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Acusações de abuso marcam fim da carreira
Cantor foi inocentado em dez ações que
envolviam atos sexuais contra um menor
Não foi o primeiro caso do
astro envolvendo crianças
-em 1994, desembolsou
US$ 22 milhões para ter
um processo arquivado
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Michael Jackson não lançava
um álbum de estúdio desde
2001, quando o estrambótico,
megalomaníaco e medíocre
"Invincible" alcançou o topo da
parada norte-americana.
Desde então, em vez de ouvir
elogios por suas canções, passou a conviver com incontáveis
rumores sobre sua vida pessoal.
Em 2005, enfrentou o maior
desafio de sua carreira: era alvo
de dez acusações que envolviam molestamento sexual de
um menino de 13 anos. Foi inocentado por júri popular.
Não foi o primeiro problema
do astro envolvendo crianças
-em 1994, pagou US$ 22 milhões (R$ 43 mi na cotação de
ontem) para que uma acusação
de que teria abusado sexualmente de um menor fosse arquivada pela Justiça americana.
Cercado por crianças, com
rosto e corpo nunca à mostra,
após passar por um sem-número de cirurgias plásticas, Michael Jackson em quase nada
lembrava o menino que aos
cinco anos juntou-se aos irmãos no lendário Jackson 5.
Em 1970, estrela da gravadora Motown, o grupo já tinha nos
bolsos quatro canções no topo
das paradas: "I Want You
Back", "ABC", "The Love You
Save" e "I'll Be There". Com
menos de 15 anos, Michael lançou o disco solo de estreia.
Jackson começou a reivindicar o título de "Rei do Pop" em
1979, com "Off the Wall", álbum que reunia o balanço da
soul music e do funk aos passos
dançantes da disco.
O mito tomou forma em
1982. O lançamento de "Thriller" é um paradigma da música
pop. Com um hit atrás do outro
("Beat It", Wanna Be Startin"
Something", "Billie Jean",
"Thriller"...), o álbum -e seus
vídeos- mostra Jackson como
um artista completo: exímio
dançarino, cantor de repertório
vasto e compositor esperto.
Em 1983, o cantor assombraria o mundo com o Moonwalk,
o até hoje copiado passo de
dança que ele popularizou em
um especial de TV em homenagem aos 25 anos da Motown.
Tentou jogar luz ao problema
da fome na África com a faixa
"We Are the World", que fazia
parte do projeto "USA for Africa". Em 1985, Jackson estava
no topo do mundo.
Transformação
Jackson nunca mais repetiria o sucesso de "Thriller". Colecionou críticas ao comprar os
direitos de 250 músicas dos
Beatles, o que inviabilizou a
execução dessa faixas em diversos formatos.
O disco "Bad" emplacou diversos hits, mas Jackson passou a receber menos atenção
por suas canções e mais pela
sua aparência -o nariz alongado, a pele esbranquiçada, o cabelo liso...
A transformação por que
passou a cor da pele de Jackson
motivou os mais diversos rumores -ele teria utilizado tratamentos heterodoxos para
embranquecer a pele; Jackson
afirmara que sofria de vitiligo.
A música de Jackson tornou-se infantilóide, boboca. "Dangerous", de 1991, e "HIStory",
de 1995, são medíocres -letras
insípidas, melodias canhestras.
Nos anos 1990, Michael
Jackson tornou-se um enigma
-ninguém sabe o que se passa
com ele, o que faz. Seu talento
também estava escondido.
As acusações de abuso sexual
que sofreria tornaram Jackson
ainda mais arredio e misterioso. Foi morar no Bahrein, balançou um de seus filhos em
uma janela de um hotel alemão.
O título de seu último disco,
"Invincible", parece uma tentativa desesperada de mostrar
aos críticos que ainda era o Rei
do Pop. Não precisava. Com o
Jackson 5 e com "Off the Wall"
e "Thriller", Michael Jackson
estarno trono para sempre.
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