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PRESIDÊNCIA
PF começa amanhã indiciamentos por compra de dossiê
Ao menos seis envolvidos serão indiciados, o que apontará que tipo de crimes supostamente foram cometidos no caso
De acordo com delegado próximo da investigação, há chance de enquadramentos também pelo delito de formação de quadrilha
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
A Polícia Federal informou
ontem que começará a indiciar
a partir de amanhã, após as
eleições, ao menos seis envolvidos com a negociação de compra do dossiê contra tucanos.
O indiciamento apontará que
tipo de crimes supostamente
cometeram os negociadores do
material e emissários do PT
presos com R$ 1,168 milhão e
US$ 248,8 mil -que seriam
usados na compra do dossiê.
São eles: o advogado Gedimar Passos, emissário do PT, o
empresário Valdebran Padilha,
e os ex-petistas Hamilton Lacerda, ex-assessor da campanha de Aloizio Mercadante ao
governo de São Paulo, e os ex-assessores da campanha do
presidente Lula Jorge Lorenzetti, Expedito Veloso e Osvaldo Bargas. Ainda não é certo o
indiciamento de Freud Godoy,
ex-assessor especial de Lula,
que teve o sigilo bancário quebrado pela Justiça.
O delegado Diógenes Curado
Filho, responsável pela investigação, ainda analisa as formas
de indiciamento. Outro delegado próximo ao caso informou
que existe a hipótese de crime
de formação de quadrilha.
Conforme a PF, os dólares
que seriam usados para comprar o dossiê saíram da casa de
câmbio Vicatur, de Nova Iguaçu (RJ). Os sócios da empresa,
Sirley da Silva Chaves e Fernando Manoel Ribas, foram indiciados por crimes contra o
sistema financeiro, lavagem de
dinheiro, formação de quadrilha e uso de documentos falsos.
A Vicatur utilizou "laranjas"
de uma mesma família, segundo a PF, registrando em nome
deles os saques de dólares.
O dinheiro, porém, foi
apreendido no dia 15 de setembro, em São Paulo, em poder de
Gedimar e de Valdebran, que
negociava a compra do dossiê
com Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas.
Os dólares entraram legalmente no Brasil por meio do
banco Sofisa, de São Paulo.
A partir desse banco, a PF
rastreou o caminho do dinheiro até a Vicatur. Descobriu que,
entre a segunda quinzena de
agosto e início de setembro, "laranjas" de uma mesma família
fizeram os saques.
Na busca do verdadeiro sacador do dinheiro, a PF descobriu
que o circuito de TV do hotel
mostrou Hamilton Lacerda entregando uma mala a Gedimar.
A PF diz que naquela mala estava o dinheiro. Hamilton nega.
O relatório parcial da PF
apontou que a negociação foi
comandada por Jorge Lorenzetti. Bargas e Expedito foram a
Cuiabá negociar com Vedoin a
compra no fim de agosto.
Lula afirmou desconhecer a
compra do dossiê e chamou os
negociadores de aloprados.
A PF apreendeu, em Cuiabá,
um vídeo, um CD e fotos que
mostram os tucanos José Serra, governador eleito de São
Paulo, e o presidenciável Geraldo Alckmin em ato de entrega
de ambulâncias dos sanguessugas -que comporiam o dossiê.
À PF Expedito disse que o
dossiê tinha comprovantes de
depósitos e nove cheques, que
somam cerca de R$ 600 mil, indicando pagamento de propina
a Abel Pereira, empresário ligado a Barjas Negri (PSDB), ex-ministro da Saúde de FHC e
atual prefeito de Piracicaba.
Abel nega ter recebido propina para liberar dinheiro no ministério da Saúde na gestão de
Barjas, que foi secretário de
Serra na pasta, antes de substitui-lo no cargo.
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