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Cidade vai repassar Pacaembu ao setor privado por 30 anos
política Prefeitura de SP quer ceder arena para reforma e modernização com custo de R$ 350 milhões
O estádio do Pacaembu, mais tradicional arena esportiva da cidade de São Paulo, será concedido à iniciativa privada por um prazo de até 30 anos, informou ontem o secretário municipal de Esporte, Celso Jatene (PTB).
A prefeitura abrirá licitação no início do segundo semestre para reforma e administração do estádio. A pasta calcula que a empresa vencedora terá de investir cerca de R$ 350 milhões para transformar o estádio municipal, inaugurado em 1940, em uma "moderna arena multiúso".
Segundo Jatene, a empresa vencedora não terá obrigações financeiras mensais ou anuais com o município.
"Quem gasta R$ 350 milhões para transformar o estádio já faz um grande investimento. Há apenas a determinação que esse parceiro traga uma contrapartida social", disse o secretário.
A ideia do prefeito Fernando Haddad (PT) é que o estádio possa competir com as arenas da cidade em construção, com eventos poliesportivos --UFC, torneios de tênis e outros-- e a volta dos shows.
"Hoje não pode [show], mas vamos nos reunir com Promotoria, Associação Viva Pacaembu, Câmara, judiciário, para formalizarmos um TAC [Termo de Ajustamento de Conduta]", disse Jatene.
A presidente do conselho deliberativo da Associação Viva Pacaembu, Iênides Benfati,que conseguiu na Justiça em 2004 a proibição de shows no estádio, disse desconhecer o projeto da prefeitura.
"Não dá para concordar com aquilo que a gente desconhece. Eles já anunciaram uma licitação sem falar conosco", disse Iênides, que defende o uso do espaço para a prática esportiva comunitária. "A prefeitura só pensa de forma mercantilista. Ele [estádio] é deficitário porque é mal administrado", afirmou.
Segundo Jatene, a contrapartida que a empresa vencedora terá de oferecer refere-se justamente à abertura do estádio para a população.
Deficitário, o estádio corre o risco de virar um elefante branco, já que Corinthians e Palmeiras avançam as obras de suas próprias arenas. A concessão não impedirá, por exemplo, que algum clube se torne parceiro para uso prioritário do estádio.
Em 2012, segundo o secretário, a manutenção do Pacaembu custou R$ 5 milhões, mas a prefeitura só arrecadou R$ 4 milhões com seu uso.
Tombado pelo patrimônio histórico, o Pacaembu não pode ter alterações na fachada. Mas, na parte interna, diz Jatene, até mesmo uma cobertura nas arquibancadas poderá ser implantada.
"Pode-se demolir o tobogã, por exemplo. Não pode é mudar a característica externa, nem da praça Charles Miller. A área poliesportiva, incluindo piscinas e ginásios, também não pode ser alterada", declarou o secretário.
"Será importante definir o futuro do estádio antes da Copa. A obra do estádio não levará menos de 26, 30 meses."