São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 - ESTADOS
PERNAMBUCO

Ex-ministro de Lula derrota governador

Com apoio do presidente, Eduardo Campos (PSB), neto de Miguel Arraes, obtém quase dois terços dos votos pernambucanos

Mendonça Filho atribui sua derrota a "uma forte decisão do eleitor de querer eleger governador que estivesse em sintonia com presidente"

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O ex-ministro Eduardo Campos (PSB), 41, é o novo governador eleito de Pernambuco. O socialista recebeu 65,36% dos votos válidos, contra 34,64% do governador José Mendonça Filho (PFL), 40.
O resultado encerra um ciclo de oito anos de governo da aliança PMDB-PFL-PSDB e consolida o crescimento do grupo que fazia oposição a essa aliança e já comanda as prefeituras de Recife e Olinda.
Campos dedicou sua vitória ao avô Miguel Arraes (1916-2005), que governou o Estado três vezes e perdeu para Jarbas Vasconcelos em 1998 -ano em que o grupo político vencido ontem iniciava seu projeto de comandar Pernambuco.
"Não posso deixar de registrar que essa vitória é do doutor Arraes", afirmou o governador eleito, em entrevista coletiva concedida à noite. "Também registro que é do meu amigo Luiz Inácio Lula da Silva."
Apesar da homenagem, Campos rebateu a declaração de Mendonça, que atribuiu sua derrota ao que o cientista político Antonio Lavareda classificou de "efeito Lula". "Houve uma forte decisão do eleitor de querer eleger um governador em sintonia com a Presidência da República", disse Mendonça, ao reconhecer a derrota.
Responsável pela estratégia de marketing da campanha pefelista, Lavareda afirmou que a alta popularidade do presidente no Estado refletiu positivamente na candidatura de Eduardo Campos.
Campos reagiu e atacou: "Não vou comentar a derrota de Mendonça Filho, assim como acho que não é o caso de ele comentar a nossa vitória".
O governador eleito disse que seu maior desafio será "honrar" os compromissos que assumiu. Afirmou que só decidirá os nomes do seu secretariado em dezembro, para evitar especulações. "Vou tratar rápido da questão", declarou. "Em 48 horas, resolvo esse negócio para evitar o puxa-encolhe."
Questionado sobre como acomodará no governo os aliados dos 18 partidos que o apoiaram, Campos disse que isso não será problema. "Difícil é governar sem apoio", respondeu. "Não pensem que vou deixá-los em paz porque a eleição acabou. Agora é que preciso deles."
Enquanto o ex-ministro afirmava que pretendia manter sua aliança "por muito tempo", integrantes do grupo político derrotado defendiam a revisão de sua coligação. Foi o caso do coordenador da campanha de Geraldo Alckmin, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). Para ele, a aliança atual precisa ser "revista, discutida e ampliada".
Além de encerrar um ciclo político de quase uma década, o resultado de ontem também consolida a imagem de Campos como legítimo herdeiro político de Arraes. Campos participou de dois governos do avô.
Entre 1995 e 1998, ele comandou as finanças do Estado. Envolveu-se então no chamado "escândalo dos precatórios", operação que consistiu na venda de títulos públicos para pagamento de dívidas judiciais.
Apesar de a Justiça tê-lo inocentado, o caso foi um dos motivos da derrota eleitoral de Arraes para Jarbas em 1998.
A diferença na época foi de 1,06 milhão de votos. Ontem, Campos venceu o então vice de Jarbas por uma diferença de 1,23 milhão de votos.


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