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José Roberto Torero

Imperador x herói

Gols decisivos são como pontas de iceberg. Mas não se pode esquecer do gelo que fica sob a água

Os torcedores corintianos, e, na verdade, todos os outros, amam os gols decisivos. Eles são como resumos de um campeonato. Mas os resumos nunca contam tudo.

Até o fim de seus dias, Basílio terá que tirar montes de fotos se aparecer num restaurante. Ele fez sete gols no Paulista de 1977, entre eles o decisivo na final contra a Ponte Preta. Mas Geraldão é que foi o artilheiro daquele campeonato, marcando nada menos do que 24 tentos. E, um deles, importantíssimo, na vitória por 2 a 1 na semifinal contra o São Paulo. Só que poucos dão o devido valor a Geraldão, o ex-boia-fria que marcou 91 gols pelo Timão e encerrou a carreira aos 40 anos no Garça.

Tupãzinho, um jogador valoroso e esforçado, é lembrado pelo gol contra o São Paulo na final do Brasileiro de 1990. Mas é claro que o título deve-se muito mais a Neto, que foi o maestro, solista e artilheiro da equipe com nove gols.

Agora, outro jogador corintiano está sendo festejado: Adriano. Obviamente, o gol que ele fez contra o Galo foi importante. Mas chamá-lo de salvador, de novo Ronaldo ou mesmo de autor do gol do título será um exagero.

Liedson é que é o cara.

Além de ser o artilheiro do time, com 11 gols, vários foram tão importantes quanto o de Adriano no último domingo, ainda mais num campeonato de pontos corridos.

Duvidais? Provo-vos. Logo na estreia, contra o Grêmio, no Olímpico, o time perdia por 1 a 0. Aos 27min do segundo tempo, Liedson marcaria o gol da virada.

Num emocionante jogo em Ipatinga, o Galo vencia por 2 a 0. Mas Tite fez boas mexidas, e veio a virada por 3 a 2. E o terceiro gol foi de quem? De Liedson, aos 29min do segundo tempo.

Na 22ª rodada, o Corinthians tinha sido ultrapassado pelo São Paulo e precisava vencer o Flamengo para recuperar a ponta. Porém o time carioca marcou primeiro. Só que não contava com a astúcia de Liedson, que marcou os dois gols da virada, aos 17min e aos 43min da etapa final.

E, recentemente, contra o Avaí, lá estava ele de novo, marcando o gol decisivo (2 a 1), aos 32min do segundo tempo.

Todos esses gols transformaram um ponto em três. Ou nenhum em três, no caso do Flamengo.

Ou seja, se não fosse por Liedson, o Corinthians teria hoje nove pontos a menos, já sem chances de ser campeão.

Caso o Corinthians ganhe o Brasileiro, seja de quem for o gol decisivo, creio que Liedson deve ser considerado o herói do título. Com apenas 63 quilos, pouco mais do que a metade de Adriano, este franzino baiano português é quem fez a diferença.

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