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MULTIDISCIPLINARES
Em formação, maioria dos cursos ganha nota regular
Especialidade apresenta crescimento acelerado de programas para acompanhar as tendências
do mercado
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O número de cursos da área
de multidisciplinares cresceu
45% de 2004 a 2006. Hoje são
145, e a maioria (54%) recebeu
nota três - três foram descredenciados (veja quadro).
"Essa é a área que mais cresce porque está havendo uma
mudança no conhecimento.
Ainda está muito desigual em
termos de qualidade", pondera
o diretor de avaliação da Capes,
Renato Janine Ribeiro.
Ele conta que há demanda de
universidades para credenciar
cursos principalmente nas
áreas de educação, direito e administração. "Mas essas áreas
são muito rigorosas, o que acaba refletindo nos cursos multidisciplinares", comenta.
"Muitas universidades pequenas decidiram unir departamentos e docentes com título
de doutor para viabilizarem
programas de graduação", explica o ex-representante da
área, Carlos Nobre.
Um dos campos em destaque
foi o de agronegócios, uma das
atividades da economia brasileira que mais cresceram nos
últimos anos. Para acompanhar a tendência, universidades criaram pós nesse tema.
Uma das mais novas é a da
UFG (Universidade Federal de
Goiás). Criado em 2006, o curso foi avaliado uma vez, por isso, segundo a coordenadora do
mestrado Francis Lee Ribeiro,
receber três era esperado.
As disciplinas oferecidas pela
UFG abarcam áreas da economia, da sociologia e da administração. "O foco é estudar estratégias regionais para manter e
ampliar a competitividade do
agronegócio na região do Centro-Oeste e assegurar a devida
atenção a questões de sustentabilidade ambiental e inclusão
social", explica Ribeiro.
Uma das dificuldades do programa da UFG é quanto ao número restrito de bolsas oferecidas aos estudantes pela Capes,
porque um dos critérios para a
distribuição é justamente a
avaliação do curso.
Além disso, segundo Ribeiro,
o Estado ainda não conseguiu
consolidar uma fundação estadual de apoio à pesquisa, algo
que ocorre em São Paulo por
meio da Fapesp (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado
de São Paulo).
O mestrando André Grossi
Machado, 27, espera que esse
curso seja mais divulgado nos
próximos anos.
"A troca de experiências entre colegas das mais variadas
origens e situações, que lidam
com problemáticas específicas
do agronegócio de suas regiões,
pode colaborar com a criação
de alternativas mais eficientes
para questões do agronegócio
goiano e brasileiro."
Portas fechadas
Segundo Nobre, os cursos
descredenciados tinham problemas comuns. "Houve pouca
produção científica e não têm
sido formados mestres e doutores, em qualidade e em quantidade, que possam justificar a
continuação da pós-graduação", sentencia.
Um ponto negativo, segundo
a Capes, foi a precária infra-estrutura. "Na avaliação de 2004,
o descredenciamento do curso
da federal de Alagoas havia sido
indicado", diz Nobre.
(AF)
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