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Esquisitice aumentou alvoroço no Brasil
Cantor fez dois shows no Morumbi em 93 e gravou clipe com Spike Lee em 96
Aos nove anos, Junior, da dupla com Sandy, perdeu parte da adoração pelo rei do pop ao participar de show e ver "sua cara branca"
LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O nariz estranho, a pele esbranquiçada e esquisita, o risoto de polvo com pedaços de pimentão no almoço do hotel.
Cercado pela sua grandiosidade pop e muito também pelos aspectos bizarros que marcavam sua persona, Michael
Jackson chegou ao Brasil em
outubro de 1993 para dois intensos shows no Morumbi.
O forte ruído da presença do
ícone jovem no país viria não só
de sua pegajosa, dançante e ultra-rentável música mas de tudo o que compunha o "estranho mundo de Michael". Do
garçom subornado para revelar
suas refeições ao lixo revirado
no hotel em que o cantor estava
hospedado, tudo era notícia.
Era a segunda das três visitas
que o cantor faria ao país. A primeira foi com os irmãos da formação Jackson 5, em 1974.
Mas, ali em 1993, Michael Jackson era MICHAEL JACKSON.
E a turnê era "Dangerous".
No embaraçoso calor das primeiras acusações de pedofilia
nos EUA, ele desembarcou no
Brasil e foi recebido com flores
por Junior, da dupla Sandy &
Junior, com nove anos à época.
"O promotor do show [Dody
Sirena, empresário de Roberto
Carlos] de Michael Jackson no
Brasil sabia que eu era muito fã
e me chamou para ir recebê-lo
no aeroporto. Cheguei lá, me
levaram até a porta do avião,
entreguei um buquê que me deram e disse "oi" para o Michael.
Ele só riu", lembra Junior.
No segundo show do Morumbi, Junior ficou ao lado de
Jackson no palco, durante a
música "Heal the World". O artista mirim havia sido treinado
para executar a linguagem dos
surdos-mudos na canção.
"Lembro que me atrapalhei
todos nos sinais. E deixei o palco de mãos dadas com o Michael. Eu era superfã, mas confesso que, vendo ele ali perto de
mim, todo esquisito, cheio de
maquiagem branca na cara, deu
uma esfriada na adoração."
A passagem pelo Brasil foi
devastadora, não só pelas duas
horas de show nos dia 15 e 17 de
outubro daquele ano, que reuniram perto de 180 mil pessoas.
Assim que botou os pés em
São Paulo, o cantor foi brincar
no Playcenter, com o parque
fechado só para ele. Também
foi visitar a fábrica da Estrela
para comprar brinquedos "para doar às criancinhas brasileiras". Na saída, um dos furgões
da comitiva que fazia a segurança atropelou dois fãs, um de
14 e outro de 15 anos, quebrando a perna do mais velho.
No dia seguinte, Jackson foi
visitar o garoto Marcio Alberto
de Paula no hospital. A produção do show entregou ao menino um cheque para ajudar nos
custos de sua recuperação.
O Rei do Pop voltaria ao Brasil três anos depois, para gravar
o vídeo de "They Don't Care
about Us", do álbum "HIStory"
(95). O cineasta Spike Lee foi o
responsável pelas filmagens.
Jackson botou o grupo Olodum para tocar tambores pelas
ruas do Pelourinho, em Salvador, e depois ainda gravou na
favela Dona Marta, no Rio,
quando conseguiu a liberação
do traficante Marcinho VP.
No fim, ele fez história no
Brasil mais pelos bastidores de
suas visitas do que pelos shows.
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