São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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MULTIDISCIPLINARES

Em formação, maioria dos cursos ganha nota regular

Especialidade apresenta crescimento acelerado de programas para acompanhar as tendências do mercado

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O número de cursos da área de multidisciplinares cresceu 45% de 2004 a 2006. Hoje são 145, e a maioria (54%) recebeu nota três - três foram descredenciados (veja quadro).
"Essa é a área que mais cresce porque está havendo uma mudança no conhecimento. Ainda está muito desigual em termos de qualidade", pondera o diretor de avaliação da Capes, Renato Janine Ribeiro.
Ele conta que há demanda de universidades para credenciar cursos principalmente nas áreas de educação, direito e administração. "Mas essas áreas são muito rigorosas, o que acaba refletindo nos cursos multidisciplinares", comenta.
"Muitas universidades pequenas decidiram unir departamentos e docentes com título de doutor para viabilizarem programas de graduação", explica o ex-representante da área, Carlos Nobre.
Um dos campos em destaque foi o de agronegócios, uma das atividades da economia brasileira que mais cresceram nos últimos anos. Para acompanhar a tendência, universidades criaram pós nesse tema.
Uma das mais novas é a da UFG (Universidade Federal de Goiás). Criado em 2006, o curso foi avaliado uma vez, por isso, segundo a coordenadora do mestrado Francis Lee Ribeiro, receber três era esperado.
As disciplinas oferecidas pela UFG abarcam áreas da economia, da sociologia e da administração. "O foco é estudar estratégias regionais para manter e ampliar a competitividade do agronegócio na região do Centro-Oeste e assegurar a devida atenção a questões de sustentabilidade ambiental e inclusão social", explica Ribeiro.
Uma das dificuldades do programa da UFG é quanto ao número restrito de bolsas oferecidas aos estudantes pela Capes, porque um dos critérios para a distribuição é justamente a avaliação do curso.
Além disso, segundo Ribeiro, o Estado ainda não conseguiu consolidar uma fundação estadual de apoio à pesquisa, algo que ocorre em São Paulo por meio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
O mestrando André Grossi Machado, 27, espera que esse curso seja mais divulgado nos próximos anos.
"A troca de experiências entre colegas das mais variadas origens e situações, que lidam com problemáticas específicas do agronegócio de suas regiões, pode colaborar com a criação de alternativas mais eficientes para questões do agronegócio goiano e brasileiro."

Portas fechadas
Segundo Nobre, os cursos descredenciados tinham problemas comuns. "Houve pouca produção científica e não têm sido formados mestres e doutores, em qualidade e em quantidade, que possam justificar a continuação da pós-graduação", sentencia.
Um ponto negativo, segundo a Capes, foi a precária infra-estrutura. "Na avaliação de 2004, o descredenciamento do curso da federal de Alagoas havia sido indicado", diz Nobre. (AF)


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