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Elas só pensam em plástica
42% DAS MULHERES E 16% DOS HOMENS QUEREM AUMENTAR
UM POUQUINHO AQUI OU DIMINUIR UM TANTINHO ALI
[Por Carolina Araújo, colaboração para a Folha]
Elas têm muitas coisas em comum. Além da
idade -20-, de estudarem direito juntas e de
terem nomes que rimam, as amigas Veridiana
e Mariana dividem uma outra coisa: o cirurgião
plástico.
Em julho de 2006, Mariana Martines colocou
uma prótese de 260 ml de silicone nos seios.
"Nunca fui paranóica, mas já tinha 18 anos e
meu peito não crescia", lembra. Um ano depois,
acompanhou a amiga ao mesmo médico.
Veridiana Machado, então com 19, submeteu-se
a uma lipoaspiração na barriga, no culote, nas
costas e nas pernas, apesar de amigos e familiares
acharem que ela não precisava.
E, em breve, elas vão ter ainda mais coisas em
comum: Mariana quer fazer uma lipo, inspirada
no resultado da cirurgia da amiga. Já Veridiana,
adivinhe? Quer colocar prótese de silicone nos
seios, como Mariana, e fazer outra lipo. "Mas
não sei se o médico vai concordar", desconfia.
Satisfeitas com o resultado, as garotas não
se incomodam em contar que fi zeram plástica.
"Quase não existe beleza natural hoje. Para que
esconder?", pergunta Veridiana. "Acho ridículo
quem esconde que fez. É uma coisa comum, todo
mundo faz", diz Mariana.
Não é bem assim. Apesar de 42% das jovens
brasileiras quererem fazer plástica, só 2% delas
já entraram na faca. Entre
os meninos, o número de operados
é igual, mas bem menos
gostariam de se operar: 16%.
O segmento que mais quer
fazer a cirurgia é o das mulheres
entre 22 e 25 anos: 48%.
Os resultados da pesquisa são
notados nos consultórios. A
insatisfação com o próprio
corpo e a preocupação em se
aproximar do padrão de beleza
ideal têm levado um número
significativo de jovens a
recorrer ao bisturi.
Segundo a SBPC (Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica),
13% das mais de 616 mil
plásticas realizadas no Brasil
em 2004 foram feitas em adolescentes
de 14 a 18 anos. A entidade
repetirá a pesquisa em
2008 e acredita que esse percentual
terá aumentado.
Para o presidente da SBCP,
José Yoshikazu Tariki, o número
crescente de plásticas é
resultado da maior divulgação
sobre a cirurgia e da vaidade
típica da juventude.
Já o cirurgião plástico Dov
Goldenberg acredita que o desejo
pela plástica é resultado
da hiperindicação e de uma
simplificação de seus riscos.
O problema, para a cirurgiã
plástica Alessandra Grassi
Salles, é que grande parte dos
jovens não tem maturidade
emocional para encarar mudanças
no próprio corpo.
"A cirurgia plástica parece
ser um caminho fácil, mas é
uma solução imediatista", diz.
Para ela, o que os pais e os médicos
devem procurar saber é
por que o jovem está insatisfeito
com seu corpo.
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