São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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CIÊNCIAS AGRÁRIAS

Cursos novos de Norte e Nordeste não fincaram raízes

Em todo o país, 23% obtiveram conceito regular na avaliação da Capes, em especial os que estão menos consolidados

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O conceito três, equivalente a "regular" e o mínimo aceitável para um curso de pós ser credenciado pela Capes, aparece em programas de todas as áreas de ciências agrárias, mais freqüentemente nas instituições das regiões Norte e Nordeste.
"Estamos analisando por que eles não se desenvolvem e procurando dar instrumentos para que isso aconteça", diz José Oswaldo Siqueira, ex-integrante do Conselho Técnico-Científico, ex-representante da área na Capes e diretor de um departamento no CNPq.
Foram 57 conceitos medianos, o que abrange 23,17% dos cursos da área -a maioria localizada em Estados como Bahia, Goiás, Pará, Amazonas, Pernambuco e Tocantins.
Entre os 246 programas, só um foi descredenciado, o de microbiologia veterinária, da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), por "insuficiência de produção docente", segundo informou a instituição.
"Embora os programas tenham melhorado, houve piora nos conceitos devido ao maior nível de exigência desta edição da avaliação. O grande número de programas com três e quatro deveu-se também ao fato de muitos cursos serem novos e não estarem consolidados", afirma Isaías Geraldi, ex-coordenador de ciências agrárias.
Mas as notas baixas apareceram até mesmo em centros de excelência. É o caso do programa de microbiologia agrícola da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo).
"Esse curso não atingiu o número necessário de publicações porque é interdepartamental, ou seja, tem docentes de diferentes programas", lamenta Sérgio Pascholati, presidente da comissão de pós-graduação da Esalq-USP.
Nas avaliações anteriores, isso não seria problema, já que a produção do pesquisador que participava de dois ou mais grupos de áreas predominantes diferentes era computada uma vez em cada um deles.
Neste triênio, porém, na grande área de ciências agrárias, cada obra contou apenas para a subárea de origem do pesquisador, o que prejudicou a nota dos cursos com docentes que têm "um pé em cada barco". Nesses casos houve uma queda no volume de produção científica vinculada ao curso, um dos principais quesitos considerados na avaliação.

Fim do programa
Outros fatores influenciaram a diminuição de alguns conceitos. O mestrado nota três em ciências agrárias da UnB (Universidade de Brasília), por exemplo, está em desativação.
"Era um curso muito abrangente envolvendo as áreas de agronomia, zootecnia e veterinária. Em 2006, desmembramos esse curso em dois novos programas: ciências animais e saúde animal", conta Márcio Pimentel, decano de pesquisa e pós-graduação da UnB.
Neste ano, a universidade criou um programa de mestrado e doutorado especificamente na área de agronomia, que teve nota quatro na Capes. (RGV)


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