São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 2002

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BARREIRAS

Faltam bibliotecas e livrarias no Brasil

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Faltam livrarias e preços acessíveis. Sobram pessoas sem motivação para consumir literatura e aqueles que não entendem o que estão lendo -os chamados analfabetos funcionais. Essas são algumas das barreiras que impedem os livros de chegar ao leitor.
O ciclo começa no leitor brasileiro, que lê dois livros por ano, incluindo o didático. Em países desenvolvidos, a média é de sete a nove por ano, segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL).
Outro agravante: o país tem 91% de pessoas alfabetizadas. Dessas, 74% não conseguem ler e entender um livro, segundo o Instituto Paulo Montenegro.
"Em países como Estados Unidos e Suécia a maioria é capacitada para leituras científicas e técnicas. Quando a população não consegue ao menos entender o jornal que lê, precisamos urgentemente criar uma nação letrada", afirma o secretário do Livro e da Leitura, do Ministério da Cultura, Ottaviano Carlo de Fiore, 72.
A baixa procura por livros diminui a tiragem e encarece o custo do produto. Mesmo assim, o livro é mais barato no Brasil do que no exterior. "O Clube dos Anjos", de Luís Fernando Veríssimo, por exemplo, custa R$ 19,90 no Brasil e nos Estados Unidos, o equivalente a R$ 65. Porém o poder aquisitivo é baixo: o chefe de família brasileiro tem rendimento mensal de R$ 768,83.
Quem efetivamente lê não encontra livrarias em número suficiente. São 2.008 livrarias no país -uma para cada grupo de 84,5 mil pessoas. As bibliotecas públicas (4.800) não abrangem os 5.507 municípios brasileiros.
"A biblioteca pública desempenha papel fundamental na popularização do livro. É o livro gratuito na mão do povo", diz de Fiore.
Para criar bibliotecas públicas ou revitalizar as existentes, o Ministério da Cultura implantou o programa Uma Biblioteca em Cada Município. O kit contém 2.600 obras. Pelo Literatura em Minha Casa, do Ministério da Educação, alunos de 4ª e 5ª séries levam para casa e compartilham com a família coleções selecionadas.
Quanto ao preço, os livros de bolso são uma alternativa. Os da L&PM, a maior do setor, custam entre R$ 4 e R$ 21. Segundo o editor, Ivan Pinheiro Machado, 49, a coleção já vendeu 3 milhões de exemplares, beneficiada por pontos de distribuição em todo o país que não se restringem a livrarias, mas bancas de jornal, drogarias e supermercados. Ediouro, Paz&Terra e a Martin Claret também fazem edições mais baratas.
"No Brasil, o editor gosta do livro caro. Antes das coleções de bolso, havia livros difíceis de encontrar, como "Viagem ao Centro da Terra", do Júlio Verne. Hoje, temos textos integrais e traduções novas, com papel de qualidade", afirma Machado.
Recentemente, a Nova Cultural lançou clássicos da literatura, com capa dura, vendidos em banca a R$ 9,90, com tiragens de 60 mil exemplares. Segundo a editora, o preço baixo foi viável devido ao patrocínio do Grupo Suzano, que entrou com o papel. O primeiro título, "Dom Quixote" já está esgotado. (TATIANA UEMURA)


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