Juca Kfouri

Grito de campeão

Só o corintiano pode gritar hoje. E no domingo que vem? É possível que os dois do Rio possam

A VOZ DE LULA melhorou muito com apenas uma sessão de quimioterapia.

Foi o que constataram os que tiveram com ele para a segunda sessão, além de ouvirem uma história sobre o seu sofrimento corintiano.

Ali pela meia hora de jogo no segundo tempo contra o Galo, o ex-presidente não suportou mais o nervosismo e pediu à ex-primeira dama Marisa que lhe trouxesse uma cigarrilha.

Para sua sorte, no entanto, dois minutos depois, Liedson empatou e ele deu uma acalmada, para expulsar de vez a necessidade do bastonete com o golaço de Adriano, que certamente não sabe do bem que fez à saúde de Lula.

Cada um reage ao seu modo, porque houve também um caso, no mesmo jogo, de um jornalista que havia mais de dez anos não pegava em cigarro e que teve de lançar mão de um para se acalmar depois do jogo e poder escrever sobre a virada.

Felizmente, também, soube que foi o bastante.

Hoje, só mesmo os corintianos poderão terminar a agonia de gritar o grito que está preso -se vencerem o duro jogo contra o Figueirense e o Vasco não passar pelo Fluminense.

Possível, provável, mas incerto, como imprevisível é o resultado do jogaço no Engenhão.

Ungido o campeão neste domingo, para o próximo ficarão apenas as emoções das últimas definições das duas vagas restantes para a Libertadores da América e para o rebaixamento.

Mas nada impede que a última rodada reserve ainda a expectativa do campeão, com dois, ou mesmo três pretendentes.

Com dois, caso o Corinthians não vença em Florianópolis e o Vasco ao menos empate com o Flu -ou caso o tricolor vença o time cruzmaltino.

Com três, caso o alvinegro paulista perca em Santa Catarina e o Flu ganhe no Rio.

Aí, o corintiano dirá que a rodada não serviu para nada, o que será mentira, é claro.

Porque terá servido para manter o Brasileirão indefinido até o fim, prêmio que o campeonato merece fartamente, tão maluco foi a ponto de ver Fred fazer sete gols em dois jogos alucinantes, de ver Felipe comandando o Vasco como um verdadeiro almirante e de Ramírez e Adriano fazerem gols salvadores da pátria corintiana.

O Flu tem assistência médica; o Vasco tem Ricardo Gomes em recuperação, com a torcida do país; o Timão tem um bando de loucos que precisam se tratar e um popularíssimo Lula que não pode fumar.

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