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JAPÃO
Principal estádio do país vai cobrar ingresso de US$ 17 para exibir jogos da seleção da casa
Fora do Mundial, Tóquio tenta consolar torcedores com telão
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A YOKOHAMA
Com todos os ingressos no Japão vendidos para a Copa, um estádio corre o risco de ficar vazio: o
Nacional de Tóquio, justamente o
mais importante do país.
O morador de Tóquio que não
tiver gostado da decisão poderá
ter um consolo. Conhecido por
receber as finais do Mundial interclubes, o Nacional abrirá suas
portas nos dias de jogos do Japão.
Quem estiver disposto a pagar
US$ 17 poderá ver a atuação da seleção da casa por um telão.
O consolo, no entanto, não parece estar sendo suficiente. A procura, pelo menos, tem sido pequena. Segundo a administração
do estádio, para a estréia do Japão, no próximo dia 4, em Saitama, contra a Bélgica, apenas 3.000
bilhetes foram vendidos.
É a segunda vez na história dos
Mundiais que a capital de uma
das sedes não vai abrigar nenhuma partida do torneio. A outra foi
Bonn, no Mundial de 1974, na então Alemanha Ocidental.
A decisão de Tóquio de não
abrigar jogos da Copa deu-se depois que a Fifa resolveu dividir a
organização entre japoneses e coreanos. Se o torneio fosse realizado apenas no Japão, como sonhava o governo do país, a capital seria palco da decisão do Mundial,
marcada para 30 de junho.
Na avaliação da prefeitura, a
partir do momento em que houve
a divisão com a Coréia, a Copa
deixou de ser um evento nacional,
com o impacto que poderia ter se
o Japão fosse o único organizador. A partir daí, economistas locais fizeram um estudo que se
mostrou desfavorável à candidatura de Tóquio.
Segundo a análise, a cidade teria
de investir cerca de US$ 380 milhões em infra-estrutura, remodelação do estádio Nacional e segurança para ser uma das sedes.
O valor poderia não ser coberto
pelos ganhos com turismo e publicidade, especialmente tendo
que dividir as honras com a Coréia -Busan foi o palco do sorteio dos grupos, em dezembro, e
Seul será o da festa de abertura.
Além do mais, Tóquio já é uma
cidade muito conhecida no mundo todo e o governo japonês decidiu fazer como os coreanos: divulgar recantos que não sejam tão
populares no exterior.
É o caso de Yokohama, que fica
a menos de 30 minutos de trem da
capital. Diferentemente dos políticos de Tóquio, Takahide Hidenobu, prefeito da cidade que será
sede da final, diz que ""oportunidade como essa não existe". "É a
melhor forma de tornar Yokohama um dos grandes pontos do turismo mundial", comentou ele.
Sem os jogos no Mundial, Tóquio terá de ficar com as migalhas. Ontem, foi palco de amistoso da Itália, depois de ter recebido
o do Japão na véspera, despedindo-se da seleção local.
Mas, apesar de ter de se contentar com as migalhas, a administração municipal não demonstra
arrependimento pela decisão de
não abrigar a Copa-2002.
Argumenta que no prejuízo, pelo menos, não ficará. Segundo o
governo federal, mesmo sem ter
tido os gastos de outras cidades,
como a própria Yokohama, que
investiu mais de US$ 600 milhões
para receber os jogos, 88% dos turistas que forem ao Japão assistir
ao Mundial vão passar -e dormir- pelo menos uma noite na
capital. A região de Roppongi,
uma das mais animadas de Tóquio, por exemplo, espera receber
legiões de torcedores. "Ir ao Japão
e não ir a Tóquio não é ir ao Japão", disse Paul Wagstaff, gerente
do Sports Cafe, um dos bares mais
populares do bairro.
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