São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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LINGÜÍSTICA, LETRAS E ARTES

Medianos, "novatos" buscam a consolidação

Programas com propostas inovadoras também enfrentam dificuldades para serem avaliados

Marcelo Justo/Folha Imagem
CARLOS HABE, 28, pesquisa a obra fotográfica de Geraldo de Barros no mestrado em artes visuais da Faculdade Santa Marcelina


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Muitos programas de artes e música foram criados neste milênio e ainda buscam solidez. Dos 31 avaliados, 10 receberam conceito três. Cursos problemáticos geralmente não apresentam coerência entre a proposta e as linhas de pesquisa que os compõem, mas os conceitos mais baixos muitas vezes são causados pela imaturidade.
"A pesquisa em arte é relativamente recente, por isso é importante frisar que os programas com conceito três não são necessariamente de baixa qualidade", explica Martha Tupinambá, coordenadora da área de avaliação na Capes.
Muitos passaram em 2007 por sua primeira avaliação. Em quase todos os casos, o conceito inicial de um curso é três. Foi assim com o de artes visuais da Faculdade Santa Marcelina, criado em 2004. É o único da área em instituição particular.
"Tivemos de organizar todo o sistema de pesquisa", conta Mirtes de Oliveira, coordenadora do curso. "É um caminho penoso. Após a consolidação, pretendemos buscar outros tipos de financiamento e estabelecer mais convênios nacionais e internacionais", planeja.
O caso do programa de pós em dança da UFBA (Universidade Federal da Bahia), criado em 2006, evidencia a necessidade de a área se desenvolver.
O programa foi o primeiro a formar mestres e doutores em dança no Brasil. "Tentamos fazer um projeto realmente inovador, tratando a dança como forma específica de conhecimento e aproximando-a da ciência", explica Fabiana Britto, coordenadora do programa.
O pioneirismo levou o programa a enfrentar uma série de dificuldades. "Não temos parâmetros de comparação", aponta. A avaliação da Capes, segundo Fabiana, não reconhece a dança como área diferenciada. "O comitê que nos avalia é o mesmo de artes cênicas."

Letras
Em letras e lingüística, os programas que receberam conceito menor também foram, em geral, os que surgiram recentemente, acompanhando o grande crescimento da área.
Muitos foram criados fora do eixo Rio-São Paulo para tentar expandir a movimentação intelectual do setor em outras regiões. "Nossa idéia foi introduzir o estudo da crítica literária na região de Goiás", explica Albertina Vicentini Assumpção, coordenadora do mestrado em letras da UCG (Universidade Católica de Goiás), iniciado em setembro de 2006 (nota três).
Para a professora Lourdes Kaminski Alves, coordenadora do programa de letras da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), criado no fim de 2002 e conceito três, o fato de estar distante dos grandes centros culturais do país pode ser um problema. "Há uma dificuldade em competir nos editais que financiam a pesquisa na área", aponta.
O programa da UCG tornou-se um pólo local, atraindo estudantes de outros Estados. "Iniciativas como essa fazem com que cresçam a inteligência local e a massa crítica de textos regionais, esquecidas pelo Centro-Sul", diz Assumpção. (ECL)


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