São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Copa 1958

A linhagem sueca de Garrincha

Herdeiro do lendário ponta acompanha, orgulhoso, treinamentos dos filhos e sonha em ver ao menos um deles atuando no Brasil

ENVIADO ESPECIAL A HALMSTAD

Martin, 19, Henrik, 10, Linnea, 10... O clã Garrincha na Suécia não só cresce como entra em campo, dribla e promete até no futebol feminino.
""Minha filha [Linnea] é muito boa. Faz gols, chuta de esquerda e de direita. Acho que é a melhor dos meus filhos", diz Ulf Lindberg, 48, o filho sueco do lendário ponta. Fruto de excursão de Garrincha à Suécia após a Copa-58, hoje ele trata mais de acompanhar os filhos aos treinos do que qualquer coisa. E a Folha o acompanhou por um dia aos treinamentos de Martin, Henrik e Linnea.
Todos têm seus clubes e relativo destaque. Martin, 19, foi ao treino do Astrio com uma camisa do Real Madrid com o nome Garrincha nas costas. Ele é quem está mais perto de seguir os passos do avô. Atacante, mostra habilidade, mas, segundo o técnico dele, precisa aprimorar o ""jogo de conjunto".
""Para mim, é um orgulho ser neto de um grande jogador", diz Martin, que tem jogado na esquerda. Ulf, pai e filho coruja, estuda a possibilidade de lhe conseguir um clube no Brasil. ""Acho que ele pode se desenvolver melhor como jogador no Brasil", fala, sem temer as inevitáveis comparações.
""É difícil falar com dirigentes do Botafogo disso. Mas o Martin pode atuar em outro clube", diz Ulf, que vive em Halmstad.
Parte do clã sueco de Garrincha (Ulf e Martin) esteve no Brasil em 2005 e conheceu a estrutura do futebol nacional.
""Foi uma viagem futebolística. Visitei o lugar onde meu pai está enterrado. Nilton Santos chorou quando me viu. Compreendi mais a importância do meu pai. Não só os torcedores do Botafogo iam vê-lo jogar", conta Ulf, que tem em seu quarto fotos do pai na parede.
""Entendo o interesse das pessoas pelo meu pai. Garrincha não foi tão mostrado na TV como Pelé. Pelé foi grande, mas tinha muita mídia. Muita gente que viu os dois diz que Garrincha foi melhor", afirma Ulf.
O filho sueco de Garrincha caminha sem problemas, mas não esconde limitações físicas que lembram o pai. ""Eu joguei futebol, mas tive que parar por contusão. Tive inflamações nos joelhos, em vários lugares. Doía para jogar", conta ele, que planeja nova viagem ao Brasil.
""Planejamos ficar mais tempo desta vez. Queria ir à Bahia. Em 2014, estaremos na Copa, mas nós queremos ir antes."
Ulf conseguiu clubes perto de casa para os filhos. Henrik atua no Halmstad. Apesar de o técnico ver nele ""o estilo brasileiro" e achá-lo ""diferente", Henrik demonstra não ter o prazer de jogar da irmã gêmea, a craque do Snösterp-Nyhem.
Linnea também é a mais sorridente deles. Em campo ou fora dele, faz brincadeiras e lembra o espírito moleque do avô.
Ulf tem outro filho, Jonas, 22, que não deve seguir carreira na bola -trabalha em outra área. E nada garante que os demais vingarão. Mas algo une o clã Garrincha: todos são atacantes e curtem jogadas individuais. (RODRIGO BUENO)


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