São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

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PRESIDÊNCIA

PF começa amanhã indiciamentos por compra de dossiê

Ao menos seis envolvidos serão indiciados, o que apontará que tipo de crimes supostamente foram cometidos no caso

De acordo com delegado próximo da investigação, há chance de enquadramentos também pelo delito de formação de quadrilha

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

A Polícia Federal informou ontem que começará a indiciar a partir de amanhã, após as eleições, ao menos seis envolvidos com a negociação de compra do dossiê contra tucanos.
O indiciamento apontará que tipo de crimes supostamente cometeram os negociadores do material e emissários do PT presos com R$ 1,168 milhão e US$ 248,8 mil -que seriam usados na compra do dossiê.
São eles: o advogado Gedimar Passos, emissário do PT, o empresário Valdebran Padilha, e os ex-petistas Hamilton Lacerda, ex-assessor da campanha de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo, e os ex-assessores da campanha do presidente Lula Jorge Lorenzetti, Expedito Veloso e Osvaldo Bargas. Ainda não é certo o indiciamento de Freud Godoy, ex-assessor especial de Lula, que teve o sigilo bancário quebrado pela Justiça.
O delegado Diógenes Curado Filho, responsável pela investigação, ainda analisa as formas de indiciamento. Outro delegado próximo ao caso informou que existe a hipótese de crime de formação de quadrilha.
Conforme a PF, os dólares que seriam usados para comprar o dossiê saíram da casa de câmbio Vicatur, de Nova Iguaçu (RJ). Os sócios da empresa, Sirley da Silva Chaves e Fernando Manoel Ribas, foram indiciados por crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e uso de documentos falsos.
A Vicatur utilizou "laranjas" de uma mesma família, segundo a PF, registrando em nome deles os saques de dólares.
O dinheiro, porém, foi apreendido no dia 15 de setembro, em São Paulo, em poder de Gedimar e de Valdebran, que negociava a compra do dossiê com Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas.
Os dólares entraram legalmente no Brasil por meio do banco Sofisa, de São Paulo.
A partir desse banco, a PF rastreou o caminho do dinheiro até a Vicatur. Descobriu que, entre a segunda quinzena de agosto e início de setembro, "laranjas" de uma mesma família fizeram os saques.
Na busca do verdadeiro sacador do dinheiro, a PF descobriu que o circuito de TV do hotel mostrou Hamilton Lacerda entregando uma mala a Gedimar. A PF diz que naquela mala estava o dinheiro. Hamilton nega.
O relatório parcial da PF apontou que a negociação foi comandada por Jorge Lorenzetti. Bargas e Expedito foram a Cuiabá negociar com Vedoin a compra no fim de agosto.
Lula afirmou desconhecer a compra do dossiê e chamou os negociadores de aloprados.
A PF apreendeu, em Cuiabá, um vídeo, um CD e fotos que mostram os tucanos José Serra, governador eleito de São Paulo, e o presidenciável Geraldo Alckmin em ato de entrega de ambulâncias dos sanguessugas -que comporiam o dossiê.
À PF Expedito disse que o dossiê tinha comprovantes de depósitos e nove cheques, que somam cerca de R$ 600 mil, indicando pagamento de propina a Abel Pereira, empresário ligado a Barjas Negri (PSDB), ex-ministro da Saúde de FHC e atual prefeito de Piracicaba.
Abel nega ter recebido propina para liberar dinheiro no ministério da Saúde na gestão de Barjas, que foi secretário de Serra na pasta, antes de substitui-lo no cargo.


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