura em dólar, como uma viagem programada ao exterior ou a compra de algum produto importado. Outra hipótese é a diversificação do portfólio para se proteger de um agravamento da economia mundial com reflexos no país a médio prazo.
A consultora Márcia Dessen aconselha a quem quer se proteger da oscilação da moeda a entrar num fundo cambial e não comprar diretamente dólar em espécie. "Onde você vai deixar esse dinheiro? Em casa? Isso não é seguro", diz. Ela ressalta, porém, que quem entrar num fundo cambial não vai, necessariamente, obter exatamente a mesma rentabilidade da moeda.
Isso ocorre porque, além da variação do dólar, os títulos que compõem esses fundos também oferecem uma taxa de juros, que é fixa, por um tempo determinado. Isso significa que, se nesse período, o governo subir os juros gerais da economia, esses papéis serão automaticamente desvalorizados pelo mercado. Se caírem os juros, o efeito pode ser o contrário, ou seja, de valorização dos papéis. Se também houver um certo descrédito no mercado com relação à capacidade do governo em honrar esses títulos, seu valor é ajustado para baixo. Isso explica porque o fundo pode apresentar uma rentabilidade ligeiramente diferente da do dólar.
(SILVANA MAUTONE)


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