São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 - PRESIDÊNCIA

Lula tem votação recorde; Alckmin recua, mas vence em sete Estados

Petista termina com 58,3 milhões de votos, quase seis milhões a mais do que no 2º turno de 2002

Lula tem 77% dos votos válidos no Nordeste, recorde numa só região nas eleições realizadas depois do Estado Novo

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Nunca um presidente teve tantos votos como Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu ontem. Mas também nunca na era pós-período militar o chefe da República foi rejeitado em tantos Estados como o petista.
Com 99,9% das urnas apuradas, Lula amealhou 58,3 milhões e 60,8% dos votos válidos.
Dessa forma, supera com bastante folga os 52,7 milhões que ele mesmo teve no segundo turno de 2002, o recorde absoluto anterior.
A marca proporcional, que também já é do petista, não foi batida. Também na segunda volta da eleição de 2002, ele teve 61,3% dos votos válidos contra 38,7% de José Serra.
Já Geraldo Alckmin andou para trás, fato inédito na história das eleições presidenciais. Sua votação agora foi 2,5 milhões de votos menor que no primeiro turno.
Ele recuou em quase todos os Estados. Em alguns o tombo foi feio -em Tocantins, por exemplo, teve quase oito pontos percentuais a menos agora.
Mas o desempenho de Lula, apesar de virar o jogo em quatro unidades da federação (Acre, Distrito Federal, Goiás e Rondônia), esteve longe de ser uniforme, regra nas eleições presidenciais realizadas após o fim do período militar.
Nas quatro eleições anteriores, nunca um presidente eleito foi derrotado em mais do que quatro Estados -o próprio Lula foi eleito em 2002 sendo batido no segundo turno por Serra apenas em Alagoas.
Alckmin venceu Lula em sete Estados, incluindo os três do Sul e em São Paulo. Essas unidades da federação respondem por 40% do eleitorado do país.
Lula é o primeiro presidente eleito desde Juscelino Kubistchek que consegue isso sem ser o mais votado em São Paulo.
O petista terminou o segundo turno com 500 mil votos paulistas a menos que na mesma fase do pleito de 2002, quando, assim como agora, também tinha um rival tucano e baseado em São Paulo.

Recorde nordestino
Se em parte graúda do país Lula foi derrotado, no Nordeste, onde nasceu, ele teve uma votação arrebatadora.
O petista teve 77% dos votos válidos nos nove Estados nordestinos, o que significa quase 20 milhões de votos. Seu número mais "modesto" na região acontecia em Sergipe, com 60%. O mais expressivo estava no Maranhão (85%).
O desempenho de Lula no Nordeste é a maior votação proporcional de um candidato numa das cinco regiões do país nos pleitos realizados depois de 1945. O recorde anterior eram os 71,% que Eurico Gaspar Dutra conseguiu no Sul na sua eleição, justamente a primeira após o fim do Estado Novo.
O Nordeste respondeu por 33% da votação de Lula. Esse peso não encontra paralelo na escolha de nenhum outro presidente nos últimos 60 anos.
Em 1998, por exemplo, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi reeleito com o Nordeste respondendo por só 20,5% da sua votação.
A região onde está o maior número de beneficiados pelo Bolsa Família foi a única em que Lula foi vitorioso em todos os Estados. Lá também foi onde mais conseguiu transferir prestígio. No primeiro turno, o PT elegeu os governadores da Bahia (Jaques Wagner), Piauí (Wellington Dias) e Sergipe (Marcelo Déda). Candidatos de outros partidos apoiados por Lula, como Cid Gomes no Ceará, saíram vitoriosos. Derrotas, como a de Roseana Sarney no Maranhão, foram raras.


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