São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

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JAPÃO

Principal estádio do país vai cobrar ingresso de US$ 17 para exibir jogos da seleção da casa

Fora do Mundial, Tóquio tenta consolar torcedores com telão

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A YOKOHAMA

Com todos os ingressos no Japão vendidos para a Copa, um estádio corre o risco de ficar vazio: o Nacional de Tóquio, justamente o mais importante do país.
O morador de Tóquio que não tiver gostado da decisão poderá ter um consolo. Conhecido por receber as finais do Mundial interclubes, o Nacional abrirá suas portas nos dias de jogos do Japão. Quem estiver disposto a pagar US$ 17 poderá ver a atuação da seleção da casa por um telão.
O consolo, no entanto, não parece estar sendo suficiente. A procura, pelo menos, tem sido pequena. Segundo a administração do estádio, para a estréia do Japão, no próximo dia 4, em Saitama, contra a Bélgica, apenas 3.000 bilhetes foram vendidos.
É a segunda vez na história dos Mundiais que a capital de uma das sedes não vai abrigar nenhuma partida do torneio. A outra foi Bonn, no Mundial de 1974, na então Alemanha Ocidental.
A decisão de Tóquio de não abrigar jogos da Copa deu-se depois que a Fifa resolveu dividir a organização entre japoneses e coreanos. Se o torneio fosse realizado apenas no Japão, como sonhava o governo do país, a capital seria palco da decisão do Mundial, marcada para 30 de junho.
Na avaliação da prefeitura, a partir do momento em que houve a divisão com a Coréia, a Copa deixou de ser um evento nacional, com o impacto que poderia ter se o Japão fosse o único organizador. A partir daí, economistas locais fizeram um estudo que se mostrou desfavorável à candidatura de Tóquio.
Segundo a análise, a cidade teria de investir cerca de US$ 380 milhões em infra-estrutura, remodelação do estádio Nacional e segurança para ser uma das sedes.
O valor poderia não ser coberto pelos ganhos com turismo e publicidade, especialmente tendo que dividir as honras com a Coréia -Busan foi o palco do sorteio dos grupos, em dezembro, e Seul será o da festa de abertura.
Além do mais, Tóquio já é uma cidade muito conhecida no mundo todo e o governo japonês decidiu fazer como os coreanos: divulgar recantos que não sejam tão populares no exterior.
É o caso de Yokohama, que fica a menos de 30 minutos de trem da capital. Diferentemente dos políticos de Tóquio, Takahide Hidenobu, prefeito da cidade que será sede da final, diz que ""oportunidade como essa não existe". "É a melhor forma de tornar Yokohama um dos grandes pontos do turismo mundial", comentou ele.
Sem os jogos no Mundial, Tóquio terá de ficar com as migalhas. Ontem, foi palco de amistoso da Itália, depois de ter recebido o do Japão na véspera, despedindo-se da seleção local.
Mas, apesar de ter de se contentar com as migalhas, a administração municipal não demonstra arrependimento pela decisão de não abrigar a Copa-2002.
Argumenta que no prejuízo, pelo menos, não ficará. Segundo o governo federal, mesmo sem ter tido os gastos de outras cidades, como a própria Yokohama, que investiu mais de US$ 600 milhões para receber os jogos, 88% dos turistas que forem ao Japão assistir ao Mundial vão passar -e dormir- pelo menos uma noite na capital. A região de Roppongi, uma das mais animadas de Tóquio, por exemplo, espera receber legiões de torcedores. "Ir ao Japão e não ir a Tóquio não é ir ao Japão", disse Paul Wagstaff, gerente do Sports Cafe, um dos bares mais populares do bairro.


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