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ELEIÇÕES 2006 - PRESIDÊNCIA
Lula faz acenos à oposição, mas evita falar em "pacto"
Petista diz que até dezembro deve chamar líderes para conversar, sem "veto a ninguém'
Presidente volta a elencar crescimento econômico, educação e distribuição de renda como prioridades para o próximo mandato
FÁBIO ZANINI
EM SÃO PAULO
FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu primeiro pronunciamento como presidente reeleito, Luiz Inácio Lula da Silva
voltou a afirmar ontem à noite
que irá procurar todas as forças
políticas do país e que espera
contar com a "compreensão
dos partidos de oposição".
Acompanhado de ministros
e da primeira-dama, Marisa
Letícia, Lula disse também que
seu futuro governo dará "preferência" aos pobres. "Agora não
tem mais adversário. Agora, o
adversário são as injustiças sociais", afirmou. Vestindo uma
camiseta branca com a frase "A
vitória é do Brasil", o presidente discursou em um hotel de
São Paulo.
"Até dezembro pretendo
conversar com todas as forças
políticas do país. (...) Não haverá veto a ninguém. Chamarei
todo mundo para conversar",
disse. Antes, tentando deixar
para trás o clima de acirramento político que dominou a campanha, afirmou: "Não tenho
dúvida nenhuma de que poderemos contar com a compreensão dos partidos da oposição".
A tentativa de aproximação
com a oposição já havia sido
manifestada na manhã de ontem, logo após votar em uma
escola de São Bernardo do
Campo, no ABC paulista.
"Eu tenho a Presidência, mas
todos brasileiros e brasileiras
têm a obrigação de dar a sua
contribuição", disse à noite.
Sobre os próximos quatro
anos, evitou anunciar mudanças no ministério, mas anunciou que pretende manter atual
política fiscal. "Reivindiquem
tudo o que quiserem, daremos
apenas aquilo que a responsabilidade permitir."
Futebol
O aceno à oposição já tinha
sido o tom do discurso do petista após votar, no ABC. Mais
uma vez, usou seu método favorito de raciocínio, a metáfora
futebolística. "Disputa política
sem acirramento não tem sentido. Normalmente, as pessoas
parecem que estão numa disputa muito renhida. Mas, terminadas as eleições, terminou.
É como terminar um campeonato de futebol. Começa um
outro no dia seguinte."
O presidente reeleito afirmou que quer conversar com
todas as forças políticas. Mas,
num sinal de que essa disposição terá limites, evitou falar em
pacto formal com a oposição.
"Eu quero conversar com todos os partidos políticos, da
oposição, da situação, com os
governadores. Não diria fazer
um pacto, porque pacto não depende só de uma pessoa. Diria
que nós vamos ter que discutir
o Brasil, com muito mais amor,
com muito mais compromisso,
para os próximos quatro anos."
Segundo o governador eleito
da Bahia, Jaques Wagner, a
tendência é o presidente primeiro chamar os governadores
e partidos aliados e depois fazer
uma reunião geral.
O presidente reeleito reiterou que o crescimento da economia, a distribuição de renda
e a educação serão prioridades
no seu próximo mandato.
"Depois das eleições, não tenho dúvida de que o Brasil viverá outro momento, um momento de crescimento econômico, distribuição de renda,
um momento em que nós todos, governo e oposição, vamos
ter que privilegiar a educação
como pilar principal para que o
Brasil dê o salto de qualidade
que precisa no mundo político,
econômico e dos negócios."
Logo após deixar a 70ª seção
da 296ª zona eleitoral, na escola estadual João Firmino Correia de Oliveira, Lula, de cima
de um caixote de madeira, fez
um pronunciamento à imprensa em que agradeceu ao povo
"pelo momento mágico que vive a democracia brasileira".
Ele voltou a agradecer a
Deus pelo segundo turno. "O
segundo turno foi uma espécie
de momento de magia em que
o povo se levantou e resolveu
dizer: "Olha, eu estou aqui e
quero participar desse processo". Permitiu que as pessoas
fossem para a rua em todos os
Estados, coisa que não tinha
acontecido no primeiro turno."
O presidente entrou na seção com a primeira-dama e os
ministros Luiz Marinho e Matilde Ribeiro, Marco Aurélio
Garcia, o seu chefe-de-gabinete, Gilberto Carvalho, o senador Eduardo Suplicy.
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