São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VALDIR CIMINO - FINALISTA

Primeiras histórias

Publicitário faz dos livros e da brincadeira alívio para mais de 293 mil crianças em hospitais

DENISE RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A história do publicitário Valdir Cimino, 47, mais parece um livro repleto de aventuras, recheado de personagens-chave que o ajudaram a tecer uma trama pra lá de envolvente.
A primeira delas foi a avó espanhola, Pepa, que todas as tardes entretia os netos com relatos de sua terra natal, enquanto costurava. "Ela também criava histórias. As de terror eram as mais gostosas", recorda Valdir.
Outro avô, muito religioso, ensinou-lhe o significado do altruísmo. "Na festa de são Cosme e Damião, a gente levava meses preparando os doces. A entrega era pura emoção."
O capítulo "vida profissional" também teve participações especiais, como a da tia Beth, que anunciou o aniversário do menino, aos cinco anos, na rádio. A carreira de sucesso em comunicação nascia ali, com a curiosidade de saber como a "mágica da voz" se dava.
E foi justamente a rápida ascensão -e a conseqüente sobrecarga- profissional que o empurrou para seu primeiro contato com o voluntariado, anos mais tarde, ao se isolar por um ano em Nova York.
Lá, foi aconselhado por uma professora voluntária de inglês a doar parte de seu tempo a idosos cadastrados num hospital.

Na porta da frente
Entre uma história e outra, o menino pobre nascido numa vila operária no Ipiranga, em São Paulo, transformava-se no empreendedor social que revolucionou a forma de praticar o voluntariado no Brasil.
Em 1992, de volta ao país, Valdir se engajou no apoio às crianças internadas no Instituto Emílio Ribas. O início foi tímido, "pela porta dos fundos".
Instigado pela sobrinha Violeta, então com 12 anos, o publicitário passou a contar histórias aos pequenos internados. Hoje, a Associação Viva e Deixe Viver, criada em 1997, já levou conforto, narrações e brincadeiras a mais de 293 mil crianças em 71 hospitais do país.
Graças em boa parte à incansável atuação de Valdir, o programa de humanização hospitalar foi criado pelo Ministério da Saúde em 2001 e virou política pública dois anos depois.
O neto de Pepa, sobrinho de Beth e "tio do colete colorido" levou para o terceiro setor a expertise de executivo, publicitário e professor universitário.
O mercado formal perdeu um profissional disputado, mas o mundo ficou bem melhor depois que ele mudou de lado.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Quem é ele
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.