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ELEIÇÕES 2006 - PRESIDÊNCIA
Lula tem votação recorde; Alckmin recua, mas vence em sete Estados
Petista termina com 58,3 milhões de votos, quase seis milhões a mais do que no 2º turno de 2002
Lula tem 77% dos votos
válidos no Nordeste,
recorde numa só região nas
eleições realizadas
depois do Estado Novo
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Nunca um presidente teve
tantos votos como Luiz Inácio
Lula da Silva conseguiu ontem.
Mas também nunca na era pós-período militar o chefe da República foi rejeitado em tantos
Estados como o petista.
Com 99,9% das urnas apuradas, Lula amealhou 58,3 milhões e 60,8% dos votos válidos.
Dessa forma, supera com
bastante folga os 52,7 milhões
que ele mesmo teve no segundo
turno de 2002, o recorde absoluto anterior.
A marca proporcional, que
também já é do petista, não foi
batida. Também na segunda
volta da eleição de 2002, ele teve 61,3% dos votos válidos contra 38,7% de José Serra.
Já Geraldo Alckmin andou
para trás, fato inédito na história das eleições presidenciais.
Sua votação agora foi 2,5 milhões de votos menor que no
primeiro turno.
Ele recuou em quase todos os
Estados. Em alguns o tombo foi
feio -em Tocantins, por exemplo, teve quase oito pontos percentuais a menos agora.
Mas o desempenho de Lula,
apesar de virar o jogo em quatro unidades da federação
(Acre, Distrito Federal, Goiás e
Rondônia), esteve longe de ser
uniforme, regra nas eleições
presidenciais realizadas após o
fim do período militar.
Nas quatro eleições anteriores, nunca um presidente eleito
foi derrotado em mais do que
quatro Estados -o próprio Lula foi eleito em 2002 sendo batido no segundo turno por Serra apenas em Alagoas.
Alckmin venceu Lula em sete
Estados, incluindo os três do
Sul e em São Paulo. Essas unidades da federação respondem
por 40% do eleitorado do país.
Lula é o primeiro presidente
eleito desde Juscelino Kubistchek que consegue isso sem ser
o mais votado em São Paulo.
O petista terminou o segundo turno com 500 mil votos
paulistas a menos que na mesma fase do pleito de 2002,
quando, assim como agora,
também tinha um rival tucano
e baseado em São Paulo.
Recorde nordestino
Se em parte graúda do país
Lula foi derrotado, no Nordeste, onde nasceu, ele teve uma
votação arrebatadora.
O petista teve 77% dos votos
válidos nos nove Estados nordestinos, o que significa quase
20 milhões de votos. Seu número mais "modesto" na região
acontecia em Sergipe, com
60%. O mais expressivo estava
no Maranhão (85%).
O desempenho de Lula no
Nordeste é a maior votação
proporcional de um candidato
numa das cinco regiões do país
nos pleitos realizados depois de
1945. O recorde anterior eram
os 71,% que Eurico Gaspar Dutra conseguiu no Sul na sua
eleição, justamente a primeira
após o fim do Estado Novo.
O Nordeste respondeu por
33% da votação de Lula. Esse
peso não encontra paralelo na
escolha de nenhum outro presidente nos últimos 60 anos.
Em 1998, por exemplo, Fernando Henrique Cardoso
(PSDB) foi reeleito com o Nordeste respondendo por só
20,5% da sua votação.
A região onde está o maior
número de beneficiados pelo
Bolsa Família foi a única em
que Lula foi vitorioso em todos
os Estados. Lá também foi onde
mais conseguiu transferir prestígio. No primeiro turno, o PT
elegeu os governadores da Bahia (Jaques Wagner), Piauí
(Wellington Dias) e Sergipe
(Marcelo Déda). Candidatos de
outros partidos apoiados por
Lula, como Cid Gomes no Ceará, saíram vitoriosos. Derrotas,
como a de Roseana Sarney no
Maranhão, foram raras.
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