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Xico Sá

A pátria em máscaras

No futebol, então, somos o país dos mascarados ao infinito, uma máscara embaixo da outra

Amigo torcedor, amigo secador, não adianta o governo, qualquer governo, querer encobrir a incompetência da polícia com proibições sem sentido. Somos um país em máscaras, e pronto, que me perdoe agora usar a tecla da ironia e do sentido figurado. O Brasil é Bezerros (PE) no domingo de carnaval: todo mundo com a fantasia dos papangus, 200 milhões em ação, a sociedade dos anônimos em jogo.

No futebol, então, somos o país dos mascarados ao infinito, uma máscara embaixo da outra, saias nada justas e anáguas, como vestes herdadas de um monarquismo que não nos deixa nunca ""rei da cocada preta, rei das baterias e, principalmente, rei da coxinha, meu rei.

Tem mascarado tentando chacoalhar o coreto, tem mascarado obedecendo às antigas ordens de Bertold Brecht (1898/1956): "O que é roubar um banco diante de fundar um banco?" Tem mascarado para tudo. Não adianta tentar mascarar a verdade depois de tirar o seu extrato para simples conferência.

Tem mascarado que só se apega ao vago conceito de profissionalismo para cometer injustiças. Como esse cartola do Flamengo, conta o repórter Eduardo Zobaran, no "Esportes" de "O Globo", que deu ordens para barrar o Nunes no Ninho do Urubu, Como assim, indagaria o flamenguista-mor Henfil, melhor, o Ubaldo, o Paranoico, mais paranoico ainda depois que perdeu o acento para essa moléstia chamada reforma ortográfica.

Como assim. O cara tenta explicar que a regra vale para todo mundo. Profissionalismo. Diz que barraria até o Zico. Quanta arrogância. Audácia da pilombeta, como diria o vascaíno Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgino Mufumbo. Essa notícia me deixou triste. Poxa, o Nunes que deu tudo a esse clube. Lá, chamam-no de maluco. Como se sanidade houvesse na cartolagem.

Nem vou falar do Mundial de 1981, caro Nunes. Deveriam agradecer, de joelhos, por tua visita. Nunca conseguiste ficar longe do amor da tua vida. Precisas ver o movimento do Mengo e do mundo. Isso é bonito. O resto é máscara, meu caro sergipano de Cedro de São João, que admiro desde aquele ataque fulminante composto por Fumanchu, tu e Joãozinho, do Santa Cruz, na minha chegada ao meu Recife.

A dor da gente, vez por outra, sai em jornal sim, amado tricolor e xará Buarque. Essa mudança de hábito, colega Zobaran, como anuncia o Flamengo, foi um golpe. Poxa, o Nunes, que indelicadeza, que insensatez, imagina como este homem voltou para casa. Deixassem o bravo e eterno atacante ali num cantinho, vendo os meninos treinarem.

País em máscara. Que briga com o passado. Que não reconhece quem fez muito. Um país novidadeiro, viciado em modinhas, estranho país que vivo e amo, como quem ama uma mulher em quem não confia.

@xicosa


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