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ELEIÇÕES 2004
Mata-mata na TV
SÍLVIA CORRÊA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PSDB riscou do mapa o PP, que encurtou a fala do PSDB,
que conseguiu suspender o PT. Na reta final da campanha, o alvo é o horário eleitoral gratuito. Tecnicamente empatados com
os tucanos, os petistas fizeram um balanço da eleição e miraram
em José Serra. No vale-tudo, defenderam até Maluf -que já sumiu do bloco noturno da TV- e deram a ele o crédito por obras
da cidade -supostamente usurpado pelo tucano. Na tela, Marta com Lula, Serra com Alckmin. O governador pede para ter a
chance de fazer uma boa parceria com a cidade. O presidente e a
prefeita também. Com ânimos acirrados, PT e PSDB anunciaram que vão escalar um exército de fiscais para o dia da eleição.
O candidato do PP à Prefeitura
de São Paulo, Paulo Maluf, já está
praticamente fora dos três últimos dias de inserções de rádio e
TV do primeiro turno. Nos blocos, também perdeu dois dos três
programas aos quais teria direito
desde ontem à noite.
Maluf foi riscado da grade de
programação por dez decisões seguidas da Justiça Eleitoral, que
concederam sucessivos direitos
de resposta ao tucano José Serra.
No que diz respeito às inserções,
só ontem Maluf perdeu 12 minutos de rádio e 29 de TV. Como já
havia condenações de domingo, a
soma de tempo perdido chega a
31 minutos de TV e 32 de rádio.
Em todos os casos, o PSDB contesta peças nas quais Maluf chama
Serra de caloteiro e diz que o tucano fraudou a venda de um imóvel.
O PP tem direito a 2 minutos e
36 segundos de inserções diárias
em cada emissora de rádio e TV.
Ou seja: na prática, a condenação
engole tudo o que iria ao ar em
quatro TVs e quatro rádios.
Como os ataques a Serra foram
veiculados nos principais canais
-e neles devem ser respondidos-, a própria campanha de
Maluf já considera que não tem
mais inserções a ocupar.
"Os nossos advogados vão recorrer. É uma coisa inacreditável.
A decisão foi absurda. O juiz exorbitou. Não é uma decisão da Justiça, é de um juiz. E ele é homem e
pode errar", afirmou Maluf, repetindo uma frase que tem adotado
para comentar os índices de intenção de voto que apresenta nas
pesquisas -de 11% a 12%. "Nosso programa apresentou fatos. Se
os fatos não forem verdadeiros,
nós pedimos desculpas."
A punição foi decidida pelo juiz
Roberto Maia Filho. A defesa de
Maluf tentou ontem uma liminar
contra as decisões, o que foi negado no Tribunal Regional Eleitoral.
O PSDB, então, começou a veicular sua resposta em inserções
ontem à noite. Nelas, Serra nega
dever a um deficiente físico e diz
que a venda da casa citada por
Maluf foi legal. O partido dividiu
o tempo que ganhou na Justiça
em inserções de 15 segundos na
TV e de 30 segundos no rádio.
Já no bloco de horário eleitoral
-no qual a punição vale em todas as emissoras-, Maluf perdeu
6 minutos e 21 segundos na TV e 6
minutos e 33 segundos no rádio,
dos quase 8 minutos que tinha
contando o programa de ontem à
noite e os dois de amanhã. Ficou
só com o de amanhã à tarde.
O troco
Maluf reagiu contra Serra na
mesma Justiça Eleitoral e conseguiu tirar o PSDB do ar por 1 minuto e 20 segundos no programa
eleitoral da tarde de amanhã, alegando que Serra invadiu o horário dos vereadores, já que os candidatos só falaram do tucano.
Também alegando invasão do
tempo dos vereadores, os tucanos
vão tirar Marta Suplicy do ar por 1
minuto e 32 segundos em cada
horário eleitoral de amanhã, o último dos candidatos à prefeitura.
É a segunda grande investida do
PSDB contra o PT na reta final da
campanha. Na sexta, os tucanos
conseguiram direito de resposta e
tomaram 42 inserções de um minutos dos petistas, que contam
diariamente com 7 minutos e 6
segundos de inserções em cada
emissora de rádio e de TV.
O contra-ataque se deu devido a
uma peça na qual o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) diz que o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atrasou a liberação
de recursos para o sistema de
transportes de São Paulo.
Em Brasília, o PT fracassou na
tentativa de barrar o direito de
resposta no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas não se intimidou: colocou um narrador fazendo a comparação entre a ajuda
que os governos FHC e Lula deram a Marta e gravou uma nova
peça com Mercadante reafirmando o que disse -que pode ir ao ar
no encerramento do horário político majoritário, amanhã.
"Não achei justa [a decisão], e o
senador Mercadante já disse por
que não é justa. Porque é absolutamente verdade que no governo
FHC nós praticamente não tivemos verbas", disse Marta ontem.
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