São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

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CONCORDÂNCIA

Vida melhorou em Raposo Tavares e Vila Leopoldina

Com perfis econômicos distintos, locais são recordistas da zona oeste no quesito; 70% avaliam que a situação está melhor

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Raposo Tavares e Vila Leopoldina empatam como os distritos da zona oeste onde mais moradores acham que a vida melhorou nos últimos cinco anos, 70%, e este é um dos poucos pontos que ambos têm em comum. A média da região neste quesito é de 63,9% e a da cidade, de 64%.
Em Raposo Tavares, metade da população pertence à classe C (50%), a maior parcela tem renda familiar de até dois salários mínimos (29%) e apenas 13% têm ensino superior completo. Na Vila Leopoldina, 44% pertencem à classe B, a maior parcela entre as famílias (19%) ganha entre dez e 20 salários mínimos e 43% completaram o ensino superior.
"Com a classe média maior, comércios locais têm mais condições de se sustentar. Ao mesmo tempo, áreas livres fora dos bairros nobres já ocupados são procuradas e acabam aumentando o padrão de renda desses bairros periféricos", afirma a economista Ana Maria Castelo, da FGV Projetos, unidade da Fundação Getúlio Vargas, referindo-se ao estudo "A Nova Classe Média". Apresentada há menos de um mês, a pesquisa constatou que a classe média brasileira cresceu de 42,26% para 51,89% entre 2004 e 2008, comportando quem ganha entre R$ 1.064 e R$ 4.591.
Castelo relaciona o crescimento dos serviços ao de renda, com reflexo no boom imobiliário, especialmente na Vila Leopoldina e no Jaguaré, distrito vizinho que tem se valorizado no mercado imobiliário. Segundo dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio), a região valorizou 63% na última década, maior índice entre os distritos paulistanos.
Na Vila Leopoldina, o mesmo adensamento que trouxe melhorias começa a preocupar moradores, como a dona-de-casa Meire Silva, 28. "Aqui tenho tudo perto e moro em casa. Mas já começa a ter sombras por causa dos prédios, cada vez mais construídos", diz.

Farmácia
Raposo Tavares também viu crescer a oferta de comércio e serviços. Há um ano, a vendedora Luciana Alves, 24, tinha que esperar até de manhã se precisasse de um remédio, pois não havia drogaria aberta à noite no Jardim João 23, que integra o distrito. "Hoje, tem farmácia e supermercado pelo menos até as 21h30", diz.
Mãe de três filhos, ela diz ter sentido alívio maior após a abertura da AMA (Assistência Médica Ambulatorial) Jardim São Jorge, onde levou a mais nova, de dois anos, a pé, quando ela teve pneumonia. Antes, precisava ir de ônibus e andar um quilômetro a pé até chegar ao hospital da USP.
Outro destaque em Raposo Tavares é a sensação de segurança: 23% dos moradores dizem ser esta a principal qualidade do distrito, a segunda maior taxa da cidade, empatada com Mooca e um pouco atrás de Parelheiros (24%).
Ainda assim, a nota para o quesito, 4,5, só fica um pouco acima da média municipal (4,3). O sociólogo Marcelo Batista Nery, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, não vê contradição. "A redução da violência na cidade, desde 2001, permite a percepção, mas é normal que o morador acostumado a uma incidência maior dê uma nota apenas razoável, quando um grau alto se torna médio." (JP)


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