|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BARREIRAS
Faltam bibliotecas e livrarias no Brasil
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Faltam livrarias e preços acessíveis. Sobram pessoas sem motivação para consumir literatura e aqueles que não entendem o que estão lendo -os chamados analfabetos funcionais. Essas são algumas das barreiras que impedem os livros de chegar ao leitor.
O ciclo começa no leitor brasileiro, que lê dois livros por ano,
incluindo o didático. Em países desenvolvidos, a média é de sete a
nove por ano, segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL).
Outro agravante: o país tem 91% de pessoas alfabetizadas.
Dessas, 74% não conseguem ler e
entender um livro, segundo o Instituto Paulo Montenegro.
"Em países como Estados Unidos e Suécia a maioria é capacitada para leituras científicas e técnicas. Quando a população não
consegue ao menos entender o
jornal que lê, precisamos urgentemente criar uma nação letrada",
afirma o secretário do Livro e da
Leitura, do Ministério da Cultura,
Ottaviano Carlo de Fiore, 72.
A baixa procura por livros diminui a tiragem e encarece o custo
do produto. Mesmo assim, o livro
é mais barato no Brasil do que no
exterior. "O Clube dos Anjos", de
Luís Fernando Veríssimo, por
exemplo, custa R$ 19,90 no Brasil
e nos Estados Unidos, o equivalente a R$ 65. Porém o poder
aquisitivo é baixo: o chefe de família brasileiro tem rendimento
mensal de R$ 768,83.
Quem efetivamente lê não encontra livrarias em número suficiente. São 2.008 livrarias no país
-uma para cada grupo de 84,5
mil pessoas. As bibliotecas públicas (4.800) não abrangem os 5.507
municípios brasileiros.
"A biblioteca pública desempenha papel fundamental na popularização do livro. É o livro gratuito na mão do povo", diz de Fiore.
Para criar bibliotecas públicas
ou revitalizar as existentes, o Ministério da Cultura implantou o
programa Uma Biblioteca em Cada Município. O kit contém 2.600
obras. Pelo Literatura em Minha
Casa, do Ministério da Educação,
alunos de 4ª e 5ª séries levam para
casa e compartilham com a família coleções selecionadas.
Quanto ao preço, os livros de
bolso são uma alternativa. Os da
L&PM, a maior do setor, custam
entre R$ 4 e R$ 21. Segundo o editor, Ivan Pinheiro Machado, 49, a
coleção já vendeu 3 milhões de
exemplares, beneficiada por pontos de distribuição em todo o país
que não se restringem a livrarias,
mas bancas de jornal, drogarias e
supermercados. Ediouro,
Paz&Terra e a Martin Claret também fazem edições mais baratas.
"No Brasil, o editor gosta do livro caro. Antes das coleções de
bolso, havia livros difíceis de encontrar, como "Viagem ao Centro
da Terra", do Júlio Verne. Hoje, temos textos integrais e traduções
novas, com papel de qualidade",
afirma Machado.
Recentemente, a Nova Cultural
lançou clássicos da literatura,
com capa dura, vendidos em banca a R$ 9,90, com tiragens de 60
mil exemplares. Segundo a editora, o preço baixo foi viável devido
ao patrocínio do Grupo Suzano,
que entrou com o papel. O primeiro título, "Dom Quixote" já
está esgotado. (TATIANA UEMURA)
Texto Anterior: Evento: Feira espera vender 200 mil títulos Próximo Texto: Dificuldades na popularização do livro Índice
|