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Teimoso

Por convicção e motivação financeira, Andres Sanchez mantém Tite há mais de um ano no cargo, apesar das pressões internas, e está perto de ganhar o Brasileiro

MARTÍN FERNANDEZ
DE SÃO PAULO

Fevereiro de 2011. O presidente do Corinthians, Andres Sanchez, recebe em sua sala no Parque São Jorge um grupo de dez pessoas acostumadas a frequentar o clube.

Querem a demissão de Tite, após a eliminação vexatória do clube na Libertadores.

Andres pega o telefone, se certifica do valor da multa rescisória do técnico (que tem contrato até dezembro deste ano) e lança um desafio.

"Cada um de vocês preenche um cheque e pagamos a demissão do Tite. Eu faço o meu cheque e também ajudo, mas o clube não vai pagar."

O grupo se retira da sala frustrado, o treinador fica. O Corinthians chegou à final do Campeonato Paulista (perdeu para o Santos) e está perto de ganhar o Brasileiro.

O episódio diz muitos sobre o dirigente que menos demite técnicos no Brasil.

Desde que assumiu a presidência, em outubro de 2007, o clube teve quatro treinadores. Nelsinho Baptista foi herança da gestão anterior, e deixou o clube ao fim do contrato, não foi demitido.

Mano Menezes chegou logo depois e só saiu para dirigir a seleção brasileira.

Adilson Batista, foi o único treinador a ter sido mandado embora por Andres -muito por causa de falhas de comunicação com os líderes do elenco, como Ronaldo, William e Roberto Carlos.

Há mais de um ano no cargo, Tite balançou várias vezes, mas não caiu por causa da teimosia de Andres, que peitou até seus aliados mais próximos para mantê-lo.

"Ele faz um bom trabalho, é competente, é bem relacionado com todos os jogadores, isso ajuda no dia a dia", comentou o dirigente.

Tite diz que se sente respaldado desde que conversou com Andres no vestiário do estádio do Tolima, palco da tragédia da Libertadores.

Mas Andres reconhece que não segura o técnico apenas porque quer "dar uma sequência de trabalho" a ele.

O dinheiro também conta. "É caro mandar um técnico embora, e fica caro contratar outro", diz. "Porque nunca é uma pessoa só, tem auxiliares, pode sair muito caro."

O contrato de Tite prevê, em caso de demissão, o pagamento de metade do valor a receber até o fim do vínculo.

Em fevereiro, demitir o treinador custaria cerca de R$ 1,5 milhão -dinheiro que Andres quis "rachar" com o grupo de descontentes.

O São Paulo, clube que Andres ama odiar, trocou muito mais vezes de técnico desde que ele assumiu o Corinthians. Emerson Leão é o sexto treinador nesse período, numa lista que teve Adilson Batista, Paulo César Carpegiani, Sergio Baresi, Ricardo Gomes e Muricy Ramalho.

No mesmo período, o Vasco teve dez técnicos. O Santos, oito. Grêmio e Internacional tiveram sete, num rodízio que queimou até ídolos como Renato Gaúcho e Falcão.

A duas rodadas do fim, o Corinthians lidera o Nacional com 67 pontos, contra 65 do Vasco e 62 do Fluminense.

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