São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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Valores

Mini adultos

JOVENS TÊM AS MESMAS OPINIÕES QUE O RESTO DA POPULAÇÃO EM RELAÇÃO A TEMAS POLÊMICOS

[por André Lobato, colaboração para a Folha]

O jovem brasileiro de hoje dá mais valor a religião, estudo, trabalho e família do que há dez anos e pensa de forma muito parecida com o restante da população sobre a descriminalização da maconha, a redução da maioridade penal, a pena de morte e a lei do aborto.
Para especialistas, ele tem poucos conflitos com a geração anterior, gosta de se divertir e se preocupa com a inserção social pelo trabalho. Ana Paula Oliveira, 22, diz que a família é a coisa mais importante de sua vida; depois, o trabalho, que paga sua faculdade. É madrugada em uma rave em Guapimirim (RJ) e ela dança segurando uma bandeira do Brasil. Como 72% da juventude brasileira, ela acha que a maconha não deveria ser descriminalizada.
A poucos metros dela, Jennifer, 21, mãe de um bebê de um ano, diz-se a favor da manutenção da lei do aborto. Ela acha, porém, que sua amiga Suelen Crisostomo, 20, não deveria ser presa caso recorra ao método. Para Suelen, a lei deveria ser revista: "É decisão de cada um".
Danielle, 24, diz já ter usado várias drogas e, por "saber o mal que fazem", é contra a descriminalização de todas, com exceção da maconha, que parou de fumar por ter ficado "viciada".
Universitários, Guilherme Souza, 22, e Bruno dos Santos, 25, discordam quanto à redução da maioridade penal. Guilherme é "totalmente a favor", embora não saiba qual seria a idade ideal. Bruno acha "um absurdo", pois "não resolve".
Longe da rave, em São Paulo, Fernanda Lima, 18, é contra a descriminalização do aborto e a pena de morte e a favor da redução da maioridade penal. Ela faz curso de produção cultural na Cufa (Central Única das Favelas). "Esse mundo já está muito perdido, muita liberação vai acabar estragando", acredita.

Politizados
Apesar de ter opinião semelhante ao restante da população sobre temas polêmicos, a juventude brasileira é mais escolarizada e politizada. Quase metade (47%) dela diz acompanhar o noticiário político e 37% se diz de direita, contra 28% de esquerda.
O jovem Marcus Vinícius Santos, 20, afirma que é de direita e que ser de esquerda é ser "do contra". Ele se diz politicamente ativo e considera Lula um ídolo.
Segundo Gustavo Ventura, cientista político da USP (Universidade de São Paulo), a população brasileira é "tradicionalmente conservadora" e com pouco histórico de associativismo. Ele afirma que a "juventude está buscando novas formas de organização" e que os movimentos culturais são uma opção.


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