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JOSÉ ROBERTO TORERO
Tão-somente uma carta de intenções
Cara leitora, barato leitor, a partir de hoje estamos casados. Ou quase isso. É que vamos nos ver (ou
ler) quase todos os dias durante
cerca de um mês. Contudo, antes de começarmos o nosso intenso relacionamento, acho justo e necessário que façamos
uma espécie de contrato de casamento. Sendo assim, coloco
minha mão sobre a Bíblia (ou
sobre uma revista Placar) e solenemente prometo:
a) acordar cedo, a não ser, é
claro, em dias de jogos como um
Irlanda x Arábia Saudita, já
que ninguém é de ferro e o sono
é importante para pessoas da
minha provecta idade;
b) ser rigorosamente imparcial, a não ser, é claro, nos dias
de jogo do Brasil;
c) ter paciência com a seleção,
a não ser, é claro, nas partidas
em que o Felipão se mostre muito medroso;
d) escrever, eu mesmo, os
meus textos, a não ser, é claro,
quando não tiver nenhuma
idéia. Nestes dias serei substituído por meu sobrinho Leocádio, pelo grande Zé Cabala ou
por um outro qualquer;
e) colocar a exatidão acima
de tudo, a não ser, é claro, nos
casos em que a imaginação se
mostrar mais interessante. As
Copas, reconheçamos, têm muito mais a ver com as lendas do
que com a verdade.
Enfim, espero que tenhamos
um casamento muito feliz e que
todos os dias, ao tomar o seu café da manhã, você não olhe para esta coluna e diga com ares
de cônjuge: "Meu Deus, você de
novo!".
E-mail:
torero@uol.com.br
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