DA SUCURSAL DO RIO

Apesar de não permitirem a construção de séries históricas, as estatísticas de cultura do IBGE revelam um pouco do gosto das elites no século 20 e o surgimento de tendências presentes até hoje.
O IBGE levantou todas as óperas encenadas no Teatro Municipal do Rio de 1910 a 1936. Foram 696 espetáculos líricos que ajudam a contar um pouco da preferência das elites da então capital federal. As montagens de ópera no Rio tiveram seu auge em 1920, quando foram encenadas 73.
As preferidas eram as de compositores italianos, que representaram quase 60% do total de encenações. O principal autor era o italiano Giuseppe Verdi (1813-1901). Duas de suas composições aparecem entre as mais encenadas. A campeã é "Aída", que teve 45 encenações diferentes, seguida de "Rigoleto", com 41 montagens.
O gosto pela ópera pode não ter a mesma intensidade, mas algumas tendências da época ainda persistem. As opções culturais ficavam concentradas no eixo Rio-São Paulo. No final da década de 40, quase um quarto dos museus brasileiros ficava em São Paulo. Os museus paulistas atraíam 48% dos visitantes, e os do Rio, 28%. Os teatros também se concentravam nesses dois Estados. Em 1954, 76% das representações ocorreram no Rio e em São Paulo.
No cinema, a influência norte-americana já era visível desde 1936. Naquele ano, 65% dos filmes exibidos foram feitos nos Estados Unidos, enquanto os brasileiros eram apenas 26%.
Em 1950, antes da massificação da TV, o cinema já estava consolidado como veículo cultural de maior abrangência em comparação ao teatro: ele atraiu 180 milhões de espectadores, contra 2,2 milhões do teatro.
Apesar de seu número ainda ser insuficiente em relação ao tamanho da população, a segunda metade do século 20 presenciou um aumento significativo na quantidade de bibliotecas. Eram 1.742 em 1959 e passaram para 21.602 em 1989. O número de jornais também cresceu: de 772, em 1946, para 1.629, em 1989.


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