Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Paulo Vinícius Coelho

Famintos

Parece redundante ter de dar motivação a jogadores profissionais. Não é. Quem ganha tudo perde a fome

Autuori já tem clareza de que o péssimo desempenho dos jogadores mais caros do São Paulo é a razão dos resultados ridículos no Brasileirão. Luis Fabiano sai do time hoje, por lesão. Os casos de Lúcio e Ganso são diferentes. Contra o Inter, Autuori escalou Paulo Miranda como volante, para ser o guarda-costas de Lúcio.

Foi pouco. O zagueiro campeão mundial perdeu a bola no campo de ataque na jogada do gol de Leandro Damião. Sem ele, a esperança é de ter um time mais seguro.

Jadson faz o time jogar em alta velocidade. Ganso, não. Pode ser a próxima vítima.

Tirar o máximo desempenho de todos, jovens ou velhos, baratos ou caros, não é missão só do técnico. Os times mais vencedores dos últimos anos têm diretores profissionais remunerados, especialistas no mercado de jogadores e capazes de gerenciar vaidades. O São Paulo tinha a função de superintendente até 2008. Deixou de ter quando Marco Aurélio Cunha saiu do Morumbi.

Não se trata de contratar um milagreiro. A única qualidade essencial a esse tipo de dirigente é falar a verdade. Olhar nos olhos dos artistas e dos pedreiros que habitam o vestiário e contar como e quando vai solucionar os problemas. Dos campeões mais recentes, o Atlético tem Eduardo Maluf, o Fluminense conta com Rodrigo Caetano, o Corinthians com Edu Gaspar.

BATA NA MADEIRA

A quem atribua a origem da crise são-paulina à soberba pelas conquistas repetidas até 2008. Não é isso. Taças seguidas, o São Paulo ganha desde a conclusão do Morumbi, em 1970. O São Paulo nunca mais passou cinco anos sem colocar um troféu em sua galeria.

Apesar disso, a crise depois do tri brasileiro remete a um antigo texto de Alberto Helena Junior, publicado na Placar em 1982: "Bata três vezes na madeira quando seu time for tri", dizia. Lembrava o destino cruel com times que conquistaram três campeonatos seguidos, do Santos de Pelé ao Flamengo de Dida.

O São Paulo não tinha sido tri consecutivo antes do Brasileiro de 2008.

Parece redundante ter de dar motivação a jogadores profissionais. Não é. Quem ganha tudo perde a fome.

O Corinthians cuida disso. Só sete titulares contra o Chelsea iniciam o clássico hoje. Edenílson, Gil, Guilherme e Romarinho estão famintos. "Não sei se ganhar tudo tira motivação. Eu não ganhei nada", disse Renato Augusto após a Recopa.

Émerson sabe que precisa jogar muito para não perder lugar para Pato ou Renato Augusto. No seu dialeto, camarão que dorme a onda leva. O ditado serve como antídoto à doença causada pelo excesso de vitórias.

Corinthians e São Paulo dependem dessa compreensão. O Corinthians, para se manter entre os melhores. Os jogadores mais consagrados do São Paulo, para devolver o time à elite.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página