São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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Três irmãos arrumam trampo no mesmo dia

Os gêmeos Cleuton e Cleiton Souza, de 19 anos, lutam para ser diferentes -dos colegas que viram cair na droga e no crime.
Estudantes do segundo ano do ensino médio, eles vinham buscando emprego há meses. Depois de rodarem São Paulo e se acostumarem a enfrentar filas, sua busca chegou ao fim: foram chamados para trabalhar em uma obra em frente à casa em que moram, na favela Morro Doce, a 32 km do centro. No mesmo dia, o irmão mais velho, Elton, 21, foi chamado para trabalhar em uma metalúrgica.
Agora, os gêmeos são ajudantes de pedreiro na construção de uma escola pública que vai ter o que a deles nunca ofereceu: aulas de computação. A falta de conhecimentos de informática foi o que barrou a contratação em mais de uma entrevista de emprego que fizeram.
Para juntar os R$ 4,60 do ônibus para procurar emprego, eles ajudavam o pai em uma quitanda. As viagens terminavam quase sempre em uma porta. "O segurança mandava deixar lá mesmo o currículo", diz Cleiton. "Um deles rasgou o papel assim que eu me virei", conta o irmão.
Apesar das barreiras, Cleiton havia sido chamado para oito processos de seleção neste ano. Só tinha conseguido um trabalho: empacotador em um supermercado por quatro meses.
Cada um deles ganhará R$ 754 mensais, que planejam poupar. Eles querem terminar o ensino médio e, após algum tempo de trabalho, fazer outros cursos. (IAGO BOLÍVAR, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA)


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