São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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Elas só pensam em plástica

42% DAS MULHERES E 16% DOS HOMENS QUEREM AUMENTAR UM POUQUINHO AQUI OU DIMINUIR UM TANTINHO ALI

[Por Carolina Araújo, colaboração para a Folha]

Elas têm muitas coisas em comum. Além da idade -20-, de estudarem direito juntas e de terem nomes que rimam, as amigas Veridiana e Mariana dividem uma outra coisa: o cirurgião plástico.
Em julho de 2006, Mariana Martines colocou uma prótese de 260 ml de silicone nos seios. "Nunca fui paranóica, mas já tinha 18 anos e meu peito não crescia", lembra. Um ano depois, acompanhou a amiga ao mesmo médico.
Veridiana Machado, então com 19, submeteu-se a uma lipoaspiração na barriga, no culote, nas costas e nas pernas, apesar de amigos e familiares acharem que ela não precisava.
E, em breve, elas vão ter ainda mais coisas em comum: Mariana quer fazer uma lipo, inspirada no resultado da cirurgia da amiga. Já Veridiana, adivinhe? Quer colocar prótese de silicone nos seios, como Mariana, e fazer outra lipo. "Mas não sei se o médico vai concordar", desconfia.
Satisfeitas com o resultado, as garotas não se incomodam em contar que fi zeram plástica. "Quase não existe beleza natural hoje. Para que esconder?", pergunta Veridiana. "Acho ridículo quem esconde que fez. É uma coisa comum, todo mundo faz", diz Mariana.
Não é bem assim. Apesar de 42% das jovens brasileiras quererem fazer plástica, só 2% delas já entraram na faca. Entre os meninos, o número de operados é igual, mas bem menos gostariam de se operar: 16%.
O segmento que mais quer fazer a cirurgia é o das mulheres entre 22 e 25 anos: 48%. Os resultados da pesquisa são notados nos consultórios. A insatisfação com o próprio corpo e a preocupação em se aproximar do padrão de beleza ideal têm levado um número significativo de jovens a recorrer ao bisturi.
Segundo a SBPC (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), 13% das mais de 616 mil plásticas realizadas no Brasil em 2004 foram feitas em adolescentes de 14 a 18 anos. A entidade repetirá a pesquisa em 2008 e acredita que esse percentual terá aumentado.
Para o presidente da SBCP, José Yoshikazu Tariki, o número crescente de plásticas é resultado da maior divulgação sobre a cirurgia e da vaidade típica da juventude.
Já o cirurgião plástico Dov Goldenberg acredita que o desejo pela plástica é resultado da hiperindicação e de uma simplificação de seus riscos. O problema, para a cirurgiã plástica Alessandra Grassi Salles, é que grande parte dos jovens não tem maturidade emocional para encarar mudanças no próprio corpo.
"A cirurgia plástica parece ser um caminho fácil, mas é uma solução imediatista", diz. Para ela, o que os pais e os médicos devem procurar saber é por que o jovem está insatisfeito com seu corpo.


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