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ELEIÇÕES 2006 - ESTADOS
PERNAMBUCO
Ex-ministro de Lula derrota governador
Com apoio do presidente, Eduardo Campos (PSB), neto de Miguel Arraes, obtém quase dois terços dos votos pernambucanos
Mendonça Filho atribui sua derrota a "uma forte decisão do eleitor de querer eleger governador que estivesse em sintonia com presidente"
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O ex-ministro Eduardo Campos (PSB), 41, é o novo governador eleito de Pernambuco. O
socialista recebeu 65,36% dos
votos válidos, contra 34,64% do
governador José Mendonça Filho (PFL), 40.
O resultado encerra um ciclo
de oito anos de governo da
aliança PMDB-PFL-PSDB e
consolida o crescimento do
grupo que fazia oposição a essa
aliança e já comanda as prefeituras de Recife e Olinda.
Campos dedicou sua vitória
ao avô Miguel Arraes (1916-2005), que governou o Estado
três vezes e perdeu para Jarbas
Vasconcelos em 1998 -ano em
que o grupo político vencido
ontem iniciava seu projeto de
comandar Pernambuco.
"Não posso deixar de registrar que essa vitória é do doutor
Arraes", afirmou o governador
eleito, em entrevista coletiva
concedida à noite. "Também
registro que é do meu amigo
Luiz Inácio Lula da Silva."
Apesar da homenagem,
Campos rebateu a declaração
de Mendonça, que atribuiu sua
derrota ao que o cientista político Antonio Lavareda classificou de "efeito Lula". "Houve
uma forte decisão do eleitor de
querer eleger um governador
em sintonia com a Presidência
da República", disse Mendonça, ao reconhecer a derrota.
Responsável pela estratégia
de marketing da campanha pefelista, Lavareda afirmou que a
alta popularidade do presidente no Estado refletiu positivamente na candidatura de
Eduardo Campos.
Campos reagiu e atacou:
"Não vou comentar a derrota
de Mendonça Filho, assim como acho que não é o caso de ele
comentar a nossa vitória".
O governador eleito disse que
seu maior desafio será "honrar"
os compromissos que assumiu.
Afirmou que só decidirá os nomes do seu secretariado em dezembro, para evitar especulações. "Vou tratar rápido da
questão", declarou. "Em 48 horas, resolvo esse negócio para
evitar o puxa-encolhe."
Questionado sobre como
acomodará no governo os aliados dos 18 partidos que o apoiaram, Campos disse que isso não
será problema. "Difícil é governar sem apoio", respondeu.
"Não pensem que vou deixá-los
em paz porque a eleição acabou. Agora é que preciso deles."
Enquanto o ex-ministro afirmava que pretendia manter sua
aliança "por muito tempo", integrantes do grupo político derrotado defendiam a revisão de
sua coligação. Foi o caso do
coordenador da campanha de
Geraldo Alckmin, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). Para
ele, a aliança atual precisa ser
"revista, discutida e ampliada".
Além de encerrar um ciclo
político de quase uma década, o
resultado de ontem também
consolida a imagem de Campos
como legítimo herdeiro político de Arraes. Campos participou de dois governos do avô.
Entre 1995 e 1998, ele comandou as finanças do Estado.
Envolveu-se então no chamado
"escândalo dos precatórios",
operação que consistiu na venda de títulos públicos para pagamento de dívidas judiciais.
Apesar de a Justiça tê-lo inocentado, o caso foi um dos motivos da derrota eleitoral de Arraes para Jarbas em 1998.
A diferença na época foi de
1,06 milhão de votos. Ontem,
Campos venceu o então vice de
Jarbas por uma diferença de
1,23 milhão de votos.
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