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Bolsa Família garante voto nas periferias
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SALVADOR
Na periferia de Salvador, a troca de votos por
dentaduras, colchões, blocos, telhas ou mesmo o pagamento de algumas prestações foram substituídos
por uma arma mais forte,
que contribui para garantir a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva: o Bolsa Família.
"Não tenho vergonha de
dizer que sou eleitora do
Lula porque uso toda a
quantia que ganho do Bolsa Família [R$ 95 por mês]
para pagar o supermercado", disse a faxineira Damiana de Jesus, 45.
Sem carteira assinada,
ela mora com duas filhas
-desempregadas e eleitoras de Lula- e sete netos
em uma pequena casa em
um dos bairros mais pobres da capital baiana.
"Antes, muitos políticos
davam alguma coisa para a
gente quando estava perto
da eleição. Depois, ninguém via mais a cara deles.
Agora é diferente. O presidente Lula já garantiu que
o Bolsa Família não vai
acabar", disse Damiana,
que faz faxina para duas
famílias. "No total, ganho
R$ 280 por mês."
No fim de 2005, quando
comprovou que recebia
regularmente o Bolsa Família, a faxineira diz que
recebeu o melhor presente de Natal dos últimos 20
anos -um cartão sem
anuidade da maior rede de
supermercados do Estado.
Desempregada há três
anos, a doméstica Maria
Cristina Santos da Silva,
33, também sobrevive basicamente do valor que recebe do Bolsa Família
-R$ 65. "Voto no Lula pelo programa e porque ele
prometeu que vai aumentar o que nós ganhamos",
disse a doméstica, que tem
três filhos -o mais velho,
com 16 anos, também votou no presidente.
"Ouço falar que muitos
políticos que estão ao lado
do Lula roubaram muito,
mas isto não me interessa.
O que me importa é que o
Lula é um homem que
nasceu pobre e não se esqueceu da gente quando
chegou à Presidência."
Quando tem "muita sorte", Maria Cristina ganha
R$ 10 por semana recolhendo latinhas e papelão.
Indagada sobre o que
gostaria de receber de presente em uma eventual
reeleição do presidente,
ela pediu aumento do Bolsa Família. "Tem gente
que recebe até R$ 105 por
mês. Bem que o Lula poderia reajustar os valores de
quem ganha menos."
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