São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 2009

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Acusações de abuso marcam fim da carreira

Cantor foi inocentado em dez ações que envolviam atos sexuais contra um menor

Não foi o primeiro caso do astro envolvendo crianças -em 1994, desembolsou US$ 22 milhões para ter um processo arquivado


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Michael Jackson não lançava um álbum de estúdio desde 2001, quando o estrambótico, megalomaníaco e medíocre "Invincible" alcançou o topo da parada norte-americana.
Desde então, em vez de ouvir elogios por suas canções, passou a conviver com incontáveis rumores sobre sua vida pessoal.
Em 2005, enfrentou o maior desafio de sua carreira: era alvo de dez acusações que envolviam molestamento sexual de um menino de 13 anos. Foi inocentado por júri popular.
Não foi o primeiro problema do astro envolvendo crianças -em 1994, pagou US$ 22 milhões (R$ 43 mi na cotação de ontem) para que uma acusação de que teria abusado sexualmente de um menor fosse arquivada pela Justiça americana.
Cercado por crianças, com rosto e corpo nunca à mostra, após passar por um sem-número de cirurgias plásticas, Michael Jackson em quase nada lembrava o menino que aos cinco anos juntou-se aos irmãos no lendário Jackson 5.
Em 1970, estrela da gravadora Motown, o grupo já tinha nos bolsos quatro canções no topo das paradas: "I Want You Back", "ABC", "The Love You Save" e "I'll Be There". Com menos de 15 anos, Michael lançou o disco solo de estreia.
Jackson começou a reivindicar o título de "Rei do Pop" em 1979, com "Off the Wall", álbum que reunia o balanço da soul music e do funk aos passos dançantes da disco.
O mito tomou forma em 1982. O lançamento de "Thriller" é um paradigma da música pop. Com um hit atrás do outro ("Beat It", Wanna Be Startin" Something", "Billie Jean", "Thriller"...), o álbum -e seus vídeos- mostra Jackson como um artista completo: exímio dançarino, cantor de repertório vasto e compositor esperto.
Em 1983, o cantor assombraria o mundo com o Moonwalk, o até hoje copiado passo de dança que ele popularizou em um especial de TV em homenagem aos 25 anos da Motown.
Tentou jogar luz ao problema da fome na África com a faixa "We Are the World", que fazia parte do projeto "USA for Africa". Em 1985, Jackson estava no topo do mundo.

Transformação
Jackson nunca mais repetiria o sucesso de "Thriller". Colecionou críticas ao comprar os direitos de 250 músicas dos Beatles, o que inviabilizou a execução dessa faixas em diversos formatos.
O disco "Bad" emplacou diversos hits, mas Jackson passou a receber menos atenção por suas canções e mais pela sua aparência -o nariz alongado, a pele esbranquiçada, o cabelo liso...
A transformação por que passou a cor da pele de Jackson motivou os mais diversos rumores -ele teria utilizado tratamentos heterodoxos para embranquecer a pele; Jackson afirmara que sofria de vitiligo.
A música de Jackson tornou-se infantilóide, boboca. "Dangerous", de 1991, e "HIStory", de 1995, são medíocres -letras insípidas, melodias canhestras.
Nos anos 1990, Michael Jackson tornou-se um enigma -ninguém sabe o que se passa com ele, o que faz. Seu talento também estava escondido.
As acusações de abuso sexual que sofreria tornaram Jackson ainda mais arredio e misterioso. Foi morar no Bahrein, balançou um de seus filhos em uma janela de um hotel alemão.
O título de seu último disco, "Invincible", parece uma tentativa desesperada de mostrar aos críticos que ainda era o Rei do Pop. Não precisava. Com o Jackson 5 e com "Off the Wall" e "Thriller", Michael Jackson estarno trono para sempre.


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