Motor - Fábio Seixas

O valor da simplicidade e como isso explica a F-1

BOX 4 de Interlagos. O carro de Vettel à direita, o de Webber à esquerda. Um computador aqui, outro ali. E basicamente é isso.

Box 5. O carro de Hamilton à esquerda, o de Button à direita. No centro, uma bancada de computadores que mais parece cenário de "Star Trek". Pirotecnia, ostentação, painéis com motivos futuristas, aquele desejo de mostrar que ali se faz o futuro.

A Red Bull tem 607 pontos no Mundial de Construtores, que faturou pelo segundo ano consecutivo e com três provas de antecedência. E ainda coroou Vettel bicampeão.

A McLaren soma 482, é a vice-campeã -se alguém comemorou, não vi-, e sua maior ambição no Brasil é assegurar o vice de Pilotos para Button.

Um passeio pelos boxes da última etapa da temporada explica muito o que foi este Mundial.

A Red Bull é antes de tudo uma ferramenta de marketing, tema já abordado algumas vezes aqui. Mas resolveu fazer mais do que apenas expor a marca.

Decidiu fazer bem-feito, direito. E o toque de Midas de Mateschitz, o homem do energético, foi colocar gente do ramo nas posições-chave.

O chefe da equipe, Horner, é sujeito que colocou a mão na graxa, que fez equipes vencedoras na F-3000 e

na GP2. Da estirpe dos velhos garagistas, que trabalha com paixão, por amor pelo esporte. O conselheiro de Masteschitz, Marko, foi piloto dos bons, apesar de ser mais lembrado pela pedrada que partiu do carro de Emerson e o deixou cego de um olho.

Sabem, ambos, que pirotecnia marqueteira não ganha corrida. O box em Interlagos lembra a F-1 de antigamente, mais frugal, menos espalhafatosa. Ali é lugar de trabalho.

As outras confundem as bolas. O resultado está na tabela do campeonato.

F-1

OUTRA CORRIDA

Apesar dos esforços de seu empresário em mostrar otimismo, dificilmente o polonês Robert Kubica voltará à F-1 no início de 2012. Uma pena, pelo talento e pelo caráter do polonês. Mas que abre uma vaga importante. Barrichello é sério candidato. E Bruno admitiu que seu maior adversário pelo segundo carro é Grosjean. Em Interlagos, o paddock pode gerar mais notícia do que a pista.

F-1

EXPERIÊNCIA

Promotores dos GPs de Cingapura, Coreia do Sul, Hungria e Bahrein estão em Interlagos. Se é verdade que a estrutura do circuito paulistano ficou tímida perto da megalomania das novas pistas, também é que, há anos, a corrida é das mais bem organizadas do calendário. Eles vêm em busca de know-how. E, claro, não vão se furtar a pedaços de picanha, fatias de queijo e caipirinhas...