São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

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PRESIDÊNCIA

Nenhum ministro está garantido, diz Lula

Presidente diz que quer "mudar muito" sua equipe; Marta Suplicy, Jorge Viana, Ciro Gomes e Nelson Jobim são cotados

Na hipótese de obter mais de 60% dos votos válidos, petista teria cacife para se impor na negociação com partidos, sobretudo o PMDB

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito que pretende "mudar muito" a sua equipe ministerial e que nenhum ministro "está garantido no cargo", segundo apurou a Folha em conversas reservadas.
A expectativa de uma vitória "estrondosa", diz um auxiliar direto, daria cacife a Lula para se impor a partidos, especialmente ao PMDB. Uma reeleição "estrondosa" seria a obtenção de 60% ou mais dos válidos hoje. Se for reconduzido por um percentual menor, obviamente Lula avalia que perderá cacife para as negociações de formação da maioria parlamentar no Congresso e da nova equipe ministerial.
A principal mudança seria na Fazenda. Não está decidida nem a permanência de Guido Mantega nem a sua saída. Lula está pensando se vale a pena trocar o ministro, que lhe é fiel, mas algo tímido na relação com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff -nome mais forte do governo hoje depois do presidente. Lula, porém, começa a ver com preocupação a tentativa de influenciar demais a área econômica, sobretudo dando ordens a Mantega.
Há dois petistas cotados para a hipótese de troca na Fazenda. O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel. Uma surpresa, como um empresário ou um político de fora do PT, não está descartada, mas seria improvável.
A pasta do Planejamento deverá perder as atribuições de gestão da máquina pública. O ministro Paulo Bernardo ficará no primeiro escalão. O mais provável é acumular Planejamento e Orçamento. Uma pasta da Administração seria criada. Para não aumentar o número de ministros (34), a Secretaria da Pesca voltaria para a agricultura, e seu ocupante perderia o status de ministro.
Nomes que são cotados para integrar o primeiro escalão: a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), o governador Jorge Viana (PT-AC), o deputado federal eleito e ex-ministro Ciro Gomes (PSB) e o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim (PMDB).
Marta é cotada para as Cidades, pasta hoje sob o comando do PP. Ciro voltou a ser opção para a Saúde. Viana pode substituir Marina Silva no Meio Ambiente, mas gostaria mesmo de uma pasta na área de infra-estrutura, como Transportes. O problema é que Lula precisa reduzir o espaço do PT em benefício dos aliados, especialmente do PMDB.
Jobim poderia ocupar a Justiça num arranjo para o PMDB obter quatro pastas de peso -a sigla já detém Comunicações e Minas e Energia e quer voltar para a Saúde, o que Lula não vê com bons olhos, ou ganhar a Integração Nacional.

Novo "núcleo duro"
O antigo "núcleo duro" era composto por José Dirceu e Antonio Palocci, que deixaram a Casa Civil e a Fazenda. Num segundo governo, despontam outros nomes, como Dilma e Tarso Genro (Relações Institucionais).
Ele, bem-avaliado por Lula, pode continuar na articulação política ou assumir a Justiça -pasta da qual Márcio Thomaz Bastos já pediu para sair. Bastos será a principal baixa entre os atuais ministros afinados com o presidente.
Dois governadores petistas eleitos no primeiro turno, Jaques Wagner (BA) e Marcelo Déda (SE) deverão ter muita influência no segundo mandato, especialmente na articulação com outros governadores e em missões de paz com dois outros colegas, os tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG).
No PMDB, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador reeleito e ex-presidente José Sarney continuarão fortes. Mas Lula quer ampliar a interlocução com a ala do partido que lhe faz oposição.
Nesse contexto, o presidente do PMDB, Michel Temer, e o deputado Geddel Vieira Lima (BA), terão papel de destaque.


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