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CONSUMO
Adulto ajuda a escolher e decide compra da criança
Orientação de pais evita frustração e influência excessiva da publicidade
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando os programas de TV
e as lojas estão por trás do "eu
quero" das crianças, os pais
precisam fazer valer seu poder
de barganha e de decisão.
"Devem ser mediadores entre a criança e a indústria", diz
Tânia Fortuna, coordenadora
do programa "Quem quer brincar?", da UFRGS (Universidade
Federal do Rio Grande do Sul).
Para isso, têm de participar
da decisão. "O desafio é dizer
"não" quando sentem que
os brinquedos não são adequados. Crianças nem sempre são
capazes de discernir entre
o que é saudável e o que é excessivo", avalia Eliana Bhering,
docente da Faculdade de Educação da UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro).
A escolha passa a ser influenciada pela mídia a partir de três
anos e meio de idade, quando
a TV marca presença, aponta
Orly Mantovani de Assis,
docente da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Para amenizar a indução, o
Conar (Conselho Nacional de
Auto-Regulamentação Publicitária) incluiu normas éticas no
Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária
quando se trata de publicidade
para crianças e adolescentes.
Segundo o texto, que já está
em vigor, não serão aceitos apelos como "Peça para a mamãe
comprar" ou uma criança dizendo "Faça como eu, use...".
Para o Conar, esse é um público
com personalidade em formação, provavelmente inapto para
responder a apelo de consumo.
A compra também requer
atenção para que a criança não
se frustre. Deve-se mostrar a
ela que a brincadeira não vem
com o brinquedo, mesmo
quando é isso que a embalagem
mostra. "É preciso interpelar,
sem ser intrusivo: "Você vai saber montar o brinquedo? Onde
irá guardá-lo?'", sugere Fortuna.
Decisão
Fazer um test-drive na loja também minimiza decepções. "Envolvê-las no processo é
uma coisa, deixar que
elas decidam tudo é
outra. Isso deve ser guiado,
com diálogos que façam a
criança entender o porquê da
decisão", avalia Bhering.
A encarregada comercial Lúcia Mendes, 37, que comprava
brinquedos caros para o filho,
Eric, 6, conta que, recentemente, ele disse que não gostava da
bicicleta escolhida pelos pais, e
sim da cesta de basquete.
"Achávamos que tínhamos
de comprar aqueles que ninguém tem condição de dar.
Percebemos que os brinquedos eram os que nós queríamos, e não os que o
Eric queria."
O preço é outro
ponto de reflexão. Se
o valor estiver acima do que os
pais podem pagar, deverão negociar e propor um valor máximo, deixando a criança escolher o que quiser.
(MI)
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