|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LINGÜÍSTICA, LETRAS E ARTES
Medianos, "novatos" buscam a consolidação
Programas com propostas inovadoras também enfrentam dificuldades para serem avaliados
Marcelo Justo/Folha Imagem
|
CARLOS HABE, 28, pesquisa a obra fotográfica de Geraldo de Barros no mestrado em artes visuais da Faculdade Santa Marcelina |
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Muitos programas de artes e
música foram criados neste milênio e ainda buscam solidez.
Dos 31 avaliados, 10 receberam
conceito três. Cursos problemáticos geralmente não apresentam coerência entre a proposta e as linhas de pesquisa
que os compõem, mas os conceitos mais baixos muitas vezes
são causados pela imaturidade.
"A pesquisa em arte é relativamente recente, por isso é importante frisar que os programas com conceito três não são
necessariamente de baixa qualidade", explica Martha Tupinambá, coordenadora da área
de avaliação na Capes.
Muitos passaram em 2007
por sua primeira avaliação. Em
quase todos os casos, o conceito
inicial de um curso é três. Foi
assim com o de artes visuais da
Faculdade Santa Marcelina,
criado em 2004. É o único da
área em instituição particular.
"Tivemos de organizar todo o
sistema de pesquisa", conta
Mirtes de Oliveira, coordenadora do curso. "É um caminho
penoso. Após a consolidação,
pretendemos buscar outros tipos de financiamento e estabelecer mais convênios nacionais
e internacionais", planeja.
O caso do programa de pós
em dança da UFBA (Universidade Federal da Bahia), criado
em 2006, evidencia a necessidade de a área se desenvolver.
O programa foi o primeiro a
formar mestres e doutores em
dança no Brasil. "Tentamos fazer um projeto realmente inovador, tratando a dança como
forma específica de conhecimento e aproximando-a da
ciência", explica Fabiana Britto, coordenadora do programa.
O pioneirismo levou o programa a enfrentar uma série de
dificuldades. "Não temos parâmetros de comparação", aponta. A avaliação da Capes, segundo Fabiana, não reconhece a
dança como área diferenciada.
"O comitê que nos avalia é o
mesmo de artes cênicas."
Letras
Em letras e lingüística, os
programas que receberam conceito menor também foram,
em geral, os que surgiram recentemente, acompanhando o
grande crescimento da área.
Muitos foram criados fora do
eixo Rio-São Paulo para tentar
expandir a movimentação intelectual do setor em outras regiões. "Nossa idéia foi introduzir o estudo da crítica literária
na região de Goiás", explica Albertina Vicentini Assumpção,
coordenadora do mestrado em
letras da UCG (Universidade
Católica de Goiás), iniciado em
setembro de 2006 (nota três).
Para a professora Lourdes
Kaminski Alves, coordenadora
do programa de letras da
Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), criado no fim de 2002 e conceito
três, o fato de estar distante dos
grandes centros culturais do
país pode ser um problema.
"Há uma dificuldade em competir nos editais que financiam
a pesquisa na área", aponta.
O programa da UCG tornou-se um pólo local, atraindo estudantes de outros Estados. "Iniciativas como essa fazem com
que cresçam a inteligência local
e a massa crítica de textos regionais, esquecidas pelo Centro-Sul", diz Assumpção.
(ECL)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Frase Índice
|