São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2008

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RANKING SP

Alto de Pinheiros e Jardim Paulista são os melhores para se viver

Os dois distritos da zona oeste empatam com as notas mais altas da cidade, 7; Brasilândia, na região noroeste, tem média 4,1, a mais baixa de SP

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 20 km separam uma região da outra. Mas é como se fossem dois países diferentes. Nos vizinhos Alto de Pinheiros e Jardim Paulista (zona oeste), os moradores são os mais satisfeitos com o próprio bairro, com média 7. Na Brasilândia (noroeste), impera a maior insatisfação: média 4,1.
"É um bairro triste para se viver", diz Severina Josefa da Conceição, 70, moradora há 20 anos na Vila Terezinha, um dos bairros da Brasilândia. "Se eu tiver que dar uma nota para o bairro, digo é nota nada, porque nem zero cabe."
Tudo é problema no distrito ao pé da serra da Cantareira: iluminação, limpeza, áreas de lazer, quantidade de escolas públicas e particulares, falta de segurança. A lista é enorme.
Transporte coletivo, por exemplo. Foi a qualidade dos ônibus que atendem a região que fez com que Severina parasse de trabalhar, no ano passado. "Ônibus não pára para idoso. Falta educação."
No Alto de Pinheiros, é o contrário. O ônibus que passa vazio pelas ruas sossegadas do distrito atormenta a vida dos moradores. "Já tentamos mudar isso, mas não conseguimos", diz Maria Helena Bueno, vice-presidente da Saap (Sociedade Amigos do Alto de Pinheiros)
Maria Helena aponta ainda que a insegurança incomoda, mas seu alvo não é a polícia, é o próprio morador. "Quando tem assalto no fim de semana, a culpa é do vizinho, que não cuida da casa do outro, não quer nem saber se está em casa ou foi viajar. O vizinho não conhece quem mora ao lado dele."
Na Brasilândia, é só o vizinho quem cuida. "Polícia aqui, você chama dez vezes e não vem. De vez quando passa um [carro de polícia]. De noite, não vem de jeito nenhum", diz Severina.
O Jardim Paulista, onde 49% dos moradores vivem com mais de dez salários mínimos por mês, o problema já foi equacionado. "Segurança nós conseguimos resolver com segurança privada mesmo", diz o arquiteto urbanista Candido Malta, morador do Jardim Paulistano e presidente da Sajeb (Sociedade Amigos dos Jardins América, Europa e Paulistano). A nota para a segurança no distrito é 6,6, a maior da cidade empatada com Alto de Pinheiros.
Para aumentar a sensação de insegurança na Brasilândia tem iluminação pública precária. "É mais apagado que aceso", diz a aposentada Severina.
Nem sempre. Na rua Clara Nunes, no Jd. Elisa Maria, a reportagem achou várias lâmpadas acesas. Só que era meio da tarde e o sol rachava a cabeça das crianças que corriam de um lado para outro -também faltam creches na região.
Se a Brasilândia tem crianças (e adultos) nas ruas a qualquer hora do dia, no Alto de Pinheiros isso é raridade. É difícil encontrar gente na rua, indo a pé ao supermercado, por exemplo. Vizinhos conversando na calçada, então, não existe.
"Não existe mentalidade do bem comum. As pessoas não estão nas ruas e temem ser abordadas", diz a vice-presidente da Saap. Maria Helena concorda que o Alto de Pinheiros é o melhor local de São Paulo para viver. "Aqui é muito bonito, muito arborizado, as ruas são tranqüilas e o trânsito está só nos corredores". Mas alerta: "Eu amo meu bairro, é por aqui mesmo que eu fico. Mas não ando na rua, não."
A nota 7 do distrito do Jardim Paulista só não é maior por causa do trânsito, que recebeu nota 3. "Se não fosse o trânsito, seria perfeito", diz Candido Malta. "O trânsito traz intranqüilidade, e o que o morador mais preza é a tranqüilidade."
Ele admite que os moradores colaboram para a piora do trânsito, mas diz que o problema é grave porque a região é rota de passagem de quem vem de bairros mais distantes. Se o transporte coletivo fosse bom, ele diz, as pessoas deixariam seus carros em casa.
"Muitos moradores dos Jardins transferiram seus escritórios para o bairro. E não foi por causa da violência. Foi por causa do trânsito", diz Malta. Segundo o Datafolha, 32% dos moradores do Jardim Paulista vão trabalhar a pé e 32% usam o carro. Na Brasilândia, onde só 5% usam carro, 46% vão trabalhar de ônibus.

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