São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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CONSUMO

Adulto ajuda a escolher e decide compra da criança

Orientação de pais evita frustração e influência excessiva da publicidade

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando os programas de TV e as lojas estão por trás do "eu quero" das crianças, os pais precisam fazer valer seu poder de barganha e de decisão.
"Devem ser mediadores entre a criança e a indústria", diz Tânia Fortuna, coordenadora do programa "Quem quer brincar?", da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Para isso, têm de participar da decisão. "O desafio é dizer "não" quando sentem que os brinquedos não são adequados. Crianças nem sempre são capazes de discernir entre o que é saudável e o que é excessivo", avalia Eliana Bhering, docente da Faculdade de Educação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
A escolha passa a ser influenciada pela mídia a partir de três anos e meio de idade, quando a TV marca presença, aponta Orly Mantovani de Assis, docente da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Para amenizar a indução, o Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) incluiu normas éticas no Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária quando se trata de publicidade para crianças e adolescentes.
Segundo o texto, que já está em vigor, não serão aceitos apelos como "Peça para a mamãe comprar" ou uma criança dizendo "Faça como eu, use...". Para o Conar, esse é um público com personalidade em formação, provavelmente inapto para responder a apelo de consumo.
A compra também requer atenção para que a criança não se frustre. Deve-se mostrar a ela que a brincadeira não vem com o brinquedo, mesmo quando é isso que a embalagem mostra. "É preciso interpelar, sem ser intrusivo: "Você vai saber montar o brinquedo? Onde irá guardá-lo?'", sugere Fortuna.

Decisão
Fazer um test-drive na loja também minimiza decepções. "Envolvê-las no processo é uma coisa, deixar que elas decidam tudo é outra. Isso deve ser guiado, com diálogos que façam a criança entender o porquê da decisão", avalia Bhering.
A encarregada comercial Lúcia Mendes, 37, que comprava brinquedos caros para o filho, Eric, 6, conta que, recentemente, ele disse que não gostava da bicicleta escolhida pelos pais, e sim da cesta de basquete.
"Achávamos que tínhamos de comprar aqueles que ninguém tem condição de dar. Percebemos que os brinquedos eram os que nós queríamos, e não os que o Eric queria."
O preço é outro ponto de reflexão. Se o valor estiver acima do que os pais podem pagar, deverão negociar e propor um valor máximo, deixando a criança escolher o que quiser. (MI)


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