São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Índice

BOLSA NO EXTERIOR

Candidato deve atentar para inscrição e validação

Programas avaliam até currículo, mas título pode não valer no Brasil

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A gerente de tecnologia da informação Thais Falqueto sempre quis estudar fora, mas só concretizou esse objetivo ao receber bolsa de estudo do programa Chevening, do Reino Unido. Ficou dez meses na Universidade de Cambridge.
Na época, já ocupava seu atual cargo na América Latina Logística. "Acredito que isso, aliado ao bom histórico escolar, foi fundamental", conta.
Para estudar fora, porém, é preciso se programar e não deixar para a última hora. "Ao acessar o formulário, o candidato pode se deparar com alguma exigência que não seja capaz de satisfazer de imediato", avisa Alexandre Garcia da Silva, coordenador-geral do programa de pesquisa em ciências exatas do CNPq.
E observar o que pedem as instituições que oferecem bolsa. Nathalia Belizzia, por exemplo, só se inscreveu na Fundação Estudar após ser aprovada pela Universidade de Stanford para fazer um MBA.
"Essa é a primeira condição, mas muitos candidatos não a observam", diz Thais Junqueira, diretora-executiva da Estudar, que também pede "excelente desempenho acadêmico e extracurricular, histórico profissional em empresas reconhecidas e bons resultados".
Mas, no afã de mostrar serviço, muitos acabam se dispersando. "É preciso mostrar foco e selecionar as principais experiências na entrevista de candidatura a bolsa", diz Junqueira. Quem faz mestrado ou doutorado em outro país pode encontrar problemas para reconhecer o diploma no Brasil.

Validação do título
Há incompatibilidade até de títulos obtidos em universidades renomadas. O "maîtrise" francês, por exemplo, não é aceito como mestrado.
Lá, a licenciatura tem três anos, e depois podem-se cursar um ano de "maîtrise" e mais um de "master recherche" ou "master professionnel". Só é reconhecido como mestrado no Brasil esse conjunto de cinco anos de estudo.
O programa estrangeiro também deve ser compatível com o nacional em conteúdo e carga horária, mas não há determinação objetiva sobre os critérios de compatibilidade. Cada instituição julga caso a caso.
Há quem não consiga a equivalência, como o jornalista Cassiano Gobbet. Ele fez mestrado em multimídia na Universidade de Bournemouth, na Inglaterra, não reconhecido pela USP. "Calculo que gastei cerca de R$ 100 mil", conta.
Uma dica para minimizar os riscos é verificar quais universidades brasileiras têm cursos equivalentes e conversar com coordenador ou professor da área. "Ainda assim, o reconhecimento não é garantido", reitera Maria Fidela Navarro, secretária-geral da USP. (JV)



Texto Anterior: Notas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.