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PRESIDÊNCIA
Nenhum ministro está garantido, diz Lula
Presidente diz que quer "mudar muito" sua equipe; Marta Suplicy, Jorge Viana, Ciro Gomes e Nelson Jobim são cotados
Na hipótese de obter mais de 60% dos votos válidos, petista teria cacife para se impor na negociação com partidos, sobretudo o PMDB
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dito que pretende "mudar muito" a sua equipe
ministerial e que nenhum ministro "está garantido no cargo", segundo apurou a Folha
em conversas reservadas.
A expectativa de uma vitória
"estrondosa", diz um auxiliar
direto, daria cacife a Lula para
se impor a partidos, especialmente ao PMDB. Uma reeleição "estrondosa" seria a obtenção de 60% ou mais dos válidos
hoje. Se for reconduzido por
um percentual menor, obviamente Lula avalia que perderá
cacife para as negociações de
formação da maioria parlamentar no Congresso e da nova
equipe ministerial.
A principal mudança seria na
Fazenda. Não está decidida
nem a permanência de Guido
Mantega nem a sua saída. Lula
está pensando se vale a pena
trocar o ministro, que lhe é fiel,
mas algo tímido na relação com
a ministra-chefe da Casa Civil,
Dilma Rousseff -nome mais
forte do governo hoje depois do
presidente. Lula, porém, começa a ver com preocupação a
tentativa de influenciar demais
a área econômica, sobretudo
dando ordens a Mantega.
Há dois petistas cotados para
a hipótese de troca na Fazenda.
O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel. Uma surpresa, como
um empresário ou um político
de fora do PT, não está descartada, mas seria improvável.
A pasta do Planejamento deverá perder as atribuições de
gestão da máquina pública. O
ministro Paulo Bernardo ficará
no primeiro escalão. O mais
provável é acumular Planejamento e Orçamento. Uma pasta da Administração seria criada. Para não aumentar o número de ministros (34), a Secretaria da Pesca voltaria para a
agricultura, e seu ocupante
perderia o status de ministro.
Nomes que são cotados para
integrar o primeiro escalão: a
ex-prefeita Marta Suplicy (PT),
o governador Jorge Viana (PT-AC), o deputado federal eleito e
ex-ministro Ciro Gomes (PSB)
e o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim (PMDB).
Marta é cotada para as Cidades, pasta hoje sob o comando
do PP. Ciro voltou a ser opção
para a Saúde. Viana pode substituir Marina Silva no Meio
Ambiente, mas gostaria mesmo de uma pasta na área de infra-estrutura, como Transportes. O problema é que Lula precisa reduzir o espaço do PT em
benefício dos aliados, especialmente do PMDB.
Jobim poderia ocupar a Justiça num arranjo para o PMDB
obter quatro pastas de peso -a
sigla já detém Comunicações e
Minas e Energia e quer voltar
para a Saúde, o que Lula não vê
com bons olhos, ou ganhar a
Integração Nacional.
Novo "núcleo duro"
O antigo "núcleo duro" era
composto por José Dirceu e
Antonio Palocci, que deixaram
a Casa Civil e a Fazenda. Num
segundo governo, despontam
outros nomes, como Dilma e
Tarso Genro (Relações Institucionais).
Ele, bem-avaliado por Lula,
pode continuar na articulação
política ou assumir a Justiça
-pasta da qual Márcio Thomaz
Bastos já pediu para sair. Bastos será a principal baixa entre
os atuais ministros afinados
com o presidente.
Dois governadores petistas
eleitos no primeiro turno, Jaques Wagner (BA) e Marcelo
Déda (SE) deverão ter muita
influência no segundo mandato, especialmente na articulação com outros governadores e
em missões de paz com dois outros colegas, os tucanos José
Serra (SP) e Aécio Neves (MG).
No PMDB, o presidente do
Senado, Renan Calheiros (AL),
e o senador reeleito e ex-presidente José Sarney continuarão
fortes. Mas Lula quer ampliar a
interlocução com a ala do partido que lhe faz oposição.
Nesse contexto, o presidente
do PMDB, Michel Temer, e o
deputado Geddel Vieira Lima
(BA), terão papel de destaque.
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