São Paulo, sábado, 26 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Campinas reformula projeto criado em 95

RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local

O programa de renda mínima da prefeitura de Campinas, o pioneiro do gênero no Brasil, está mudando seu enfoque para tentar estender o efeito do salário complementar, que hoje é pago a 2.561 famílias pobres da cidade.
O reforço é pago, em média, durante um ano. Embora prorrogável, o prazo é considerado insuficiente para vencer a dificuldade dessas famílias em gerar renda.
A prefeitura de Campinas não tem intenção de estender o prazo de pagamento. Em vez disso, criou, em agosto, formas de melhorar a qualificação profissional dos pais e chefes das família mais pobres.
São cursos profissionalizantes, classes de alfabetização de adultos e aulas para despertar espírito empreendedor nos chefes de família. A idéia é que, durante o programa, a família consiga gerar renda para tornar-se autônoma. O programa foi criado em março de 95. Desde então, já distribuiu salários complementares a mais de 6.000 famílias e gastou R$ 11,1 milhões.
Há três requisitos para a família ter direito ao benefício: ser moradora de Campinas desde março de 1993, ter filhos menores de 14 anos e renda mensal inferior a R$ 35 per capita. O reforço complementa a renda até esse patamar. Hoje, 10,6 mil pessoas recebem o salário. O menor reforço pago é de R$ 5, e o maior, de R$ 385. Em troca, os pais devem garantir matrícula dos filhos menores de 14 anos.
A dona de casa Maria Roseli Lemos dos Santos, 31, está no limiar entre a autonomia e o assistencialismo. Com os R$ 75 de reforço que ganhou por um ano, ela reformou a casa, em uma favela. Com o último reforço, quitou a casa.
Agora, quer começar a fazer e vender salgadinhos para ajudar o marido, jardineiro, a sustentar as três filhas. O curso de culinária, ela fez dentro do programa de renda mínima, mas agora não tem capital para iniciar o negócio.
O programa tem um teto de beneficiados, o que deixa 600 famílias na fila de espera. O valor de R$ 35 não foi reajustado desde sua implantação. Além disso, muitas famílias não atingem os R$ 35 per capita, mesmo com o reforço, porque o cálculo não considera filhos com mais de 14 anos.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.