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7 - Garantir a sustentabilidade ambiental
Na ampliação da rede de esgoto e na preservação do meio o país avança pouco; moradia é o maior desafio
Saneamento e habitação são deficientes
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se forem considerados os cinco
critérios do Pnud (Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento) para a melhoria da vida
em moradias degradadas, o Brasil
não terá sucesso no cumprimento
do sétimo Objetivo do Milênio,
sobre sustentabilidade ambiental.
São 41% de moradias precárias
entre as 49 milhões do país. Equivale a 20 milhões de moradias ou
70 milhões de pessoas vivendo em
condições inadequadas, segundo
a Pnad 2002, do IBGE.
As Nações Unidas definem como moradia precária as que têm
adensamento excessivo, falta de
abastecimento de água e esgoto,
direito de propriedade mal definido, não-conformidade com padrões de construção e edificações
feitas de material não-durável.
O Norte está em pior situação,
com 73,5% de moradias inadequadas. O Centro-Oeste tem
60,5%; o Nordeste, 51,5%; o Sul,
34,8%, e o Sudeste, 28,2%.
"A meta de saneamento é mais
fácil de atingir do que a de habitação", admite a secretária-executiva do Ministério das Cidades,
Hermínia Maricato.
Favelas
Nas regiões metropolitanas a situação piora: elas concentram
78,5% dos moradores de favelas e
assemelhados. São 6,6 milhões de
favelados em todo o Brasil.
"Em São Paulo e Rio, por exemplo, chega a 50% o número de casas irregulares com problemas de
escritura", calcula Maricato.
A secretária diz que, na faixa das
famílias com renda de até três salários mínimos, o déficit habitacional chega a 84%.
"Temos muito dinheiro. Temos
R$ 1 bilhão para financiamento
dessa faixa de até três salários. A
dificuldade é chegar à baixa renda. A CEF (Caixa Econômica Federal) pede garantias que a população não tem. A terra, por exemplo, tem de ser titulada, e grande
parte das áreas foi invadida."
Florestas e saneamento
Segundo especialistas, o país
avançou nas medidas de proteção
florestal. No entanto, uma ressalva é feita pela pesquisadora e
coordenadora do programa de
política do ISA (Instituto Socioambiental), Adriana Ramos.
Para ela, o governo deve intensificar as ações no combate à grilagem de terras e ao desmatamento
para evitar que novas mortes
aconteçam no campo, a exemplo
da da missionária americana Dorothy Stang. Nas últimas três décadas, a CPT (Comissão Pastoral
da Terra) contabilizou mais de
600 mortes em áreas rurais.
Em saúde pública, o governo
conseguiu estender a rede de
água, mas a de esgoto é precária.
"Esgoto é o desafio do saneamento. A água já tem uma rede mais
ampla", conta o coordenador da
área de saúde ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP,
Arlindo Philippi Jr.
Segundo ele, o Brasil tem hoje
mais de mil empresas certificadas
pela ISO 14.000 (de processos ambientalmente corretos).
Ação corporativa
O sétimo Objetivo do Milênio
conta com o apoio sistemático
das empresas. A Unilever e o Grupo Pão de Açúcar, por exemplo,
prevêem instalar cem estações de
reciclagem até o fim do ano.
A Telemig Celular usa torres de
menor impacto visual e faz recolhimento e destinação correta de
lâmpadas fluorescentes e baterias
usadas na empresa. Além disso,
exige dos fornecedores o tratamento adequado de resíduos.
Já o Banrisul aliou economia e
responsabilidade: implantou um
projeto para poupar energia elétrica entre seus 8.000 mil funcionários e economizou 88 mil kWh
no segundo semestre de 2004.
Na área ambiental, a Vale do
Rio Doce é a maior parceira do
Ibama e contribui para a preservação de cerca de 1,2 milhão de
hectares de florestas tropicais.
Philippi defende que a sustentabilidade ambiental é uma questão
de política pública. Para ele,
ONGs, empresas e ações de responsabilidade social têm um caráter mais pontual. Têm o poder
de criar alternativas que podem
ser multiplicadas.
Segundo planejamento do governo, só em 2024 todos os brasileiros terão acesso a água e esgoto.
"Como a meta é reduzir pela metade o déficit até 2015, vamos atingir", diz o secretário nacional de
saneamento ambiental, Abelardo
de Oliveira Filho, 52,
Mas, para tanto, ele confessa
trabalhar com números otimistas:
espera crescimento médio do PIB
de 4% anuais. Para completar a
rede de água, são necessários R$
180 bilhões. "Planejamos investir
0,45% do PIB por ano. Hoje começamos com R$ 6 bi e, com o
crescimento, chegaremos a R$ 12
em 2024", conclui.
(EF)
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