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ADMINISTRAÇÃO
Partido comanda atualmente 186 prefeituras, controla 5 governos estaduais e governa 33 milhões de pessoas
No poder, PT inova e conhece escândalos
CHICO DE GOIS
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seus 22 anos de existência, o
PT introduziu grandes inovações
na administração de municípios e
Estados, sempre com ênfase em
projetos sociais. Mas, por outro
lado, o partido reproduziu práticas que antes combatia e acabou
por protagonizar alguns escândalos nacionais.
Hoje, o PT administra 186 municípios, incluindo sete capitais,
onde vivem cerca de 33 milhões
de pessoas. O partido também governa cinco Estados, cuja população soma 27 milhões de habitantes. Em 1982, quando começou a
gerir cidades, o partido conquistara apenas Diadema (SP) e Santa
Quitéria (MA). Somadas, as duas
cidades tinham só 250 mil habitantes.
Nesses 20 anos de prática administrativa, a legenda se notabilizou por cunhar marcas que exibe
com orgulho, como a implementação do programa Renda Mínima e do Orçamento Participativo
-este permite à população escolher o destino de um percentual
ínfimo do Orçamento dos municípios e de alguns Estados.
Além disso, administrações públicas do partido também receberam vários prêmios internacionais por idéias criativas para solucionar problemas da população,
geralmente por meio de projetos
sociais.
Mas o exercício do poder também fez o partido adotar as mesmas práticas que criticava quando
estava na oposição. Acostumados
a serem os primeiros a atirar pedras nas administrações dos adversários, ao assumirem prefeituras e Estados, os petistas não escaparam de acusações de irregularidades que, em alguns casos, se
tornaram grandes escândalos.
As pedradas mais recentes tiveram como vidraça a Prefeitura de
Santo André, onde haveria um esquema de extorsão de empresários de ônibus em benefício dos
cofres partidários.
Várias outras prefeituras também foram alvo de suspeitas. Na
edição de 30 de setembro, a Folha
informou que pelo menos 17 das
39 cidades administradas pelo PT
no Estado de São Paulo contrataram empresas ligadas a petistas.
Na Prefeitura de São Paulo, os
petistas contrataram, para ajudar
na limpeza urbana da cidade,
uma empresa que havia sido
aberta um mês antes e estava em
nome de um serralheiro e de um
estudante de 21 anos.
Na Prefeitura de Ribeirão Preto,
um secretário foi exonerado sob
suspeita de negociar benefícios
para uma empreiteira contratada
pelo município.
O governo do Estado de Mato
Grosso do Sul foi acusado de desviar recursos do FAT (Fundo de
Amparo ao Trabalhador) para
campanhas de petistas. Já o governo do Rio Grande do Sul sofreu denúncias de facilitar o trabalho de banqueiros do jogo do bicho, que é ilegal.
Uma piada corrente entre não-petistas tenta exemplificar a dualidade petista de ser. De acordo
com a anedota, se um governante
de outro partido distribui cargos
entre aliados para aprovar projetos, é "fisiologismo". Se o governante for do PT e fizer a mesma
coisa, é "acordo político".
Da mesma forma, o parlamentar que pede a devolução de parte
do salário de seus funcionários de
gabinete cobra "pedágio"; mas, se
for petista, promove "redistribuição de recursos". E os "funcionários-fantasmas" são tidos pelos
petistas como "liberados para
atuar nas bases sociais".
Outras duas práticas são características do PT no governo: reuniões e discussões. Para os petistas, as reuniões não constituem
um defeito, mas uma prova de democracia e amadurecimento.
Quanto às discussões, nestes 20
anos, não foram poucos os que
deixaram o partido por não suportarem a pressão -ou intromissão, como classificam alguns:
Gilson Menezes, de Diadema
(SP); Luiza Erundina, de São Paulo; Jacó Bittar, de Campinas; Maria Luiza Fontenelle, de Fortaleza;
e Maurício Soares, de São Bernardo do Campo, entre outros.
Os petistas procuram seguir
uma espécie de cartilha sobre o
jeito de administrar. Cabe à Secretaria Nacional de Assuntos Institucionais (SNAI) "acompanhar e
recolher informações da atuação
dos governos municipais administrados pelo partido, fomentar
o debate de políticas públicas e
prestar orientações".
É por meio dessa secretaria que
as prefeituras fazem uma espécie
de clonagem de outras práticas
petistas. "Há cinco anos, a coqueluche da vitrine petista era a cidade de Porto Alegre; depois, passou a ser Santo André", afirma Vicente Trevas, secretário da SNAI.
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