São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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Bolsa Família garante voto nas periferias

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Na periferia de Salvador, a troca de votos por dentaduras, colchões, blocos, telhas ou mesmo o pagamento de algumas prestações foram substituídos por uma arma mais forte, que contribui para garantir a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o Bolsa Família.
"Não tenho vergonha de dizer que sou eleitora do Lula porque uso toda a quantia que ganho do Bolsa Família [R$ 95 por mês] para pagar o supermercado", disse a faxineira Damiana de Jesus, 45.
Sem carteira assinada, ela mora com duas filhas -desempregadas e eleitoras de Lula- e sete netos em uma pequena casa em um dos bairros mais pobres da capital baiana.
"Antes, muitos políticos davam alguma coisa para a gente quando estava perto da eleição. Depois, ninguém via mais a cara deles. Agora é diferente. O presidente Lula já garantiu que o Bolsa Família não vai acabar", disse Damiana, que faz faxina para duas famílias. "No total, ganho R$ 280 por mês."
No fim de 2005, quando comprovou que recebia regularmente o Bolsa Família, a faxineira diz que recebeu o melhor presente de Natal dos últimos 20 anos -um cartão sem anuidade da maior rede de supermercados do Estado.
Desempregada há três anos, a doméstica Maria Cristina Santos da Silva, 33, também sobrevive basicamente do valor que recebe do Bolsa Família -R$ 65. "Voto no Lula pelo programa e porque ele prometeu que vai aumentar o que nós ganhamos", disse a doméstica, que tem três filhos -o mais velho, com 16 anos, também votou no presidente.
"Ouço falar que muitos políticos que estão ao lado do Lula roubaram muito, mas isto não me interessa. O que me importa é que o Lula é um homem que nasceu pobre e não se esqueceu da gente quando chegou à Presidência."
Quando tem "muita sorte", Maria Cristina ganha R$ 10 por semana recolhendo latinhas e papelão.
Indagada sobre o que gostaria de receber de presente em uma eventual reeleição do presidente, ela pediu aumento do Bolsa Família. "Tem gente que recebe até R$ 105 por mês. Bem que o Lula poderia reajustar os valores de quem ganha menos."


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