São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

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DISCORDÂNCIA

Ricos se queixam dos carros; classe C, de sinalização

Distritos mais abastados reclamam do excesso de veículos; os demais sofrem com a falta de placas e semáforos

TALITA BEDINELLI
JOÃO PEQUENO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A confusão de carros nas ruas João Cachoeira e Tabapuã fez, recentemente, o zelador Flávio Nascimento, 31, ligar preocupado para a mulher Vera Fratta, 34, que não chegava em casa.
Grávida, ela levou uma hora para voltar do trabalho, um trajeto de pouco mais de dois quilômetros. "Achei que tivesse acontecido algo, mas era só esse cruzamento", conta.
O trânsito que afligiu Nascimento foi a principal queixa na zona oeste: 19% dos moradores disseram que os congestionamentos constantes são o maior problema de onde moram -a média da cidade é de 11,9%. Os campeões de queixas não só da região mas da cidade são Itaim Bibi (30%), Vila Leopoldina (30%) e Jardim Paulista (27%).
O problema, porém, tem características distintas em cada distrito. Nos mais abastados, as queixas sobre trânsito são motivadas pelo excesso de carros nas ruas; nos menos favorecidos, pela falta de sinalização.
"Em locais mais periféricos, há menos semáforos e dispositivos de segurança do que nos locais mais densos e com maior nível de renda", diz o especialista em mobilidade urbana Flamínio Fichmann. "A sinalização ajuda a privilegiar a diminuição de congestionamento. Nos locais mais adensados, são instalados os semáforos mais sofisticados e a sinalização mais eficiente", explica.
No Itaim Bibi, onde o zelador mora, 20% dos moradores dizem que o pior do distrito é o excesso de veículos.
A grande quantidade de carros também esteve entre as principais queixas de Jardim Paulista (17%), Perdizes (13%) e Pinheiros (12%).
É justamente no Jardim Paulista, no Itaim Bibi e em Pinheiros que está concentrado o maior número de pessoas da região que ganha entre 20 e 50 salários mínimos -19%, 18% e 14%, respectivamente.
O excesso de carros nessas áreas também é acompanhado pelo crescimento imobiliário.
No Itaim Bibi, surgiram só no ano passado 938 novos apartamentos, de acordo com a Sempla (Secretaria Municipal de Planejamento). Em Perdizes, 847; no Jardim Paulista, 274; e, em Pinheiros, 199.

Falta de sinalização
O grande número de veículos não é o único problema relacionado ao trânsito na zona oeste, segundo os moradores.
Em Jaguara e no Rio Pequeno, a falta de sinalização -como lombadas, semáforos e placas de cruzamento- foi a reclamação de 10% e 6% dos pesquisados pelo Datafolha nos dois distritos, respectivamente.
"Toda sexta, a fila de carros aqui dá um quilômetro", conta o aposentado Nilo Villalba, 65, referindo-se aos arredores da praça Nair Zampieri Carbonato (Jaguara), onde se encontram as ruas Paúva, Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança e Arantes Monteiro, perto de um acesso à rodovia Anhangüera.
O congestionamento, ressalta ele, é causado pela ausência de semáforo. Na avenida dos Remédios, uma das principais da região, o maior problema é a falta de placas. Para chegar a ela pela avenida Presidente Kennedy (marginal Tietê) é preciso seguir um labirinto de ruelas.
"Todo dia tem gente aqui perguntando como chegar à avenida dos Remédios", afirma o contador Norberto de Albuquerque.


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