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Pela 1ª vez, apoio individual ao esporte supera o de empresas
LEI DE INCENTIVO
No ano passado, 1.090 pessoas físicas destinaram Imposto de Renda a projetos
Rodrigo Kikuchi, 36, era nadador do Pinheiros. Três vezes vice brasileiro júnior e juvenil, ele abandonou as piscinas para estudar medicina.
Formado, porém frustrado por ter deixado a natação, Kikuchi agora dá sua retribuição à modalidade. Por meio da Lei de Incentivo Fiscal ao Esporte, destina parte do que deveria pagar de Imposto de Renda a projetos de natação do clube que defendeu.
O ex-nadador integra a lista de 1.090 pessoas físicas que, no ano passado, usaram a lei para fazer doações.
Foi a primeira vez, desde a vigência da lei (2007), que o número de contribuições individuais superou o de pessoas jurídicas (1.077). Em dinheiro, no entanto, o apoio de empresas ainda é bem maior (leia texto ao lado).
Pela lei, empresas podem destinar até 1% de seu IR a projetos esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte. Para as pessoas físicas, o limite é maior, de 6%.
O governo até estuda aumentar a divulgação entre pessoas físicas, dado o sucesso da lei entre elas.
Uma ideia é que moradores de um bairro formem ONGs que fomentem melhorias ligadas ao esporte com a contribuição dos vizinhos.
Por enquanto, o investidor pessoa física ainda enfrenta dificuldades. "Fiz tudo sozinho. Corri atrás de formas de colaborar com o esporte, pesquisei se o Pinheiros tinha projeto e pedi para meu contador aprender os procedimentos", diz Kikuchi.
Um procedimento previsto para o uso da lei é que, em vez de declarar o imposto até abril do ano seguinte, o doador o faça até dezembro do ano do exercício fiscal.
"Para quem é assalariado, o imposto a declarar é previsível. As fontes de renda são as mesmas ano a ano, e as despesas se repetem", afirma Paulo Vieira, coordenador da lei de incentivo no ministério.
Algumas empresas e clubes convenceram frequentadores e funcionários a colaborar com espaços frequentados por eles ou outros projetos. Foi o caso da unidade de Belo Horizonte da Fundação ArcelorMittal e do clube Minas Tênis, também de BH.
Para Kikuchi, a recompensa por contribuir tomou contornos pessoais. Sua filha, Carolina Mie, 8, seguindo os seus passos, começou a competir com a camisa, ou melhor, o maiô, do Pinheiros.
"Os pais gostam que os filhos tenham as oportunidades que não tiveram."