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Blatter quer ficha limpa só no futuro

FIFA
Proposta de reforma no órgão prevê controle sobre seus dirigentes

DE SÃO PAULO

Relatório da Fifa aponta a necessidade de limitar mandatos de dirigentes, eleger membros independentes para seu Comitê-Executivo e checar a ficha de candidatos a cargos da sua cúpula.

Essas são propostas do comitê independente de governança da entidade, criado para alterar a organização dela após os casos de corrupção.

Mas o relatório do órgão indicou que ele não investigará o passado, o que deve ser feito por outros. As medidas valeriam para o futuro.

"Se você for olhar para o passado, precisaria de polícia ou de um comitê de ética independente", afirmou Mark Pieth, presidente do novo comitê. "Minha resposta é que eu olho para o futuro."

Professor em Direito criminal da Universidade de Basel, ele chefiou o estudo da Fifa. Foi escolhido pelo presidente da entidade, Joseph Blatter, para atender pressões.

E, sim, Pieth olhou para o passado para produzir o relatório. Utilizou como uma das fontes de pesquisa o livro do jornalista Andrew Jennings, odiado pelos cartolas por acusá-los de corrupção.

O professor identificou problemas estruturais na Fifa. O departamento jurídico da entidade é igual ao de uma ONG, embora ela tenha negócios de grande corporação.

Por isso, recomendou medidas anticorrupção, como um Comitê de Ética independente e mais poderoso.

"A Fifa deve considerar introduzir checagens do Comitê de Ética sobre os membros eleitos", diz o relatório. Assim, seriam detalhados os motivos pelos quais os cartolas foram suspensos.

Na organização política, apesar de ressaltar que há um sistema democrático, o documento apontou problemas na relação entre as associações nacionais e a Fifa.

O ponto delicado é o dinheiro enviado pela entidade para filiados aos programas Goal e FAP. O relatório aponta conflito de interesses, porque as entidades dependem desses recursos e são quem elege o presidente.

"A democracia no nível da Fifa não assegura democracia nas raízes das associações", acrescenta o relatório, recomendando o incentivo a reformas nos filiados.

O texto sugere a inclusão de membros independentes no Comitê-Executivo e a limitação de mandatos para todos, além de financiamento da Fifa nas campanhas a presidente da entidade. As propostas devem ser votadas no Congresso da Fifa de 2012.

Mas só valeriam no futuro. Ou seja, se a entidade divulgar de fato o nome de seus dirigentes envolvidos no caso de corrupção da ISL, eles podem não ser punidos mesmo com essas reformas.

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, é apontado pela BBC como um dos acusados de receber propina. Blatter promete revelar os dados sobre o caso no meio deste mês.

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