São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

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CLIMA

Japão e Coréia do Sul confiam na drenagem dos campos

El Niño "ressuscita" na previsão de tempestades DO ENVIADO ESPECIAL A SEUL

"Vocês não conhecem o Japão. Esse tempo [com céu claro durante todo o dia] está enganando. A chuva está para chegar."
As palavras de Takahide Hidenobu, prefeito da cidade de Yokohama, palco da final da Copa-2002, indicam bem o que, a se repetir a história de séculos, deve acontecer no mais esperado campeonato de futebol do mundo.
As duas sedes do Mundial participam do grupo dos países mais chuvosos. Para azar dos amantes do bom futebol, dois terços dessas precipitações estão concentrados entre junho e agosto.
Em 2002, esse panorama pode ser, pelo menos para a prática do futebol, ainda pior.
Meteorologistas apontam o perigo de mais estrago causado pelo "El Niño", o fenômeno que muda o clima de boa parte do mundo. No caso coreano e japonês, a elevação da temperatura nas águas do oceano Pacífico traz ainda mais tempestades.
Como comparação, Seul, palco da abertura da Copa-2002, registra média histórica de 15 dias de chuva em junho. Em São Paulo, no mesmo mês, essa marca não passa de cinco dias. Até no verão brasileiro a capital paulista não tem tantos dias chuvosos.
Em Yokohama, o índice de chuva acumulada geralmente em junho é quase três vezes maior do que na mesma época no Rio.
Do lado coreano, as previsões apontam risco de precipitações mais forte para a região sul do país, onde está Ulsan, a sede da seleção brasileira.
Outra cidade "problemática" nessa situação é Seogwipo, onde o time de Luiz Felipe Scolari vai enfrentar a China, no próximo dia 8.
Mas, já na partida de abertura, entre França e Senegal, que será realizada na capital coreana, ainda no relativamente seco mês de maio, a chance de chuva é de 35%.
Sem poder fazer uma mudança mais drástica, a Fifa, para defender a Copa de tempestades, antecipou o início da competição em apenas duas semanas e apostou na tecnologia para, ao menos, preservar o nível das partidas.
"Mesmo com chuva, o espetáculo vai estar garantido, porque o sistema de drenagem dos gramados é o mais moderno do mundo", diz o prefeito de Yokohama.
Segundo ele, a Copa das Confederações do ano passado, disputada na mesma época também no Japão e na Coréia do Sul, comprovou sua tese. Na ocasião, vários jogos foram realizados sob verdadeiros dilúvios.
A Fifa depende muito da drenagem para não ver seu planejamento naufragar. Mesmo se um gramado estiver em péssimas condições por causa da chuva, a entidade que controla o futebol mundial não teria como adiar um confronto e promover alterações o calendário da Copa-2002.
Acostumados à muita chuva entre junho e agosto, Japão e Coréia nem tentam evitar eventos esportivos locais durante essa época. A J-league, por exemplo, não parou suas atividades durante os meses de junho e julho no ano passado.
Além da chuva, outros fenômenos da natureza podem atrapalhar a Copa. Principalmente no Japão, a ocorrência de chuvas ácidas causadas pela poluição da região é bastante frequente.
O país, principalmente nesta época, também sofre com furacões e tornados que atingem sua costa. (PAULO COBOS)


Colaboraram Rodrigo Bueno e João Carlos Assumpção, enviados especiais a Yokohama

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