São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Mata-mata na TV

SÍLVIA CORRÊA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PSDB riscou do mapa o PP, que encurtou a fala do PSDB, que conseguiu suspender o PT. Na reta final da campanha, o alvo é o horário eleitoral gratuito. Tecnicamente empatados com os tucanos, os petistas fizeram um balanço da eleição e miraram em José Serra. No vale-tudo, defenderam até Maluf -que já sumiu do bloco noturno da TV- e deram a ele o crédito por obras da cidade -supostamente usurpado pelo tucano. Na tela, Marta com Lula, Serra com Alckmin. O governador pede para ter a chance de fazer uma boa parceria com a cidade. O presidente e a prefeita também. Com ânimos acirrados, PT e PSDB anunciaram que vão escalar um exército de fiscais para o dia da eleição.

O candidato do PP à Prefeitura de São Paulo, Paulo Maluf, já está praticamente fora dos três últimos dias de inserções de rádio e TV do primeiro turno. Nos blocos, também perdeu dois dos três programas aos quais teria direito desde ontem à noite.
Maluf foi riscado da grade de programação por dez decisões seguidas da Justiça Eleitoral, que concederam sucessivos direitos de resposta ao tucano José Serra.
No que diz respeito às inserções, só ontem Maluf perdeu 12 minutos de rádio e 29 de TV. Como já havia condenações de domingo, a soma de tempo perdido chega a 31 minutos de TV e 32 de rádio.
Em todos os casos, o PSDB contesta peças nas quais Maluf chama Serra de caloteiro e diz que o tucano fraudou a venda de um imóvel.
O PP tem direito a 2 minutos e 36 segundos de inserções diárias em cada emissora de rádio e TV. Ou seja: na prática, a condenação engole tudo o que iria ao ar em quatro TVs e quatro rádios.
Como os ataques a Serra foram veiculados nos principais canais -e neles devem ser respondidos-, a própria campanha de Maluf já considera que não tem mais inserções a ocupar.
"Os nossos advogados vão recorrer. É uma coisa inacreditável. A decisão foi absurda. O juiz exorbitou. Não é uma decisão da Justiça, é de um juiz. E ele é homem e pode errar", afirmou Maluf, repetindo uma frase que tem adotado para comentar os índices de intenção de voto que apresenta nas pesquisas -de 11% a 12%. "Nosso programa apresentou fatos. Se os fatos não forem verdadeiros, nós pedimos desculpas."
A punição foi decidida pelo juiz Roberto Maia Filho. A defesa de Maluf tentou ontem uma liminar contra as decisões, o que foi negado no Tribunal Regional Eleitoral.
O PSDB, então, começou a veicular sua resposta em inserções ontem à noite. Nelas, Serra nega dever a um deficiente físico e diz que a venda da casa citada por Maluf foi legal. O partido dividiu o tempo que ganhou na Justiça em inserções de 15 segundos na TV e de 30 segundos no rádio.
Já no bloco de horário eleitoral -no qual a punição vale em todas as emissoras-, Maluf perdeu 6 minutos e 21 segundos na TV e 6 minutos e 33 segundos no rádio, dos quase 8 minutos que tinha contando o programa de ontem à noite e os dois de amanhã. Ficou só com o de amanhã à tarde.

O troco
Maluf reagiu contra Serra na mesma Justiça Eleitoral e conseguiu tirar o PSDB do ar por 1 minuto e 20 segundos no programa eleitoral da tarde de amanhã, alegando que Serra invadiu o horário dos vereadores, já que os candidatos só falaram do tucano.
Também alegando invasão do tempo dos vereadores, os tucanos vão tirar Marta Suplicy do ar por 1 minuto e 32 segundos em cada horário eleitoral de amanhã, o último dos candidatos à prefeitura.
É a segunda grande investida do PSDB contra o PT na reta final da campanha. Na sexta, os tucanos conseguiram direito de resposta e tomaram 42 inserções de um minutos dos petistas, que contam diariamente com 7 minutos e 6 segundos de inserções em cada emissora de rádio e de TV.
O contra-ataque se deu devido a uma peça na qual o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) diz que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atrasou a liberação de recursos para o sistema de transportes de São Paulo.
Em Brasília, o PT fracassou na tentativa de barrar o direito de resposta no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas não se intimidou: colocou um narrador fazendo a comparação entre a ajuda que os governos FHC e Lula deram a Marta e gravou uma nova peça com Mercadante reafirmando o que disse -que pode ir ao ar no encerramento do horário político majoritário, amanhã.
"Não achei justa [a decisão], e o senador Mercadante já disse por que não é justa. Porque é absolutamente verdade que no governo FHC nós praticamente não tivemos verbas", disse Marta ontem.


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