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Campinas reformula
projeto criado em 95
RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local
O programa de renda mínima da
prefeitura de Campinas, o pioneiro do gênero no Brasil, está mudando seu enfoque para tentar estender o efeito do salário complementar, que hoje é pago a 2.561 famílias pobres da cidade.
O reforço é pago, em média, durante um ano. Embora prorrogável, o prazo é considerado insuficiente para vencer a dificuldade
dessas famílias em gerar renda.
A prefeitura de Campinas não
tem intenção de estender o prazo
de pagamento. Em vez disso,
criou, em agosto, formas de melhorar a qualificação profissional
dos pais e chefes das família mais
pobres.
São cursos profissionalizantes,
classes de alfabetização de adultos
e aulas para despertar espírito empreendedor nos chefes de família.
A idéia é que, durante o programa, a família consiga gerar renda
para tornar-se autônoma. O programa foi criado em março de 95.
Desde então, já distribuiu salários
complementares a mais de 6.000
famílias e gastou R$ 11,1 milhões.
Há três requisitos para a família
ter direito ao benefício: ser moradora de Campinas desde março de
1993, ter filhos menores de 14 anos
e renda mensal inferior a R$ 35 per
capita. O reforço complementa a
renda até esse patamar. Hoje, 10,6
mil pessoas recebem o salário. O
menor reforço pago é de R$ 5, e o
maior, de R$ 385. Em troca, os
pais devem garantir matrícula dos
filhos menores de 14 anos.
A dona de casa Maria Roseli Lemos dos Santos, 31, está no limiar
entre a autonomia e o assistencialismo. Com os R$ 75 de reforço
que ganhou por um ano, ela reformou a casa, em uma favela. Com o
último reforço, quitou a casa.
Agora, quer começar a fazer e
vender salgadinhos para ajudar o
marido, jardineiro, a sustentar as
três filhas. O curso de culinária,
ela fez dentro do programa de renda mínima, mas agora não tem capital para iniciar o negócio.
O programa tem um teto de beneficiados, o que deixa 600 famílias na fila de espera. O valor de R$
35 não foi reajustado desde sua
implantação. Além disso, muitas
famílias não atingem os R$ 35 per
capita, mesmo com o reforço,
porque o cálculo não considera filhos com mais de 14 anos.
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