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Inglês que lançou presidente da Fifa diz que Teixeira não vai superá-lo

DO ENVIADO AO RIO
DO RIO

O britânico Patrick Nally, 63, esbanja entusiasmo ao falar sobre a Fifa. Especialmente quando o tema é seu presidente, o suíço Joseph Blatter.

Foi através de Nally que Blatter ocupou o primeiro cargo na Fifa, na década de 70, no setor de patrocínios e desenvolvimento. O britânico atuou como seu mentor.

Nally reconhece que hoje Blatter anda com as próprias pernas. E defende o ex-pupilo dos ataques do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e do jornalista Andrew Jennings, que faz reportagens críticas à administração da Fifa.

"O que o Teixeira fez além de ter sido genro de João Havelange?", diz Nally, suas mãos com gestos enérgicos.

"Em vez de atacar Blatter, ele devia ajudar a posicionar a Fifa no caminho do futuro."

O inglês não acredita que Teixeira possa vencer Blatter na próxima eleição da Fifa. "Ele pode ter feito coisas boas ao Brasil, mas o que fez para ter reconhecimento internacional? Não pode vencer."

Sobre Jennings, o tom de Nally não é menos crítico. "Ele só aponta o lado negativo e, enquanto isso, vende seus livros e enriquece."

Os seus olhos parecem viajar a outro tempo quando sua mente retorna à década 70, após a reeleição de Havelange à presidência da Fifa.

Para continuar no cargo, o brasileiro fizera uma série de promessas para o desenvolvimento do futebol nos continentes africano e asiático.

Havia apenas um problema: a Fifa não contava com fundos suficientes para tocar esse projeto. A entidade era muito diferente do que é hoje -conta com algumas centenas de funcionários.

À época, do secretário-geral à recepcionista, trabalhavam lá, no máximo, dez pessoas. "Pode ser que fosse até menos", declara Nally.

A cúpula da Fifa procurou alguém que fosse um bom relações-públicas, com uma boa imagem, jovem, que pudesse representá-la ao redor do mundo e fosse da Suíça, país da sede da entidade.

Escolheram Blatter, funcionário de uma empresa fabricante de relógios, a Longines.

"Mas... entendia de futebol?", questionou a Folha.

A pergunta pega Nally despreparado. Ele fica desconcertado. Para e afirma: "Essa pergunta é difícil".

Com a insistência da questão, Nally disfarça. "Não era necessário entender de futebol. Tinha muita gente lá [na Fifa] que tomava conta disso. Precisávamos mesmo era de um bom relações-públicas."

"Até hoje, quando nos encontramos, Blatter agradece por algumas lições básicas. Com instrumentos que hoje parecem rudimentares, ensinei-o a fazer apresentações."

A Copa do Mundo, principal evento da Fifa, mudou. Antes um torneio com só um patrocinador, a Coca-Cola, apenas 16 seleções e quatro estádios, o Mundial cresceu.

E, com ele, Blatter. O suíço se tornou a "cara" da Fifa.

O mundo do futebol era diferente então. Os continentes não tinham vários responsáveis como têm hoje. Blatter fez muitas viagens pelo mundo, que o fizeram ficar bastante conhecido no planeta.

Ao ser questionado se está satisfeito com sua contribuição à Fifa, Nally faz, com as mãos, um gesto de "pare".

"Tenho 63 anos, então o livro ainda não terminou. Há algumas coisas que planejo, que Blatter pode fazer nesses últimos anos na Fifa." O britânico tinha um sorriso nos lábios e balançava a cabeça de maneira afirmativa. (EDUARDO OHATA E SÉRGIO RANGEL)

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