São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2011

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OS NETOS DE ANDY WARHOL

Estrelas globais das artes, Damien Hirst, Jeff Koons, Cindy Sherman e Matthew Barney estão em mostra comemorativa do aniversário da Bienal de SP

Eduardo Knapp/Folhapress
"Mother and Child Divided", obra de Damien Hirst, na mostra comemorativa

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

ma vaca e um bezerro cortados ao meio flutuam em um tanque cheio de formol.
Esse espetáculo de atração e repulsa ocupa um espaço central do pavilhão da Bienal de São Paulo, no Ibirapuera.
O britânico Damien Hirst é o artista por trás dessa natureza-morta literal.
Seus excessos visuais pautaram a geração de norte-americanos "blockbuster" escalados para a exposição "Em Nome dos Artistas", que celebra 60 anos da Bienal paulista -espécie de aquecimento para a sua 30ª edição, que ocorre apenas em 2012.
Nas últimas décadas, a produção de nomes como Jeff Koons, Richard Prince, Cindy Sherman e Matthew Barney deixou para trás a noção clássica de artistas plásticos em seus ateliês espartanos.
Eles se tornaram celebridades, esticando aqueles 15 minutos de fama tão propagados por Andy Warhol.
O flerte com a indústria do entretenimento se tornou, em certos casos, matrimônio: Koons foi casado com a ex-atriz pornô italiana Cicciolina e Barney divide a vida com a cantora islandesa Björk.
Suas contas bancárias também são dignas de estrelas. Em pleno cataclismo financeiro global de 2008, Hirst vendeu R$ 500 milhões em obras num leilão-espetáculo em Londres, um dos epicentros da crise do crédito.
No mesmo ano, uma escultura de Koons foi arrematada por R$ 48 milhões e Sherman bateu recorde com uma foto vendida por R$ 7 milhões.
"É verdade que esses artistas têm enorme visibilidade", diz Gunnar Kvaran, curador do museu norueguês Astrup Fearnley, que emprestou as obras da exposição. "Eles são como os netos de Warhol que entraram no 'star system'."
Na mostra é possível entender como isso aconteceu.
Numa pintura, Koons faz sexo oral com Cicciolina, Sherman se autorretrata como a Virgem lactante e Prince reinventa o cáuboi dos comerciais de Marlboro.
Todos se apropriam de fragmentos da cultura visual, pop e erudita, para articular imagens tão sedutoras e excêntricas como suas próprias personalidades.

EMERGENTES
Menos vistosos, também estão na mostra artistas consagrados que trilharam caminhos estéticos mais sutis.
Felix Gonzalez-Torres, cubano radicado nos Estados Unidos, explora questões autobiográficas em instalações que dialogam com o minimalismo, como um grande tapete feito de doces embrulhados em celofane azul.
Questões arquitetônicas e espaços ermos e vazios estão num vídeo de Doug Aitken, artista que já projetou uma série de curtas na fachada do MoMA, em Nova York.
Shirin Neshat, iraniana radicada em Manhattan, também cria videoinstalações mais sóbrias, em que discute a condição feminina no Irã e inventa fantasias utópicas para sublinhar as contradições do mundo muçulmano.
Na ala mais jovem e não menos controversa da América, artistas como Nate Lowman, Paul Chan, Frank Benson, Dan Colen e Terence Koh, chinês radicado em Nova York, reinventam noções de escultura e videoarte em obras críticas à hegemonia norte-americana no planeta e ao consumismo do país.
Entre os mais polêmicos, Koh, famoso por ser amigo da estrela pop Lady Gaga, já vendeu até seus próprios excrementos folhados a ouro e não se acanha em usar esperma e outras secreções como material de suas composições.
Na mostra comemorativa, ele exibe duas esculturas cobertas em ouro e purpurina, construídas com abelhas e a cabeça de um babuíno.


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