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Ajuda não chega até município cearense
da Agência Folha, em Tarrafas (CE)
Criado para reduzir a miséria no
país, o Programa Comunidade Solidária ainda não chegou a Tarrafas, cidade cearense com a população de menor renda média do país.
A pesquisa do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU revela que os habitantes de Tarrafas
recebem em média 0,14% de um
salário mínimo por mês.
O prefeito Tertuliano Cândido
Araújo (PPS) diz que não entende
por que seu município está fora do
programa: "Fico pensando que é
porque não tenho força política".
A coordenadora do Comunidade Solidária no Ceará, Isabel Lima,
diz que Tarrafas não foi incluída
porque os 49 municípios atendidos pelo programa no Ceará apresentam um quadro social pior. Ela
diz que a ONU e o programa usam
metodologias diferentes.
A economia de Tarrafas é movida pela renda dos 315 aposentados
e 250 funcionários da prefeitura.
Comprar "fiado" é a prática dominante e o escambo ainda é adotado na feira dominical.
Em Tarrafas não existem fábricas. A agricultura de subsistência é
a principal atividade. Os cerca de
2.000 hectares de terras irrigáveis
do município não são explorados.
Apesar de o município ter perdido 90% de sua safra com a seca, o
programa de distribuição de cestas
básicas só chegou a Tarrafas em
setembro. A frente de serviços
alista 250 pessoas desde julho.
A falta de trabalho é responsável
pela emigração, que reduziu a população local de 10.113 para 7.880
habitantes entre 1991 e 1996.
A letargia da cidade inspirou o
poeta cearense Patativa do Assaré:
"Fui a Tarrafas uma vez, não almocei nem jantei / Sem ter o que
fazer, fiquei pra lá e pra cá / Só de
Kariri com K (cachaça), uma garrafa tomei / A verdade é dura, mas
agora vou falar / A cidade de Tarrafas não passa de um manzuá (armadilha para pegar lagostas)."
(PM)
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