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RANKING SP
Alto de Pinheiros e Jardim Paulista são os melhores para se viver
Os dois distritos da zona oeste empatam com as notas mais altas da cidade, 7; Brasilândia, na região noroeste, tem média 4,1, a mais baixa de SP
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 20 km separam
uma região da outra. Mas é como se fossem dois países diferentes. Nos vizinhos Alto de Pinheiros e Jardim Paulista (zona oeste), os moradores são os
mais satisfeitos com o próprio
bairro, com média 7. Na Brasilândia (noroeste), impera a
maior insatisfação: média 4,1.
"É um bairro triste para se viver", diz Severina Josefa da
Conceição, 70, moradora há 20
anos na Vila Terezinha, um dos
bairros da Brasilândia. "Se eu
tiver que dar uma nota para o
bairro, digo é nota nada, porque
nem zero cabe."
Tudo é problema no distrito
ao pé da serra da Cantareira:
iluminação, limpeza, áreas de
lazer, quantidade de escolas
públicas e particulares, falta de
segurança. A lista é enorme.
Transporte coletivo, por
exemplo. Foi a qualidade dos
ônibus que atendem a região
que fez com que Severina parasse de trabalhar, no ano passado. "Ônibus não pára para
idoso. Falta educação."
No Alto de Pinheiros, é o contrário. O ônibus que passa vazio
pelas ruas sossegadas do distrito atormenta a vida dos moradores. "Já tentamos mudar isso, mas não conseguimos", diz
Maria Helena Bueno, vice-presidente da Saap (Sociedade
Amigos do Alto de Pinheiros)
Maria Helena aponta ainda
que a insegurança incomoda,
mas seu alvo não é a polícia, é o
próprio morador. "Quando tem
assalto no fim de semana, a culpa é do vizinho, que não cuida
da casa do outro, não quer nem
saber se está em casa ou foi viajar. O vizinho não conhece
quem mora ao lado dele."
Na Brasilândia, é só o vizinho
quem cuida. "Polícia aqui, você
chama dez vezes e não vem. De
vez quando passa um [carro de
polícia]. De noite, não vem de
jeito nenhum", diz Severina.
O Jardim Paulista, onde 49%
dos moradores vivem com mais
de dez salários mínimos por
mês, o problema já foi equacionado. "Segurança nós conseguimos resolver com segurança
privada mesmo", diz o arquiteto urbanista Candido Malta,
morador do Jardim Paulistano
e presidente da Sajeb (Sociedade Amigos dos Jardins América, Europa e Paulistano). A nota para a segurança no distrito é
6,6, a maior da cidade empatada com Alto de Pinheiros.
Para aumentar a sensação de
insegurança na Brasilândia
tem iluminação pública precária. "É mais apagado que aceso", diz a aposentada Severina.
Nem sempre. Na rua Clara
Nunes, no Jd. Elisa Maria, a reportagem achou várias lâmpadas acesas. Só que era meio da
tarde e o sol rachava a cabeça
das crianças que corriam de um
lado para outro -também faltam creches na região.
Se a Brasilândia tem crianças
(e adultos) nas ruas a qualquer
hora do dia, no Alto de Pinheiros isso é raridade. É difícil encontrar gente na rua, indo a pé
ao supermercado, por exemplo.
Vizinhos conversando na calçada, então, não existe.
"Não existe mentalidade do
bem comum. As pessoas não
estão nas ruas e temem ser
abordadas", diz a vice-presidente da Saap. Maria Helena
concorda que o Alto de Pinheiros é o melhor local de São Paulo para viver. "Aqui é muito bonito, muito arborizado, as ruas
são tranqüilas e o trânsito está
só nos corredores". Mas alerta:
"Eu amo meu bairro, é por aqui
mesmo que eu fico. Mas não
ando na rua, não."
A nota 7 do distrito do Jardim Paulista só não é maior por
causa do trânsito, que recebeu
nota 3. "Se não fosse o trânsito,
seria perfeito", diz Candido
Malta. "O trânsito traz intranqüilidade, e o que o morador
mais preza é a tranqüilidade."
Ele admite que os moradores
colaboram para a piora do trânsito, mas diz que o problema é
grave porque a região é rota de
passagem de quem vem de
bairros mais distantes. Se o
transporte coletivo fosse bom,
ele diz, as pessoas deixariam
seus carros em casa.
"Muitos moradores dos Jardins transferiram seus escritórios para o bairro. E não foi por
causa da violência. Foi por causa do trânsito", diz Malta. Segundo o Datafolha, 32% dos
moradores do Jardim Paulista
vão trabalhar a pé e 32% usam o
carro. Na Brasilândia, onde só
5% usam carro, 46% vão trabalhar de ônibus.
Veja NO QUE SEU DISTRITO SE DESTACA
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